A Origem do Capitalismo
Por: Joyce D.Silva • 2/7/2019 • Artigo • 1.112 Palavras (5 Páginas) • 194 Visualizações
Para compreender o processo de criação do capitalismo, temos que ter em mente que o que originou esse fenômeno foi uma mudança gradativa nas interações sociais, produção e de compra, a Europa rompe com o feudalismo, e como Marx escreve “A estrutura econômica da sociedade capitalista nasceu da estrutura econômica da sociedade feudal. A decomposição desta liberou elementos para a formação daquela” (MARX, 2013, p. 836).
E é na Inglaterra, considerada berço da revolução capitalista que essas relações são mais marcantes, o camponês é o principal agente para a consolidação desse novo sistema econômico, no mais, analisaremos aqui os argumentos de Ellen Wood (1942 – 2016) a cerca desse processo de transição, especificamente em seu texto As origens agrarias do capitalismo, onde a autora, contesta a corrente historicista de seria o capitalismo um processo natural, que só se sucedeu em decorrência da criação das cidades.
Wood afirma que o capitalismo se originou no campo, e não nas cidades, num processo onde não há rupturas bruscas, mas sim, uma mutação das interações básicas de um indivíduo para com o outro, assim como a interação com a natureza, e é na terra que tem seu desenvolvimento completo.
Haviam duas classes, aqueles que produziam, e os que se apropriavam desse trabalho, numa relação de exploração, onde o trabalho excedente era retirado dos produtores camponeses com uso da força física, poder militar e também impostos, E,Wood introduzir seu argumento, que de nada tem haver o fato da produção ser urbana ou rural, a diferença está na relação já estabelecida entre produtor e apropriador, ai se encontra a distinção de uma sociedade pré-capitalista e capitalista, em suas palavras exatas “No capitalismo, a forma dominante de apropriação do excedente está baseada na expropriação dos produtores diretos, cujo trabalho excedente é apropriado, exclusivamente por meios puramente econômicos” (Ellen Wood, p. 14).Essa relação será regulada pelo mercado.
A dependência do mercado tem papel fundamental nas sociedades capitalistas, não apenas como mecanismo de troca ou distribuição, mas como o determinante e regulador principal da reprodução social, o trabalhador precisa do mercado para vender sua forca de trabalho, o capitalista precisa dele para comprar a forca de trabalho e obter os meios de produção, e também pra obter seu lucro na venda dos seus bens e serviços.
O mercado é o grande regulador da sociedade capitalista, é ele o regulador da reprodução social, ele possibilita a maior lucro, acumulação e competição, assim que o capitalismo expande sua dominação sempre em busca de novos territórios, criando novas necessidades, ele é agente predador que deseja abitar e funcionar em todos os âmbitos sociais, notamos ai que existem uma gama de fatores que levam ao processo de firmamento de uma sociedade capitalista, ela não é produto inevitável, e sim produto final dessas novas interações.
Mas não é na simples relação de comercio que reside a criação do capitalismo, no século XVII a Europa, abrigava um sistema onde as noções de comercio não eram movidas pelas normas do mercado, o camponês não tinha desejo de acumulação, não havia ainda um mercado regulador, os produtos de luxo eram vendidos para as classes dominantes, já os camponeses produziam em casa as itens necessários para sua subsistência, isso preservava sua autonomia e quando haviam excedentes vendiam nos mercados locais, esse comercio não-capitalista andava junto com a exploração não-capitalista, o essencial é entender que tanto os camponeses/proprietários quanto os senhores de terra não dependiam diretamente do mercado para seu sustento, eles já tinham essa relação de expropriação um com outro, logo não eram mediados pelo mercado.
A Inglaterra era singular, uma exceção, a base nacional era a agricultura, nela conseguiram extinguir toda a fragmentação do feudalismo, tinhame rede de estradas,intenso transporte de agua que garantia transporte fluvial, o que a unificava e a tornou a maior cidade da Europa, a classe dominante aliada a monarquia configurava um estado centralizado, num cenário de intensa disputa e forte competição, aqueles agricultores que mais produziam prosperavam e assim seu domínio na terra crescia, na contramão dos que não tinham sucesso perdiam suas terras, se tornavam sem-terra, o comercio acirrou disputas amentou a exploração, fosse a dos outros ou a própria, o capitalismo agrário é visceral, ou você se garante no modo de exploração ou perde sua terra.
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