A ESFERAS PUBLICO E PRIVADO EM HANNAH ARENDT
Por: amazon22 • 27/7/2017 • Abstract • 3.473 Palavras (14 Páginas) • 395 Visualizações
ESFERAS PUBLICO E PRIVADO EM HANNAH ARENDT
Daniele Alves de Araújo Vale[1]
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar as pesquisas desenvolvidas por Hannah Arendt através das esferas pública e privada. Em “A Condição Humana” Arendt nos traz três temas: o trabalho, a produção e a ação. A autora alemã enquadra no domínio da esfera privada o trabalho (labor) e a produção (work), enquanto a ação está exclusivamente no plano da esfera pública (política). O reino da necessidade é o privado. O reino da liberdade é o público. A ação (política) nunca é equivalente a um trabalho necessário à sobrevivência biológica ou à produção técnica.
Palavras-chave: Privado. Público. Política.
Abstract: This article aims to present the research developed by Hannah Arendt through the public and private spheres. In his book "The Human Condition" Arendt brings us three themes: work, production and action. Arendt falls into the realm of the private sphere, labor and labor, while action is exclusively at the level of the public (political) sphere. The realm of necessity is private. The realm of freedom is the public. Action (political) is never equivalent to a work necessary for biological survival or technical production.
Keywords: Private. Public. Policy.
INTRODUÇÃO
Segundo Hannah Arendt as esferas pública e privada constituem dois âmbitos de existência, onde a vita activa do homem é desenvolvida. Arendt faz um estudo baseado nas sociedades gregas que propunham um sistema baseado na igualdade através de uma relação com a natureza. Arendt também analisa uma questão muito importante para os dias atuais, que é como institucionalizar na política essas ações, com essa questão Hannah chega à conclusão de que a hierarquização do sistema moderno impede que as novas gerações alcancem o poder de atuar no meio público, que é o que incapacita o homem moderno ficar nas relações humanas, que são geralmente coletivos.
É no livro “ A condição humana”, publicado em 1958, que a pensadora alemã dá seguimento à sua linha de raciocínio, emprestando assim, tratamento reflexivo ao crescente problema da situação em que o homem se encontrava nas modernas sociedades de massa.
A Esfera Pública e Privada
Definidas as principais características das atividades humanas (vita activa), Hannah Arendt recorrerá na polis grega com a finalidade de compreender melhor o espaço onde se realizam as atividades.
A vida nas cidade-estado era dividida em dois domínios básicos: de um lado a vida privada, do lar, local das atividades do labor e da fabricação; de ouro a vida pública que se realiza na ágora, praça onde se reuniam os cidadãos para discutir os assuntos de interesse da polis.
No espaço público lados são iguais sem necessidade de comando e violência, o que lhes permite o exercício de sua liberdade e espontaneidade, ou seja, de sua cidadania. Enquanto o produto realizado na vida privada era um artefato ou bem de consume, atividade da vida pública que formava o ser humano.
“Embora a distinção entre o privado e o público coincida com a oposição entre a necessidade e a liberdade, entre a futilidade e a realização e, finalmente, entre a vergonha e a honra, não é de forma alguma verdadeiro que somente o necessário, o fútil e o vergonhoso tenham o seu lugar adequado na esfera privada. ” (Arendt, Hannah. A Condição Humana, p.83).
O entendimento do público e do privado é analisado a partir do conceito de vita activa. Toda a atividade do homem corresponde a uma porção da vita activa, tornando, pois, a ontologia de Hannah como sendo um estudo da “experiência existencial do homem”.
A promoção do social
O social está situado tanto na esfera da participação política, como na esfera privada das relações da casa e da família. Para os gregos, não existia um único conceito social. Arendt destaca um fator primordial para que o social fosse promovido: a esfera pública subordinada aos interesses privados dos indivíduos.
A oposição clássica entre o (Oikos) e a (Polis) foram anulados com a passagem das preocupações da esfera da casa e da família para a política. A esfera privada atual originou-se num contexto em que os cidadãos procuravam afirmar seus direitos privados na esfera pública, nos últimos períodos do império Romano. Em contrapartida, na modernidade, o privado opunha-se a esfera política e social, situado no individualismo.
“... não apenas não concordaríamos com os gregos que uma vida vivida na privatividade do que é próprio ao indivíduo (idion), a parte do mundo comum, é “idiota” por definição, mas tampouco concordaríamos com os romanos, para os quais a privatividade oferecia um refúgio apenas temporário contra os negócios da res pública. (Arendt, Hannah. A Condição Humana, p.47).
“...hoje não nos ocorre, de pronto, esse aspecto de privação quanto empregamos a palavra “privatividade”; e isto, em parte, se deve ao enorme enriquecimento da esfera privada através do moderno individualismo. ” (Arendt, Hannah. A Condição Humana, p.48).
O chefe de família exercia um poder despótico, evitando a desunião e afirmando uma única opinião que detinha o poder comum, até o século XVIII, antes a “falia nuclear” começasse a se desintegrar. O rei adaptou o modelo ao chefe da família a seu favor.
“...antes da moderna desintegração da família, esse interesse comum e essa opinião única eram representados pelo chefe de família, que comandava segundo essa opinião e esse interesse, e evitava uma possível desunião entre os membros de sua casa. ” (Arendt, Hannah. A Condição Humana, p.49).
“... a igualdade dos membros desses grupos, longe de ser uma igualdade entre pares, lembra muito mais a igualdade dos membros da família entre o poder despótico do chefe da casa, exceto que, na sociedade, onde a força natural de um único interesse comum e de uma opinião unânime é tremendamente intensificada pelo próprio peso dos números, o poder exercido por um único homem, representando o interesse e a opinião adequada. ” (Arendt, Hannah. A Condição Humana, p. 50).
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