Ensaio Teórico: “Sobre a questão Judaica- MARX, Karl.”
Por: Wilson Enes • 16/11/2023 • Ensaio • 1.198 Palavras (5 Páginas) • 59 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS- UFMG.FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS -FACE.PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO/ PPGA.
Disciplina: Teoria das Organizações- Turma: Única. Professor: Dr. Alexandre Carrieri.
Aluno: Wilson Machado Enes- Ensaio teórico: “Sobre a questão Judaica- MARX, Karl.”
Considerações:
A obra de Marx é uma resposta direita a dois artigos de Bruno Bauer – A questão judaica e A capacidade dos atuais judeus e cristãos se tornarem livres. Marx ataca as teses principais de Bauer nos dois textos.
No primeiro texto Bauer diz que os judeus não podem exigir igualdade em relação aos cristãos porque os judeus desejarem a cidadania é incompatível não só com o judaísmo, mas com a religião em geral. Bauer fala que o caráter universal do cidadão é contrário ao caráter particular da religiosidade. O autor chega até a exemplificar seu raciocínio: “pode ser obrigatório ao cidadão comparecer a comarca de deputados em um sábado e isso é incompatível com a obrigação religiosa dos judeus, que segundo seus preceitos devem descansar em um sábado”. Em resumo, Bauer se posiciona no sentido de que o Estado Moderno, a Sociedade Moderna e a Cidadania Moderna são compatíveis apenas com o ateísmo. O Estado Moderno tem que ser ateu.
Marx então, começa a refutar Bauer remetendo o terreno religioso ao terreno sócio político e questiona qual o tipo de emancipação está a se tratar? Marx enfatiza a discussão e faz a divisão entre emancipação política e emancipação Humana. Vejamos:
A emancipação política corresponde a Sociedade Moderna e ao Estado Moderno, o que Bauer defende e acredita que a religião contradiz estes dois elementos.
Então Marx coloca a questão da emancipação política onde Bauer ao defender os judeus ao reivindicarem esta emancipação contradiz a religião? Marx afirma que não tomando os Estados Unidos da América como exemplo, explicitando que com a emancipação política a religião se torna um assunto privado. A vida moderna é caracterizada pela separação entre o Estado e a Sociedade Burguesa. Importante destacarmos aqui que a classe burguesa não remete apenas a Burguesia, mas a sociedade civil como um todo.
Segundo Marx o que caracteriza a emancipação política é que o Estado se ergue acima dos elementos da vida civil como esfera separada deles e oposta a eles. Os componentes da vida civil se movimentam de forma relativamente livre em relação ao Estado; a vida política se separou dele e com isso propriedade, família e religião se tornam assuntos privados. A religião é plenamente compatível com o Estado moderno e vai para o campo do privado. A separação entre o público e o privado deixa de um lado o Estado e do outro do Sociedade burguesa. Ainda conforme Marx essa é a essência da emancipação política.
Marx ainda afirma que na vida individual, no cotidiano das pessoas há uma espécie de vida dupla :Todo mundo na Sociedade Moderna é de um lado burguês e de um lado cidadão.
O burguês se caracteriza por um indivíduo atualizado, que se separou da vida comunitária, que aparece como um indivíduo mais concreto, mais real por estar mais próximo da vida cotidiana dos indivíduos, uma espécie de individuo real. Do outro lado o cidadão aparece de forma mais abstrata. Como Marx afirma que a vida comunitária se separou da vida concreta do indivíduo a vida comunitária se coloca como uma espécie de ilusão. Para Marx essa é a essência da emancipação política, o que interessa não é especificamente o indivíduo religioso e a relação do indivíduo com o Estado, mas a relação do entre o Estado e os elementos da sociedade burguesa.
No tocante a emancipação humana, Marx fundamenta que ela apenas se dará de forma plena e realizada quando o homem individual real tiver recuperado para si o cidadão abstrato e se tornado ente genérico na qualidade do homem individual na sua vida empírica, no seu trabalho individual e nas suas relações individuais, havendo o reconhecimento e organização de suas forças próprias com as forças sociais, através da força política. Marx defende que a emancipação humana vai além da emancipação política, que suprime o Estado quanto à sociedade burguesa.
Já no segundo texto de Bauer, Marx tira a questão do campo religioso e remete ao campo sócio- político. A emancipação não se daria a partir da religião. A investigação para a emancipação não se daria através da religião, mas sim da sociedade que compõe a religião. Falar de judaísmo e cristianismo seria entender a sociedade burguesa.Marx então, dá os primeiros passos para compreensão dos elementos que compõem a sociedade burguesa. Marx busca a anatomia da sociedade burguesa, buscando a origem da religião na sociedade burguesa compreendendo as características da sociedade burguesa, ainda que de forma limitada , pois nesse texto, Marx não teve um contato mis profundo com a economia política. Marx limita-se neste texto a falar em dinheiro, definindo o mesmo como uma potência estranha ou alienada. O dinheiro na visão de Marx aparece como uma potência exterior ao ser humano exterior ao processo da produção humana, sem o qual não se consegue ter acesso à riqueza humana.
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