Da inclusão à evasão escolar: o papel da motivação no ensino médio
Por: Mayra Chomski • 23/4/2019 • Trabalho acadêmico • 1.160 Palavras (5 Páginas) • 259 Visualizações
Resenha do artigo: Da inclusão à evasão escolar: o papel da motivação no ensino médio
O artigo “Da inclusão à evasão escolar: o papel da motivação no ensino médio” tem como propósito realizar uma reflexão acerca dos processos de inclusão e evasão escolar no Ensino Médio brasileiro, com enfoque ao tema da motivação por ser um ponto crucial para a permanência e participação de todos nas escolas, o autor Marcelo Simões Mendes utiliza acadêmicos da área para explicar partindo do postulado da motivação ter um papel significativo na vida do aluno.
Antes de entrar de fato no ponto da motivação, o autor julga como essencial e necessária realizar a diferenciação entre os termos evasão escolar e abandono escolar, pois sem realizar essas diferenciações podemos cometer erros severos para identificar os problemas e resolve-los. Se o aluno não consegue finalizar o ano letivo por excesso de faltas, ocorre o abandono escolar e consequentemente irá repetir por faltas. Porém, se no ano seguinte o aluno não se matricular na escola, quer dizer que houve evasão escolar. Portanto, os conceitos são distintos e se referem a períodos escolares diferentes. Feita a diferenciação, podemos focar no objetivo do artigo, que se refere aos casos dos alunos que não estão matriculados em nenhuma escola, por motivos que o autor discorre durante o texto.
No ambiente escolar contemporâneo, a discussão sobre inclusão sempre esteve presente. Primeiro na questão da inclusão das crianças com necessidades especiais, que por motivos de infraestrutura estavam impossibilitadas de frequentar o ambiente escolar, e o marco desta discussão se deu através da Declaração de Salamanca após 1994, uma resolução das Nações Unidas que tratou e traçou políticas e práticas importantes na educação especial no mundo todo. Após esta resolução, o foco da inclusão deu uma guinada para a necessidade de todas as crianças, sejam elas com deficiência ou não; ricas ou pobres, pois a “inclusão escolar deve contemplar todas as crianças e jovens com necessidades educativas” (Simões, 2013).
Neste ponto de sua análise, o autor abre nossos olhos para a problemática da inclusão, utilizando autores como Mittler (2003) que alertam que ao invés incluir de forma efetiva, pode-se acabar excluindo-o cada vez mais. Argumenta que mesmo com uma boa intenção de querer dar atenção especial aos alunos com dificuldade de aprendizagem e os separando, isso pode se transformar em uma maneira de segregação, onde os que sabem ficam de um lado e os que não do outro. Medidas como essa podem gerar uma desmotivação nos alunos. Mittler defende uma mudança no currículo escolar, pois só assim poderia incluir verdadeiramente. O autor aborda a dicotomia entre exclusão e inclusão, e chega a conclusão de que os dois conceitos são extremamente generalizadores para um problema tão grave que acaba fazendo parte da identidade dos alunos, já que uma vez que entram no sistema são classificados como incluídos e excluídos. Nesse sentido, a partir da teoria de que a educação inclusiva possui a generalização como um de seus princípios, a escola inclusiva deve ter propostas que consigam atender a todos os alunos, independente de sua classe, gênero e cor. Essa atenção a todos é fundamental para não gerar o que o autor usa como um tipo de objeto de seu estudo, a motivação, ou melhor, a falta dela, a desmotivação.
A desmotivação no espaço escolar é gerada por diversos motivos, aqui podemos abordar dois, como o bullying e a falta de estrutura. O primeiro graças a campanhas mundiais, hoje em dia há muita discussão sobre como combater, mas essas situações de bullying acontecem se caracterizam por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Já as estruturas escolares podem relacionar com toda a escola em si, desde os materiais disponíveis até as pessoas que lá estão. Ao não ter a estrutura necessária para lecionar, os professores ficam desmotivados em sala de aula, gerando uma bola de neve de descaso, onde quando o aluno percebe que não é ouvido e nem visto, acaba achando outros lugares que poderá ser notado e valorizado. Tanto o bullying quanto a deficiência estrutural não motivam as pessoas que fazem parte da comunidade escolar a permanecer no local, isso acaba gerando a evasão escolar.
Efetivamente, como podemos ver, o processo de inclusão gera efeitos diretos na motivação dos alunos, pois a motivação é aquilo que move uma pessoa e a faz entrar em ação. O autor explica que motivação tem sido entendida ora como um fator psicológico, ou conjunto de fatores, ora como um processo. Onde a queda da motivação leva a um declínio no investimento pessoal para realizar as tarefas de aprendizagem com qualidade, o que impossibilita a formação de indivíduos mais competentes para exercerem a cidadania e se realizarem como pessoas.
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