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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

Por:   •  20/4/2021  •  Artigo  •  1.268 Palavras (6 Páginas)  •  192 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA– CAMPUS I - SALVADOR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
Programa de Pós-Graduação em Estudos Territoriais – PROET
Disciplina: Gestão e Mapeamento de riscos ambientais – Prof. Dr. Sirius Souza. Discente: Jaqueline Lima Amorim

EXERCÍCIO 01

No litoral da Austrália milhares de turistas e moradores foram obrigados a fugirem no dia 02 de janeiro deste ano, devido a incêndios florestais que tomaram conta da região. Alimentados por altas temperaturas e fortes ventos, mais de 200 focos de incêndio foram encontrados nos estados de Nova Gales do Sul e Victoria, levando as autoridades locais pedirem o êxodo da população, declarando que as temperaturas iriam subir acima de 40ºC, no final de semana seguinte.

A saída em massa da comunidade dos dois estados se constituiu um dos maiores movimentos de emergência da história do país. Ao menos 8 pessoas foram mortas e 18 consideradas como desaparecidas, 4.000 moradores e visitantes ficaram presos na praia durante três dias, esperando o navio de resgate da Marinha. Cinco helicópteros militares viajaram o país levando suprimentos para os bombeiros locais os quais resgataram feridos, idosos e jovens. O país recebeu também, em forma de apoio, 100 bombeiros dos EUA e Canadá. Nessas cidades, os supermercados foram esvaziados, as pessoas buscavam estocar suprimentos básicos, e cumprindo a ordem de evacuar, os moradores não encontraram combustível na maioria dos postos, lotando os que ainda restavam. A falta de energia atingiu mais de 50 mil pessoas, e algumas cidade ficaram sem água potável. Nesses dias, os incêndios florestais destruíram mais se 4 milhões de hectares de área florestal e mais de 1000 casas. Sendo a seca dos últimos três anos apontada como principal causadora dos incêndios sem precedentes, pelo primeiro ministro Scott Marrison (Folha de São Paulo, 2020).

Diante dessa notícia podemos perceber a presença constante do risco ao meio ambiente, provocada por causas naturais e agravada pelo homem, e risco aqui pode ser entendido como a probabilidade de que um evento, esperado ou não esperado, se torne realidade.  “O risco é, pois, função da natureza do perigo, acessibilidade ou via de contato (potencial de exposição), características da população exposta (receptores), probabilidade de ocorrência e magnitude das consequências” (Amaro, 2005, p.8). Admitindo a probabilidade como o mecanismo de funcionamento do risco, pois a ideia de que algo pode vir a ocorrer, já então configura um risco.

Outro ponto a ser analisado nessa ocorrência é a suscetibilidade, e essa é “o quão provável um determinado fenômeno pode ocorrer independente dos fatores sociais, mas tendo a sociedade como elemento de interferência que acelera ou retarda. ” (Girão, 2018). Dentro dessa perspectiva, o semiárido é suscetível às secas, as planícies de inundação e as áreas de elevação topográfica aos movimentos de massa. A ação humana atua como ferramenta de modificação da dinâmica natural, acelerando-a ou retardando-a. Considerando que a instabilidade do meio pode existir independente do uso humano, refletimos que o uso e ocupação antrópica é capaz de acentuar e gerar maior suscetibilidade e o consequente risco.

E neste caso, as autoridades locais evacuaram as cidades pois avistaram a ameaça potencial para as pessoas e seus bens, portanto o perigo. Perigo é uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte, assim, perigo é uma ou mais condições, físicas ou químicas, com potencial para causar danos às pessoas, à propriedade, ao meio ambiente ou à combinação desses (Sanders e McCormick, 1993; CETESB, 2007).

Desse modo, perigo representa uma propriedade, um evento ou uma situação com o potencial de causar mal. Pois, um perigo pode ser um agente químico, biológico ou físico, um evento ameaçador, ou uma característica do sistema que represente um potencial de acidente. Um perigo é uma fonte de risco que não significa risco por si só e que não necessariamente produz risco. Ela produz risco somente se há um caminho de exposição e se a exposição cria a possibilidade de consequências adversas (Viana, 2010). Portanto, as pessoas nesses dois estados australianos estavam sujeitas a danos à integridade física, perdas materiais e patrimoniais.

Assim, podemos dizer que as pessoas nessa situação estavam vulneráveis e suscetíveis ao risco sendo as características sociais e/ou as condições físico-naturais, as variáveis (fatores) para determinação e mensuração dessa vulnerabilidade. Vulnerabilidade é entendida como sendo a condição ou característica que expõe o sujeito ao risco de ocorrência do evento indesejado (desastre, catástrofe, acidente, doença, degradação etc.), tornando-o suscetível. Em outras palavras, alguém está em condição de vulnerabilidade enquanto algo é suficientemente suscetível à onipresença do risco. A dimensão da interferência (efeito, que por sua entendemos ser o evento socioeconômico, sinistro, desastroso ou catastrófico) vai depender da estrutura socionatural do afetado, bem como da intensidade e características do perigo (Zanella, 2013).

A fim de mitigar a vulnerabilidade indivíduos manifestavam ações para adaptação e recuperação sendo está a resiliência, dado que essa é a capacidade de um sistema lidar, tanto ao nível individual como coletivo, com as mudanças e continuar o processo de desenvolvimento. Relaciona-se com a possibilidade de alteração derivada de um choque ou distúrbio, que poderá ser uma crise financeira ou uma alteração ambiental, e como tal pode gerar uma estratégia de adaptação e funcionamento inovadora. Por outro lado, como o ser humano e o território estão intimamente interligados, a resiliência deve ser entendida como a resposta dos sistemas sócio-ecológicos às plenas manifestações dos riscos (Moberg. s/d).

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