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A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO

Por:   •  21/9/2020  •  Resenha  •  1.408 Palavras (6 Páginas)  •  164 Visualizações

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Disciplina: Teorias do Desenvolvimento                                 

Atividade: A importância do capital social para a trajetória do desenvolvimento

Quando se fala em sociedade humana, não se pode excluir do campo de análise a interação e socialização dos indivíduos. Isso confere analisarmos o termo capital social que, como define Coleman, são os recursos culturais e sociais desenvolvidos e guardados por uma sociedade de tal maneira que isso a distingue de outras e a torna única no seu modus operandi (Coleman apud Bagnasco, 2001). Ao analisar as diferentes constituições sociais da Itália, Bagnasco (2001) apresenta o motivo da latente diferença entre os resultados alcançados pelos nordeste e sul italianos: o capital social. A maneira de pensar e agir do italiano nordestino possibilitou o desenvolvimento da região sem a necessidade de intervenções estatais, mas somente com a coordenação social regional. O autor também salienta que os fortes incentivos da política italiana para o desenvolvimento do Sul esbarraram na ineficácia de um plano imediatista e semelhante ao que o autor aponta como clientelismo (p.360), além, sobretudo, da falta de capital social – interação e flexibilização efetiva da população da região -  dos sulistas.

É feita, portanto, a análise da sociedade nordestina que, usando do seu capital social, pôde desenvolver-se, pode-se assim inferir que nordeste trabalhou em conjunto e de maneira auto-organizada, em um regime que gozou da do espírito de civismo que, como evidencia David Hume é a cooperação mútua visando o benefício de ambas as partes. (Hume apud Putnam, 2003). No caso nordestino italiano, o civismo residiu no bem fazer das atividades de cada família e negócio visando o desenvolvimento industrial e comercial local.

Putnam (2003) é bastante claro ao afirmar que é necessária uma garantia para que as partes saiam da inércia e uma partir para ajudar a outra: a garantia de que a ajuda será retribuída com ajuda. Assim, as partes só podem entrar em um processo cooperativo, se ambas entenderem que há a segurança de poderem confiar uma na outra para a execução e ajuda mútua. O autor ainda pontua que a latente dificuldade é que as partes não conseguem desenvolver o sentimento de confiança entre si, pois aparentemente não existem elementos punitivos que assegurem o cumprimento da ação. Para resolver isso, Putman cita Hobbes quando este explica que cabe à coerção de um terceiro a fiscalização e garantia do cumprimento do acordo: o estado (Hobbes apud Putnam, 2003). Posteriormente o autor deixa uma coisa clara que vai além da necessidade do estado como mediador único: “O capital social facilita a cooperação espontânea” (Putman, p. 177). Assim, o autor apresenta a importância do capital social e que este pode ser intermédio de cooperações sociais.

Já o conflito, assim como a cooperação, é uma ação que contém mais de uma parte. Acontece quando os indivíduos entram em um embate sobre seus objetivos e/ou ações e quando um parece atrapalhar ou impossibilitar o cumprimento dos deveres do outro. Os conflitos que se estabelecem dentro das sociedades, muitas vezes podem ser resolvidos rapidamente e com possibilidade de entendimento entre as partes, mas fica evidente que para que essa resolução seja alcançada de maneira amigável e sem intermédios. Contudo, assim como no caso da cooperação, a existência de um terceiro ajuda e deixa justo o processo para o fim do conflito.

Também integra as ações coletivas o conceito de compartilhamento que, como fez ver Putman (2003), é a adequação de ações ou objetivos conjuntos entre pessoas. Um exemplo disso é a agricultura familiar; dividem-se tarefas e o objetivo é um só: produção para subsistência e sustento. Assim, os membros da família compartilham do objetivo daquela atividade e, também, podem compartilhar as tarefas entre si.

O autor continua o texto apresentando as instituições para o bom desempenho do desenvolvimento social e cita as associações de crédito rotativo como exemplo nas quais se os indivíduos todos continuarem cumprindo suas obrigações, todos saem ganhando sem prejuízos; este tipo de associação pode sobreviver somente pela confiança que os indivíduos têm uns nos outros e no seu empenho para cooperar com a associação. Dessa forma, a instituição continua funcionando e beneficiando todos os membros, graças ao capital social e a confiança compartilhada entre os membros e no cumprimento dos deveres de cada um.

Essa confiança e ações coletivas abrem espaço para que os autores tratem do conceito de rede social como parte constituinte do capital social, como aponta Putman (1993). Ao tratar de redes sociais, os autores querem tornar claras as estruturas sociais e contatos interpessoais que envolvem os membros de determinadas sociedades. Essa estrutura é parte de fundamental importância para qualquer ser social; de tal maneira, Santos (2003) explica que é por meio da rede de relações sociais que se poderiam resolver problemas e conflitos (p. 27). Dessa forma, quando se analisa o caso italiano citado por Putman (2003) e Bagnasco (2001), vemos que um dos fatores presentes no capital social da sociedade nordestina era a presença de rede social consistente entre os habitantes da região.

 Bagnasco (2001) evidencia que um fator também muito importante para o desenvolvimento do norte e noroeste italiano se deu ao pensamento administrativo social de querer aproveitar a mão de obra e recursos locais, desenvolvendo a economia da região. A intenção de administrar uma empresa para beneficiar a localidade inserida é um fator de desenvolvimento muito mais efetivo que, como o aponta Putman (2003), a má política aplicada ao sul que foi símbolo de ineficácia no longo prazo, enquanto que a governança das empresas do nordeste fez com que a região se desenvolvesse atendendo as demandas que as fábricas e serviços demandavam; o que aconteceu foi que a região teve que se adaptar a realidade e necessidades para aproveitar o desenvolvimento e crescimento econômico da região. Essa postura adotada pelas empresas italianas que ajudaram o nordeste italiano a se desenvolver é chamada gestão social.

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