AS INTERPRETAÇÕES DO BRASIL
Por: Kaleb Viana • 3/12/2017 • Ensaio • 1.072 Palavras (5 Páginas) • 302 Visualizações
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO - CPDOC
CIÊNCIAS SOCIAIS
VINICIUS KALEBE ALVES VIANA
INTERPRETAÇÕES DO BRASIL
VINICIUS KALEBE ALVES VIANA
“Quem descobriu o Brasil” foi o capital
Trabalho d o curso de graduação de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas, para compor média de avaliação da disciplina de Interpretações do Brasil.
Orientadora: Prof.ª. Dr. João Marcelo Maia
“Quem descobriu o Brasil” foi o capital
Buscando dialogar sobre os sentidos da colonização/formação da sociedade brasileira, Caio Prado Jr. sugere que a construção dessa sociedade se dá por uma sucessão de acontecimentos específicos, coordenados e orientados por seus objetivos. Não se trata de objetivos específicos predeterminados, mas do resultado da busca por eles.
Como cita Caio Prado, é preciso voltar três séculos para compreender a colonização. Os países europeus estão desenvolvendo suas atividades marítimas, Portugal é quem sai na frente, mas se trata apenas da “parte de um todo”:
A expansão marítima dos países da Europa, depois do século XV, [...] se origina de simples empresas comerciais levadas a efeito pelos navegadores daqueles países. Deriva do desenvolvimento do comercio continental europeu, que até o século XIV é quase unicamente terrestre e limitado, por via marítima, a uma mesquinha navegação costeira de cabotagem. Como se sabe, a grande rota comercial do mundo europeu que sai do esfacelamento do Império do Ocidente é a que liga por terra o Mediterrâneo ao mar do Norte desde as repúblicas italianas, através dos Alpes, os cantões suíços, os grandes empórios do Reno, até o estuário do rio onde estão as cidades flamengas. No séc. XIV, mercê de uma verdadeira revolução na arte de navegar e nos meios de transporte por mar, outra rota ligará aqueles dois polos do comércio europeu: será a marítima que contorna o continente pelo estreito de Gibraltar. Rota que, subsidiará a princípio, substituirá afinal a primitiva no grande lugar que ela ocupava. O primeiro reflexo desta transformação, a princípio imperceptível, mas que se resolverá profunda e revolucionará todo o equilíbrio europeu, foi deslocar a primazia comercial dos territórios centrais do continente, por onde passava a antiga rota, para aqueles que formam a sua fachada oceânica: a Holanda, a Inglaterra, a Normandia, a Bretanha e a Península. (PRADO Jr. p.21, 1981)
Questionando a lógica do descobrimento, Mc Carol em sua música intitulada “Não foi Cabral”, coloca em cheque o ensino da história do Brasil. O lançamento da música, que tem seu surgimento em um projeto quem estuda temas relacionados a corpo, dança e história, causou grande agitação nas mídias de comunicação, que por sua vez buscaram na academia, análises para compreender os efeitos da obra sobre o assunto.
O funk carioca é um ritmo marginalizado, não é a primeira obra musical que questiona a história ensinada nos livros didáticos, mas de alguma forma repercutiu ganhando e abrindo espaço para discussão.
Mc Carol chama atenção para a questão do descobrimento e diz que era assunto amplamente debatido em sala de aula na disciplina de História. O material didático que propões o ensino da história do Brasil, ainda hoje, passa superficialmente pelas questões de exploração e a própria motivação, que levou, ao descobrimento.
Todos os grandes acontecimentos desta era, que se convencionou com razão chamar de descobrimentos, articulam-se num conjunto que não é senão um capítulo da história do comércio europeu. Tudo que se passa são incidentes da imensa empresa comercial a que se dedicam os países da Europa a partir do séc. XV. (IDEM p.22, 1981)
Prado Jr. Volta nos incidentes do período que antecede a colonização e coloca o descobrimento, não como um objetivo, mas como a consequência de um processo. Tendo como base as ideias expostas em “Os sentidos da colonização” é possível compreender esse processo como algo que se relaciona com o descobrimento, diferente das ideias expressas na música onde Mc Carol diz não ser por acaso. Se a atividade marítima estava sendo desenvolvido, os países europeus buscando riquezas saem oceano a dentro, qualquer que seja seu destino, planejado ou aleatório, a chegada não será por acaso. Não está nas afirmações de Prado Jr. que alguma etapa do processo de colonização tenha sido por acaso, mas não está nos planos de ninguém encontrar o que não se conhece. Assim como o objetivo de embranquecer a “nação”:
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