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FICHAMENTO DO TEXTO “JOÃO GOULARD E A CRISE DE 1964 NO TRAÇO DA CARICATURA”, DE RODRIGO PATTO SÁ MOTTA

Por:   •  30/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  616 Palavras (3 Páginas)  •  455 Visualizações

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O autor inicia sua obra apresentando algumas considerações sobre o golpe de 1964 e como João Goulard foi “derrubado” do poder. Um dos principais apontamentos do texto é mostrar que esse período é marcado por interesses heterogêneos, de grupos distintos, o que torna o tema ainda mais complexo. Sentimentos como medo e esperança, palavras como revolução e anticomunismo, faziam parte dos elementos dessa sociedade.

Partindo dessa premissa, estudar caricaturas se torna importante (e interessante) para “compreender como as polêmicas do contexto foram vistas pelos contemporâneos”. Entendendo as especificidades desse gênero iconográfico, principalmente o que consiste em provocar no leitor o humor e a comocidade, as mesmas são uma ferramenta eficaz para “sintetizar ideias e argumentos que faziam parte do debate político”.

Sendo assim, Motta buscou analisar como Jango foi representado nas caricaturas dos jornais da época, tanto nos jornais “opositores” (como por exemplo, Tribuna da Imprensa, O Estado de São Paulo, Maquis, Jornal do Brasil, Correio da Manhã e O Globo) quanto os quais era simpáticos ao governo (Última Hora e Novos Rumos). Vale ressaltar que na imprensa de esquerda as caricaturas eram, em sua maioria, destinadas aos reacionários, os militares de direita (os gorilas), ao Estados Unidos e a Carlos Lacerda.

Entretanto, mesmo com as diferenças políticas, em um aspecto, tanto a direita com a esquerda possui uma critica comum á João Goulard: sua falta de definição política clara, o que fazia o mesmo ser representado com um sujeito ser firmeza política e indeciso ideologicamente.

Além disto, Jango era representado nas caricaturas como um homem calvo, com traços de um certo retraimento e timidez, associados a amabilidade, sempre sorrindo e olhando para o chão, senão com olhos fechados. Sobre esse fator, o autor aponta que

“Essa personalidade tímida, que alguns consideram fruto de modéstia, combinava-se com malicia política e talento para negociação. Dessa malicia atribuída a Goulard derivavam muitos dos ataques que recebeu, parte deles retratando-o como homem sem escrúpulos na busca de seus objetivos. Podemos notar aqui a presença de um paradoxo nas representações caricaturais de Jango. Ora ele era representado como ingênuo e trapalhão, político incapaz de conduzir o pais em meio a crise tão grave, fazendo o papel de tolo e joguete nas mão das forças superiores, ora criticavam por ser malicioso e ardiloso.”

Sua suposta “esperteza” ainda indicava que estava se apoiando nos comunistas para se manter no poder, uma vez que uma parcela da sociedade o enxergava como um “ditador em potencial”, principalmente por ter sido herdeiro de Getúlio Vargas. E nisto reside um dos maiores conflitos da época, pensar que da mesma forma como Goulard poderia estar utilizando os comunistas para se manter no poder, estes poderiam estar utilizando o presidente para depois implantar seu projeto e ascender no poder.

É importante destacar ainda que os adversários não visualizam a possibilidade de Jango realmente buscar realizar reformas sociais e que o comunismo traria grandes problemas para o Brasil. Mais que isso, acreditavam que Goulard era influenciado, uma peça na mão de outros lideres mundiais.

Em 1964, quando o presidente definiu-se por uma opção à esquerda, a crise, intensificada pelo erros cometido no episódio

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