Condição Da Mulher Na História
Artigo: Condição Da Mulher Na História. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: luzinetegomes • 7/3/2014 • 1.699 Palavras (7 Páginas) • 299 Visualizações
Condição da Mulher na História
Período de silêncio e enclausuramento.
“Que a mulher conserve o seu silêncio” (Apóstolo Paulo)
A historiadora Andrée Michel afirmou que “a história das mulheres é antes de tudo a história da instalação de sua repressão e da ocultação ”. Segundo ela não há nesse fenômeno, acaso, e nem ciência neutra. Este pensamento vai de encontro ao de Simone de Beauvoir (1980) que, com sua célebre frase: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, revelou o pensamento que defenderá em sua obra, de que o papel de coadjuvante da mulher em relação ao homem é uma construção social e não fator biológico ou psíquico. Tanto é cultural que, antes da cultura instituir-se, ou seja, entre 6.000 e 3.000 a.C., período que compreende o neolítico médio, a revolução técnica decorrentes da descoberta de novas fontes de energia como atração animal e a energia gerada pelas águas e pelo vento, de novas técnicas de produção e ferramentas como o arado, o moinho de vento, e o barco à vela, passou a substituir a mulher como agente de produção agrícola, e o status dessa passa sofrer profundas modificações que se perpetuarão por milênios. Mas qual era a condição da mulher no paleolítico, antes das mudanças acontecidas no neolítico médio? O tema é controverso, muitos pensadores dizem não haver provas suficientes da existência de uma época dominada por matriarcado. Michel chamou a atenção para o fato de serem os referenciais mais antigos nos estudos científicos, também um produto histórico, cujo olhar está comprometido com uma visão de mundo que ratifica mulher como coadjuvante do homem na história, ela diz: “Num mundo em que o poder é masculino, a condição da mulher, quando não ocultada, é descrita por historiadores, etnólogos, sociólogos, de forma androcentrica”. O paleolítico durou milênios e é um dos mais desconhecidos da história. Estudos feitos a partir de sinais encontrados em cavernas e estatuetas de osso e de pedra, levaram os cientistas a delinear essa sociedade como pacífica não foram encontrados indícios de guerra, embora esses povos já utilizassem armas para caçar. Homens e mulheres participavam de forma equivalente da caça e da coleta, não havia propriedade privada e nem cumulação ou exploração de um sexo pelo outro. Os primeiros signos parietais encontrados nas cavernas datam de 30.000 a. C. e eram signos sexuais femininos e masculinos, mas as únicas estatuetas, em pedra ou marfim, são representações femininas, mulheres com seus atributos destacados, seios fartos, ventre bem desenvolvido. Estes indícios levam a crer que, nessas sociedades, a mulher tinha papel de destaque. Michel (1982, p. 15), relata que aproximadamente 10.000 a.C., a mulher teve papel preponderante na mudança do paleolítico para o neolítico. O clima foi o gatilho que desencadeou essa revolução, a escassez da caça e a aridez do solo, fez com que surgisse a agricultura de enxada. Vários estudiosos entre eles E. Bouding (1982) atribuem à mulher essa invenção, a partir da observação dos ciclos de germinação e produção dos cereais, e outras invenções como a fiação e a tecelagem, as primeiras cerâmicas, a criação de mós de pedra para triturar os grãos. O estatuto da mulher no neolítico é elevado, e as estatuetas femininas, primeiras divindades, em argila, eram chamadas “deusas mães”, e seu poder vinham da associação entre a mulher e a terra fecunda. Com o neolítico médio, o estatuto da mulher passa a sofrer modificações, como já citamos anteriormente, os avanços e descobertas desse período fizeram com que a mulher fosse substituída como força de trabalho, a enxada substituída pelo arado o que ocasionou o excedente de alimentos e, consequentemente, o sedentarismo e a explosão demográfica. Surgem nesse período a propriedade privada e a cumulação de bens, bem como os burgos, embriões das futuras cidades. Na sociedade estatal, baseada na escravidão, rompeu-se o equilíbrio entre o homem e a natureza e inaugurou-se uma nova forma de divisão do trabalho. Os espaços comunitários passam a ser palcos de antagonismo de classes onde variados grupos como artesãos, sacerdotes, militares, passaram a viver a serviço dos mais ricos. As necrópoles indicam o grau bélico dessa sociedade, foram encontradas fossas coletivas com corpos crivados de flechas, o homem agora “agricultor” e “sedentário”, já não tolera a extensão das florestas e nem “rebanhos pastando em seus campos de trigo”. Enfraqueceu-se a base ideológica do matriarcado com o reconhecimento da participação masculina na procriação. A “deusa-Mãe” que durante muito tempo foi o único objeto de veneração foi atribuída um parceiro macho que, inicialmente, lhe era subordinado, mas depois igual e, finalmente, soberano, o “pai do céu”. No seio da nova religião, o patriarcado, está à repressão e o entendimento da mulher como ser de segunda classe. Uma forma de solidificar a imobilidade social da mulher ocorre por meio da clausura. Nos séculos VI e VII às mulheres era vetado o direito ao episcopado, mesmo assim, elas ajudaram a construírem mosteiros, que era a instituição detentora do monopólio da educação. No século VIII um decreto do imperador Carlos Mágno proibiu que meninos fossem instruídos em mosteiros, o que fez com que nos séculos subsequentes as mulheres tivessem um grau de instrução maior que os homens e, consequentemente, voltassem a gozar de uma liberdade esquecida, pois podiam gerir negócios, além de herdar propriedades. Entre os séculos VIII e IX as mulheres conseguem resgatar a autonomia, isso aconteceu em diferentes lugares do mundo, por exemplo, no Islã, as mulheres tinham papel social de destaque e lecionavam nas universidades, em Roma, a imperatriz Teodora e sua filha controlavam o papado, em Bizâncio, as rainhas eram conhecidas por sua instrução, às mulheres eram numerosas nas universidades e exerciam profissões liberais. A imagem convencional da exclusão da mulher, só viria a nascer após o século XII, com reformas promovidas pela igreja. Os conventos deixam de ser local de fomento da educação, a hierarquia da igreja constrói universidades anexas às catedrais, cujo acesso era vetado a moças que continuavam a ter uma educação precária nos conventos. A defasagem na educação entre homens e mulheres tirou-as do mercado de trabalho e no século XIV o poder e a cultura já não estão mais ao seu alcance. Fortalecida com a exclusão das mulheres dos cargos de poder, a igreja uniu-se a uma nova classe, produto das cidades engendradas
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