A LUTA DA MULHER PELA IGUALDADE E RECONHECIMENTO
Por: soliveiramaria • 28/4/2016 • Dissertação • 4.168 Palavras (17 Páginas) • 600 Visualizações
A LUTA DA MULHER PELA IGUALDADE E RECONHECIMENTO
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo relacionar a luta atual da mulher por liberdade em vários sentidos. Partindo da reflexão sobre a importância da luta pela emancipação do ser humano, apresenta uma discussão sobre as lutas femininas no contexto do capitalismo e seu sistema de exploração. Ao expor a exploração da figura feminina no mundo do trabalho e na sociedade em geral, procura-se apontar a forma como a mão de obra feminina é utilizada no capitalismo, partindo da subjugação própria da cultura brasileira patriarcal. A mulher, ainda hoje, trabalha e percebe rendimentos menores que os do homem, sendo ainda pressionada a manter uma postura ditada pelos padrões culturais de uma sociedade machista. Neste sentido busca-se expor esta exploração, trazendo a discussão do papel e do lugar da mulher por meio de uma revisão bibliográfica que focalize as discussões de gênero, as exclusões sexistas, a hierarquização social sexual e o empoderamento social da mulher.
Palavras-Chave. Empoderamento. Movimento Feminista. Gênero. Trabalho.
Introdução
Ao longo das últimas décadas a sociedade brasileira apresentou aspectos positivos quanto ao desenvolvimento social. Os avanços econômicos no país juntamente com o progresso do modo de produção capitalista geraram a intensificação das complexas relações sociais. A população obteve acesso a serviços diversificados ligados aos setores de saúde, educação, habitação, entre outros. Ampliou-se também o número de pessoas ingressantes no mercado de trabalho, bem como se ampliou a inclusão cultural tanto na iniciativa pública como privada conferindo de imediato uma aparência de uma sociedade mais igualitária e preocupada com os direitos dos cidadãos.
A figura feminina teve sua entrada na esfera pública facilitada pelo acesso ao mercado de trabalho, o que foi fruto da própria estrutura do capital em escala global, além de uma efervescência de movimentos sociais em prol da luta contra a desigualdade de gênero.
A entrada feminina no mundo do trabalho – marcada pelo empenho de funções subproletárias, sustentadas por um imaginário social de opressão - é evidente no trabalho parcial, temporário, precário, subcontratado, e terceirizado, marca da sociedade no capitalismo. No capitalismo contemporâneo é visível uma múltipla processualidade, expressa na diminuição da classe operaria tradicional; na significativa expansão do trabalho assalariado, absorvido pelo setor de serviços; na significativa heterogeinização do trabalho, visualizada na incorporação da figura feminina ao mundo do trabalho; além, da subproletarização intensificada no capitalismo avançado (ANTUNES, 1995).
Partindo dessas transformações é possível dizer ser fundamental atentar não somente para as relações entre capital/trabalho, mas também para as relações de exploração opressiva de gênero, que dicotomiza o ser social. Essa separação é expressa pela subjugação da figura feminina, presente na esfera privada e pública (ANTUNES, 1995).
O empoderamento feminino é fundamental para o fortalecimento das lutas de classes, pois possibilita diminuir a fragmentação da classe trabalhadora, fazendo com que seja possível uma emancipação do ser e uma nova organização social, onde o acesso às objetivações humanas não gere desigualdades (SANTOS E OLIVEIRA, 2010).
Assim sendo, este trabalho tem como objetivo relacionar a luta atual da mulher por liberdade de expressão, autonomia financeira, direito reprodutivo, dentre outros com a luta generalizada da emancipação humana, partindo da discussão em torno da luta feminista e a repercussão da mesma nas esferas privada e pública. Expondo a exploração existente da figura feminina em uma sociedade desigual em sua essência, busca-se pontuar como esse modelo econômico utiliza a força de trabalho da mulher, mais barata e disponível para maximização dos lucros, partindo de uma subjugação própria do patriarcalismo presente na cultura brasileira (SANTOS e OLIVEIRA, 2010).
Em nossa organização social a mulher é inferiorizada, às vezes santificada, e, frequentemente, oprimida e violentada em uma sociedade fundada em princípios patriarcais, na qual homens e mulheres constituem-se em uma hierarquia de gênero: o homem visto de forma superior, com maior liberdade sobre seu corpo e assumindo melhores posições na esfera pública, e a mulher inferior a ele, sendo cobrado dela um comportamento exemplar, de boa mãe, que cuida do marido e da casa (ANTUNES, 1995).
Assim, de acordo com Antunes (1995) as desigualdades, longe de serem naturais, são impostas pelas tradições culturais, pelas estruturas de poder e pelas tramas sociais. Nas relações entre homens e mulheres, a desigualdade de gênero é construída e alimentada com freqüência. Sendo assim, gênero se refere às relações homem-mulher.
A desigualdade está presente nas relações sociais dos homens, no acesso diferenciado à saúde, à educação e ao trabalho, seja na discriminação da mulher, que é barrada ainda em algumas esferas sociais e políticas, ou nos desafios enfrentados pelo negro, devido às raízes da escravidão, que ainda trazem para o nosso cotidiano ações preconceituosas. Mesmo após mudanças na própria ordem social, com o avanço da economia, devido ao desenvolvimento dos meios de produção e das novas necessidades do mercado, a mulher ainda não alcançou totalmente uma posição igualitária em relação ao homem. Ela passou a assumir a esfera pública (a esfera da política), participando também do provimento do lar, mas ainda permaneceu subjugada ao ambiente privado, sendo responsabilizada pela boa criação dos filhos e pelo cuidado da casa. Assumindo assim uma dupla função, não alcançando efetivamente a igualdade almejada pelos movimentos sociais vigentes (ANTUNES, 1995).
Com o aumento da desigualdade social e a intensificação da exploração da classe trabalhadora, aprofunda-se a situação de dominação- exploração sobre a mulher. Assim, podemos afirmar que o sistema do capital articula exploração do trabalho com dominação ideológica e se apropria da lógica e valores do sistema patriarcal. (SANTOS; OLIVEIRA, 2010, p. 14)
Hoje, o sistema do capital utiliza o sistema patriarcal, articulando exploração do trabalho e dominação ideológica. A mulher é oprimida e tem seus direitos violados, no âmbito afetivo-sexual sofre dentro de seus lares abusos de suas vontades, e tem a violação pelo Estado dos direitos sexuais e reprodutivos. Não apenas são inferiorizadas nos postos de trabalho, como também nos papéis econômicos e políticos deliberativos. O sistema patriarcal, por dominar e oprimir a mulher acentua as relações de desigualdades de gênero. Ele estrutura-se a partir de quatro mecanismos:
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