A INTERPRETAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE UMA MARMITARIA SOB O OLHAR DA DRAMATURGIA SOCIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

ICHS – CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

        

Abenizia Auxiliadora Barros

Vanuza Silva

A INTERPRETAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE UMA MARMITARIA SOB O OLHAR DA DRAMATURGIA SOCIAL

CUIABÁ

2016

Abenizia Auxiliadora Barros

Vanuza Silva

A INTERPRETAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE UMA MARMITARIA SOB O OLHAR DA DRAMATURGIA SOCIAL

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Cuiabá

2016

RESUMO

Este trabalho propõe demonstrar e analisar a partir da teoria da dramaturgia social a relação de interação entre proprietário, funcionários e clientes dentro do espaço físico de uma pequena marmitaria. Trata-se de uma pesquisa qualitativa pautada na observação, com o intuito de compreender a atuação de cada individuo e a forma como tal é determinante na relação social entre as partes. Para essa analise usaremos especificamente três capítulos da obra “A Representação do Eu na Vida Cotidiana” de Erving Goffman, na qual se percebe a relevância e contribuição para uma interpretação e entendimento de como e quanto somos atores nos espaços em que estamos inseridos. Esperamos contribuir e incentivar outras analises mais aprofundadas a respeito do assunto aqui desenvolvido.

Palavras-chaves: Analisar, Relações Sociais, Marmitaria.

INTRODUÇAO

O presente trabalho busca analisar as representações e praticas desenvolvida dentro de uma pequena marmitaria localizada em um bairro periférico de Cuiabá, com o nome: POM POM e o nosso propósito é utilizar a teoria  de Goffman para entendermos como as relações vistas sob as lentes da dramaturgia nos fornece um conteúdo mais apurado do que seria a representação de cada indivíduo dentro de um determinado espaço físico.

Objetivamos aqui repensar alguns apontamentos de Goffman com o propósito de compreender os jogos representativos existentes dentro do ambiente comercial, lembrando que o ser humano deve ser visto em sua complexidade, como influenciador e influenciado pelo meio, embora com muitas peculiaridades marcadas pelas experiências vividas nos diferentes contextos.

Ao discutirmos sobre qual seria o espaço a ser pesquisado decidimos que seria mais fácil trabalharmos com algo mais próximo de nossa realidade e optamos por uma marmitaria, pelo fato de já termos trabalhado nesse ramo, portanto sabíamos que fatos interessantes podem ocorrer em locais como esse, dada  a movimentação intensa e a regularidade dos clientes.

Outra questão que influenciou nossa escolha foi o fato da marmitaria ter um quadro de funcionários bem pequeno, apenas cinco pessoas envolvidas contando com a proprietária, ressaltando que a mesma trabalha tanto quanto qualquer outro funcionário, sendo que há mais duas mulheres e dois homens e apenas eles têm um papel definido no grupo, um fica atendendo na frente enquanto o outro faz as entregas, portanto  facilitou a observação, dada nossa inexperiência relacionada ao trabalho de pesquisa. Vale aqui ressaltar que os nomes citados nesse trabalho com exceção ao de dona Ivone, os demais são fictícios, por acharmos prudente preservar a identidade dos envolvidos.

Os dados utilizados para a elaboração desse trabalho são provenientes, em sua maior parte, da observação feita em dois dias diferentes da semana, que foram escolhidos por nós e sem nenhum critério específico, lembrando que a proprietária do estabelecimento, deixou claro que poderíamos observar o quanto achássemos necessário para desenvolvimento de nosso trabalho, no entanto por falta de tempo observamos uma sexta-feira e um sábado.

Ao procurarmos a proprietária para perguntar a ela se poderíamos usar o seu estabelecimento como palco do nosso objeto de pesquisa, a mesma foi muito solícita em nos dar a permissão, apesar de não entender muito qual era o nosso objetivo e como seria nos ter ali atentas a tudo que acontecia durante todo o dia, porém, procuramos deixar claro que faríamos o possível para não interferir em sua rotina de trabalho, fato que a deixou mais tranqüila.

Na introdução de sua obra, Goffman  analisa que já na primeira interação entre os indivíduo procuramos colher o máximo de informação em relação ao outro a fim de definir de forma clara a situação,ou seja, o que uns esperam dos outros. Porém às vezes o tempo dessa interação é curto  ou o lugar não permite uma interação mais aprofundada, “o indivíduo terá de agir de tal modo que, com ou sem intenção, expresse a si mesmo, e os outros por sua vez terão que ser de algum modo impressionados por ele” (GOFFMAN, 2002 pg. 12).

É pertinente afirmar, que como pessoas comuns não saímos por ai observando a ação e o comportamento dos indivíduos o tempo inteiro, no entanto ficamos surpresas ao perceber que nesses dois dias, observamos um local que nos é peculiar e percebemos algo que jamais ficaria visível se não pela óptica da dramaturgia social, uma vez que nesse contexto em vários momentos experimentamos a sensação de sermos platéia e em outros os de sermos atores com o compromisso de imparcialidade nos relatos de nossa pesquisa.

Devido a nossa inexperiência em produzir trabalhos acadêmicos, optamos por utilizar apenas os principais conceitos apresentados nos três primeiros capítulos da obra de Goffman, com o intuito de uma melhor explanação e aplicação da teoria aqui desejada, sendo que primeiramente discorreremos de alguns fatos que achamos relevante esclarecer, como por exemplo, o nome do espaço em questão e o motivo da escolha do mesmo.

O nome da marmitaria observada segundo dona Ivone, foi derivado de seu apelido que também é pom pom e o mesmo foi dado a ela por seus familiares  e tem relação com o fato da mesma ter sido gordinha durante um período de sua vida, considerando que essa seria uma maneira carinhosa das pessoas a tratarem, não houve duvidas esse seria o nome do seu estabelecimento. Dona Ivone já não pode ser considerada gordinha nos dias atuais, no entanto, a mesma afirma que continua a manter a aparência que segundo ela justifica o apelido, o que nos remete a analise de goffman: “ Quando uma ator assume uma papel social estabelecido ele geralmente reproduzir a fachada já existente, a fim de manter a fachada correspondente”(GOFFMAN, 2002 p. 34).