As Estruturas Elementares do Parentesco
Por: Gabriela Ribeiro • 4/10/2018 • Resenha • 673 Palavras (3 Páginas) • 1.306 Visualizações
As Estruturas Elementares do Parentesco
Maria Gabriela Simplício Ribeiro[1]
LÉVI-STRAUSS, Claude. As Estruturas Elementares do Parentesco (caps. I, II e V), Petrópolis: Vozes,1976.
Claude Lévi-Strauss(1908-2009) foi um grande antropólogo, etnólogo e professor francês. Formado em direito e filosofia na França e produtor de uma vasta obra, Lévi-Strauss foi o criador da antropologia estrutural e um dos maiores pensadores do século XX.
No capítulo 1, o autor busca a distinção entre estado da natureza e estado da sociedade, pois o homem é um ser biológico e ao mesmo tempo um ser cultural, mas onde termina a natureza e começa a cultura? Um método utilizado foi isolar uma criança recém-nascida para analisar os comportamentos psicobiológicos, porém os resultados não são satisfatórios, uma vez que o desenvolvimento da criança só se dá através dos estímulos sociais que recebe, assim não sendo possível distinguir quando a criança age por instinto ou pelo que aprendeu.
Em outras observações, no caso de crianças selvagens, se tem uma comparação entre o animal e o humano (único capaz de ter cultura), o animal mesmo domesticado quando volta ao seu habitat natural recupera seus instintos, porém, o humano não volta a pré-cultura, nem a algo parecido. A experiência com macacos não deu conclusões gerais, pois a vida social destes não se presta a nenhuma formulação de norma, nem algo constante, essa ausência de regras é o que diferencia um processo natural de um processo cultural, ou seja, para achar o limite entre natureza e cultura é preciso achar uma regra geral em todas as culturas: a proibição do incesto.
A proibição do incesto tem caráter universal, porém não se busca qual a combinação de casamentos entre parentes não é proibida, mas em que grupos nenhum tipo de casamento é proibido, o que não existe, pois nem todas as categorias são permitidas. Mas por que o incesto é proibido?
O capítulo 2, apresenta um paradoxo, a proibição do incesto restringe a cultura, mas ao mesmo tempo é a cultura. Os antigos teóricos formularam explicações para a proibição do incesto, uns invocavam somente o caráter natural, outros somente o caráter cultural e alguns o duplo caráter, mas limitando-se a estabelecer uma dualidade superficial entre um e outro. Porém, o problema incesto reside na causa profunda que faz com que todas as sociedades em todos os tempos regulem as relações entre os sexos. A proibição do incesto é o vínculo que une natureza e cultura.
O capítulo 5, trata do princípio da reciprocidade, no qual as trocas realizadas entre as sociedades primitivas mais têm um caráter de dons recíprocos do que de transações benéficas. Toda via, a ideia de receber dons recíprocos não é apenas das sociedades primitivas, por exemplo, na sociedade norte-americana com a troca de presentes no Natal. Participar de um ato individualmente quando este é coletivo é uma forma de incesto social.
A relação entre o incesto e o dom reciproco é justamente a reprovação pelo consumo individual e unilateral de certos bens, ou seja, tanto a exogamia quanto o incesto têm um caráter reciproco, pois se um pai, irmão ou primo saem do grupo para casar com mulheres de outro grupo é porque renunciaram a mãe, a filha, a irmã ou a prima. As trocas entre os grupos é um importante meio de relações e propagação da cultura.
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