Concepção De Saúde-doença E O Cuidado Em Saúde
Monografias: Concepção De Saúde-doença E O Cuidado Em Saúde. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lawi • 18/9/2014 • 1.421 Palavras (6 Páginas) • 621 Visualizações
Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde
O Capítulo 1 da Parte I compreende a abordagem dos aspectos teóricos
conceituais de dois tópicos fundamentais, que estão intimamente interligados
para a compreensão do campo da saúde: o primeiro se refere
às concepções de saúde-doença e do cuidado em saúde; o segundo diz
respeito à determinação social da doença.
Este capítulo tem por objetivo apresentar as diferentes concepções
sobre saúde-doença e cuidado, de forma a relacionar as necessidades
em saúde com base nas características de uma população em um dado
território; caracterizar a relação entre o processo saúde-doença e as
dinâmicas existentes de cuidado relativo à organização das ações e serviços
de saúde e as redes sociais de apoio; e tratar dos diferentes determinantes
sociais do processo saúde-doença com base nas características
de uma dada população.
Modelos explicativos do processo de
saúde, doença e cuidado
Este assunto no qual estamos nos debruçando se faz presente desde a Antiguidade. Além disso, vamos nos reportar aos modelos para apontar diferentes
concepções que se complementam, buscando indicar, sempre
que possível, os avanços e as limitações explicativas referentes a cada
um deles. De qualquer forma, esse panorama histórico vai ajudá-lo a
entender proximidades e disparidades com as concepções de saúde,
doença e cuidado da atualidade.
Modelo mágico-religioso ou xamanístico
A visão mágico-religiosa sobre a saúde e a doença e sobre como cuidar era a pedominante na Antiguidade. O adoecer era concebido como resultante
de transgressões de natureza individual e coletiva, sendo requeridos, para reatar
o enlace com as divindades, processos liderados pelos sacerdotes, feiticeiros ou
xamãs (Herzlich, 2004). As relações com o mundo natural se baseavam em uma cosmologia que envolvia deuses e espíritos bons e maus, e a religião, nesse caso, era o ponto de partida para a compreensão do mundo e de como organizar o cuidado.
Modelo holístico
As medicinas hindu e chinesa, traziam uma nova forma de compreensão da doença. A saúde era entendida como o equilíbrio entre os elementos e humores que compõem o organismo humano. Um desequilíbrio desses elementos permitiria o aparecimento da doença.
Modelo empírico-racional (hipocrático)
A explicação empírico-racional tem seus primórdios no Egito (3000 a.C.).
A tentativa dos primeiros filósofos (século VI a.C.) era encontrar explicações
não sobrenaturais para as origens do universo e da vida, bem como
para a saúde e a doença. Saúde, na concepção hipocrática, é fruto do equilíbrio dos humores; a doença é resultante do desequilíbrio deles, e o cuidado depende de uma
compreensão desses desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio.
Modelo de medicina científica ocidental
O modelo de medicina científica ocidental ou biomédica, predominante na atualidade, tem suas raízes vinculadas ao contexto do Renascimento e de toda a Revolução Artístico-Cultural, que ocorreram a partir do século XVI.
O conceito biomédico da doença é definido como desajuste ou falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto, processo que conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, de um sistema ou de todo o organismo ou de suas funções vitais (Jenicek; Cléroux, 1982 apud Herzlich, 2004).
Modelo sistêmico
No final da década de 1970 começou a ganhar força a concepção deste como um processo sistêmico que parte do conceito de sistema.
O sistema, neste caso, é entendido como “um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos” (Roberts, 1978 apud Almeida Filho; Rouquayrol, 2002).
Segundo essa concepção, a estrutura geral de um problema de saúde é entendida como uma função sistêmica, na qual cada vez que um dos seus componentes sofre alguma alteração, esta repercute e atinge as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio.
Modelo da História Natural das Doenças
A busca por explicações causais do processo saúde-doença resultou na configuração da História Natural das Doenças (HND. Os principais sistematizadores desse modelo foram Leavell e Clark, no ano de 1976, quando definiram história natural da doença como o conjunto de processos interativos que cria o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar, passando da resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte (Leavell; Clark, 1976 apud Almeida Filho; Rouquayrol, 2002).
O modelo da HND visa ao acompanhamento do processo saúde-doença em sua regularidade, compreendendo as inter-relações do agente causador da doença, do hospedeiro da doença e do meio ambiente e o processo de desenvolvimento de uma doença. Esta forma de sistematização ajuda a compreender os diferentes métodos de prevenção e controle das doenças.
O sistema de história natural das doenças apresenta uma dimensão basicamente qualitativa de todo o ciclo, dividindo em dois momentos sequenciais o desenvolvimento do processo saúde-doença: o pré-patogênico e o patogênico.
O período pré-patogênico permite ações de promoção da saúde e a proteção específica, enquanto
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