A MODA E MEIO AMBIENTE: OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA FABRICAÇÃO DO JEANS NA PERSPECTIVA DE TRABALHADORES DE UMA FÁBRICA DE COSTURA NO OESTE POTIGUAR
Por: jizlayne • 14/5/2022 • Trabalho acadêmico • 6.968 Palavras (28 Páginas) • 139 Visualizações
FONSECA, XAXÁ, MELO (2021) Curso Técnico em Meio Ambiente
MODA E MEIO AMBIENTE: OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA FABRICAÇÃO DO JEANS NA PERSPECTIVA DE TRABALHADORES DE UMA FÁBRICA DE COSTURA NO OESTE POTIGUAR¹
J. V. B. E. DA FONSECA2; L. R. A. XAXÁ 2; N. M. E MELO 3
1. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC);
2. Discente concluinte; 3. Orientador(a).
jizlayne.vitória@ifrn.edu.br; x.aquino@ifrn.edu.br; natalia.melo@ifrn.edu.br
RESUMO
A utilização de roupas pelo ser humano existe desde o período Paleolítico Médio, quando os primeiros humanos usavam peles de animais para se proteger do clima, mas ao longo da história, essa proteção foi ganhando finalidades diferentes, tornando-se sinônimo de estilo, poder e status. A moda está presente em todo o lugar. É uma forma de expressão e identidade, já que na maioria das vezes ela é visual. O jeans, uma peça da moda - considerada atualmente, uma vestimenta democrática, versátil e prática, presente em várias culturas e guarda-roupas ao redor do mundo - foi criado para atender aos trabalhadores da indústria na França e se espalhou pelo mundo. Porém, podemos dizer que seus impactos negativos socioambientais são tão grandes quanto sua fama. Nesse sentido, o presente
trabalho traz reflexões sobre o atual modelo produtivo da indústria da moda na confecção do jeans, abordando os impactos socioambientais por ele causado, na visão de trabalhadores desse setor. É apresentada a responsabilidade do setor produtivo e do consumidor, desde a extração da matéria prima à problemas trabalhistas, para a sustentabilidade que se refere não apenas ao meio ambiente, como também à qualidade de vida e condições dignas de trabalho para aqueles que produzem o jeans. Assim, para alcançar o objetivo desejado, foi realizada uma pesquisa exploratória e de levantamento qualitativa com trabalhadores de uma fábrica de corte e costura de jeans no Oeste Potiguar.
PALAVRAS-CHAVE: Meio ambiente, moda, jeans, impactos.
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FONSECA, XAXÁ, MELO (2021) Curso Técnico em Meio Ambiente
FASHION AND THE ENVIRONMENT: THE SOCIAL AND ENVIRONMENTAL IMPACTS OF THE MANUFACTURING OF JEANS FROM THE PERSPECTIVE OF WORKERS AT A SEWING FACTORY IN WEST POTIGUAR
ABSTRACT
The use of clothing by humans has existed since the Middle Paleolithic period, when the first humans used animal skins to protect themselves from the climate, but throughout history, this protection has gained different purposes, becoming synonymous with style, power and status. Fashion is present everywhere. It is a form of expression and identity, as most of the time it is visual. Jeans, a fashionable piece - currently considered a democratic, versatile and practical garment, present in various cultures and wardrobes around the world - was created to serve industrial workers in France and has spread around the world. However, we can say that its negative social and environmental impacts are as great as its fame. In this sense, the present work brings reflections on the
KEYWORDS: Environment, fashion, jeans, impacts.
current productive model of the fashion industry in the production of jeans, addressing the socio environmental impacts caused by it, in the view of workers in this sector. The responsibility of the productive sector and the consumer is presented, from the extraction of raw material to labor problems, for sustainability that refers not only to the environment, but also to the quality of life and decent working conditions for those who produce jeans. Thus, to achieve the desired objective, an exploratory and qualitative survey was carried out, in which an interview was adopted as a methodological procedure with workers from a jeans sewing factory in the West Potiguar.
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FONSECA, XAXÁ, MELO (2021) Curso Técnico em Meio Ambiente
1 INTRODUÇÃO
A utilização de roupas pelo ser humano existe desde o período Paleolítico Médio, quando os primeiros humanos usavam peles de animais para se proteger do clima, mas ao longo da história, essa proteção foi ganhando finalidades diferentes, tornando-se sinônimo de estilo, poder e status. A moda está presente em todo o lugar. É uma forma de expressão e identidade, já que na maioria das vezes ela é visual.
O jeans, uma peça da moda - considerada atualmente, uma vestimenta democrática, versátil e prática, presente em várias culturas e guarda-roupas ao redor do mundo - foi criado para atender aos trabalhadores da indústria na França e se espalhou pelo mundo. Porém, podemos dizer que seus impactos negativos socioambientais são tão grandes quanto sua fama.
Nesse sentido, diante das poucas pesquisas acadêmicas encontradas a respeito dos impactos que a indústria têxtil produz à natureza e a sociedade, a elaboração dessa pesquisa sobre o tema se justifica.
Para suprir a necessidade de um consumidor conectado, impaciente e ágil, o conceito de fast fashion1surgiu na década de 90. Em uma economia em expansão, alavancada pelo consumo individualista e excessivo, o modelo fast fashion reproduz coleções de grandes marcas de forma, constante, rápida e com baixo custo.
Segundo a revista Forbes, as peças fast fashion são utilizadas menos de cinco vezes e geram 400% mais emissões de carbono do que roupas de marcas slow fashion2, usadas aproximadamente cinquenta vezes (FORBES, 2015). A indústria da moda é responsável por 8% da emissão de gás carbônico na atmosfera, ficando atrás apenas do setor petrolífero. Além do carbono que é emitido no processo de produção, o descarte da indústria têxtil produz um o ciclo de vida curto das coleções, é uma proporção imensa se tratando da escala ambiental, em torno de US$ 500 bilhões são perdidos com o descarte de roupas nos aterros. Para se ter uma ideia, na criação de peças, 25% de tudo que é produzido vira lixo, isso sem falar no seu descarte, onde praticamente nada é reaproveitado, segundo o report da Ellen MacArthur Foundation (FOUNDATION, 2017).
1Fast fashion é uma expressão utilizada pela imprensa para identificar a atualização cada vez mais veloz dos produtos de moda nas grandes redes varejistas. O investimento é na política de produção
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