Escola De Chicago

Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Disciplina de Sociologia Urbana e Ecologia Humana

Prof. Dr. Mário A. Eufrásio

PAPER REFERÊNTE À PARTE TEÓRICA DO CURSO

Pedro Henrique G. de O. Ribeiro.

N° USP: 5423071

São Paulo,

30 de Julho de 2007

1- Introdução

A Escola de Chicago se configurou como tal, por ter um programa de estudos e de pesquisa que pode ser considerado como tal por ter uma linha; uma metodologia; uma abordagem; fontes teóricas e um enfoque de objetos sociológicos semelhantes.

No tocante às formulações teóricas desta escola, destaca-se a influência do darwinismo social; principalmente dos conceitos de ‘teia da vida’ e competição da ‘luta pela existência’. A afirmação de que partem estes teóricos vem dos ecólogos. É a afirmação de que, no mundo natural, todos os seres estariam ligados em uma relação interdependente (na teia da vida, como disse Darwin); sendo que existiria uma forma de interação básica nesta relação interdependente; que seria a competição pela existência. Esta competição daria unidade ao mundo natural.

Desta forma, a Escola de Chicago passa a desenvolver tais conceitos no mundo humano; no mundo da sociedade; aplicando e cunhando o termo ‘Ecologia Humana’; no qual o controle moral (ou social) da competição está presente. No âmbito social, não existe, segundo estes autores, apenas competição ilimitada; mas esta seria base para outras formas de interação conscientes (como, por exemplo, acomodação, conflito e assimilação).

Com efeito, a sociedade exerceria formas de controle sobre a competição. É por esta tentativa de analisar as interações humanas como interdependentes e interligadas como no mundo natural que a teoria ganhou o nome de Ecologia Humana. Além disso, devido ao fato destes autores se importarem com as interações humanas (que se passam no mundo cultural) é que sua teoria também foi chamada, muitas vezes, de ‘interacionismo simbólico’. Portanto, temos, aqui, a base teórica das interações humanas através do projeto de pesquisa da ecologia humana.

Com a influencia do reformism social e da premissa de que a sociologia trata da ordem moral, que seria superior à da competição ilimitada do mundo natural, temos que estes teóricos também se preocuparam com os problemas sociais urbanos. Com efeito, eles abordaram estes problemas a partir do plano teórico da ecologia humana.

A necessidade de pesquisar os grandes centros urbanos se deu com o advento das rápidas e intensas mudanças advindas do crescente aumento da industrialização e urbanização. A modernidade se centrou no espaço da cidade. Assim, os problemas advindos nesse espaço se tornaram o foco de seus estudos.

Olhando para a cidade, os teóricos da Escola de Chicago, influenciados pelo interesse pela reforma social, pelo melhorismo e pela atribuição da sociologia à ordem moral da vida; colocavam a ordem social (sociedade) em um patamar no qual a competição livre seria mitigada, visando não a destruição dos fracos, mas sim sua proteção. Assim, seus estudos das cidades focam-se nos problemas que ela gera, principalmente no tocante aos desvios (muitas vezes morais, como o da delinqüência, o da prostituição, o do crime organizado ou o do vício) além dos problemas sociais materiais de parcas condições de vida. O modo como esta abordagem foi o fio condutor para o estudo da cidade pode ser encontrada na obra de Park na forma de um programa para o estudo das cidades.

Estes problemas foram estudados através do embasamento teórico das formas de interação com base na ecologia humana que bebeu na fonte da ecologia do mundo natural (biológico) e do evolucionismo darwinista. É essa a principal abordagem dos teóricos desta Escola nos problemas urbanos.

Portanto, o presente trabalho visa evidenciar como estes teóricos trabalharam as questões urbanas e como os temas da ecologia humana, do crescimento e estrutura física das cidades, do controle social (moral) dos costumes, mores e tradição; além das formas de interação estão ligados em torno de um projeto (programa) de estudos que envolve teoria, método e enfoque de objeto; dando às pesquisas e aos teóricos do Departamento de Sociologia de Chicago o caráter de Escola de Pensamento. Ou seja, como estes elementos teóricos fundaram a Escola de Chicago como tal.

2 -Ecologia Humana: a base teórica e o fio condutor das pesquisas

Para entendermos o que é a ecologia humana, se mostra elucidativo o caminho percorrido por Robert Park em seu texto Ecologia Humana . Primeiramente, o autor se refere às inter-relações e ajustamentos no reino da natureza e os conceitos de evolução e luta pela existência que foram abordados pela teoria darwinista. Com efeito, uma premissa basilar dessa teoria é a da ‘teia da vida’, que postula a ligação dos seres vivos individualmente num ‘vasto sistema de vidas entrelaçadas e interdependentes’; especialmente em um habitat comum.

Através dessa teia complexa de inter-relações entre os seres vivos em competição pela luta da sobrevivência seria possível a ‘divisão de trabalho’ entre os animais. Esse fenômeno seria o que daria coesão e controle mútuo para a existência da sociedade biótica. O estudo da inter-relação entre as espécies (ou do funcionamento da ‘teia da vida’, em outras palavras) foi denominado de ecologia.

A teia da vida em suas inter-relações se dá através de uma unidade; através de comunidades que tem um sistema de funcionamento. Uma comunidade é aqui entendida como uma população “territorialmente organizada, mais ou menos completamente enraizada no solo em que ocupa, com suas unidades individuais vivendo em relação de interdependência mútua que é antes simbiótica do que social”

Logo, a competição pela sobrevivência funcionaria como mecanismo para