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Estado, Homem, Natureza. 4 ed. Belém: Cultural Brasil, 2019. 384p.

Por:   •  29/9/2023  •  Resenha  •  1.366 Palavras (6 Páginas)  •  83 Visualizações

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LOUREIRO, Violeta Refkalesfsky. Amazônia: estado, homem, natureza. 4 ed. Belém: Cultural Brasil, 2019. 384p.

A obra Amazônia: Estado, Homem, Natureza pretende levar o leitor a reflexão em torno da falácia do “desenvolvimento” para a região Amazônica. Vista como um vazio demográfico, a região vem sendo palco de violência e políticas impositivas que buscam domesticar e subjugar o modo de vida local. A modernização imposta a região, privilegiou o viés econômico em detrimento do social e ambiental, como consequência, a Amazônia sofre com intensos conflitos e devastação ambiental sem precedentes.  Ao fazer o recorte pontuando o estado do Pará, Loureiro apresenta como o desenraizamento do homem amazônico de seu modo de vida para as cidades, contribuíram para o agravamento das problemáticas sociais e do antagonismo entre as classes.

No Capítulo I As bases da estrutura produtiva anterior à ocupação recente, a autora faz uma abordagem história explicando como o homem amazônico, que era livre, possuía uma estreita relação com os rios, terras e as florestas, vai gradativamente sofrendo com a imposição dos sistemas econômicos que passaram a determinar o modo de vida na Região. A rusticidade de suas ferramentas, a temporalidade própria de quem conhece o movimento das águas e florestas, passa a dar lugar a uma dinâmica de produção cada vez mais predatória em nome de uma “modernidade as avessa”.

Ao citar a borracha, por exemplo, a autora apresenta uma nova dinâmica social que passa a existir na região, novos atores são incorporados ao cenário amazônico. As populações locais que antes desfrutavam da liberdade de seus territórios, passam gradativamente a perder suas terras, seu modo de vida e sua liberdade, tornando-se subalternizados pelos novos donos da Amazônia.

O Estado, em nome de um desenvolvimento forçado, passa a fatiar as terras e conceder sua titulação a elite local, grupos econômicos nacionais e, posteriormente, até grupos estrangeiros, os quais tornaram-se senhores de incalculável patrimônio socioambiental. As ações do Estado refletiram no processo de exploração das famílias e de intensos conflitos sociais que passaram a existir.

No capítulo II O avanço do capital da Amazônia e o fracasso do projeto desenvolvimentista regional, o foco central é apresentar como as políticas de desenvolvimento pensada somente pelo viés econômico, não foram exitosas e tiveram forte rebatimento na vida da população. A partir da década de 1960, o governo brasileiro intensifica as políticas de alavancamento da economia no cenário mundial, ações como expansão da indústria e a modernização tecnológica da agricultura, passam a fazer parte da realidade brasileira de modo a tornarem o país cada vez mais atrativo para o capital internacional.

Em meio a necessidade de modernização do país, a Amazônia passou a ser vista como um entrave para o desenvolvimento. Argumentos relacionados a segurança nacional e principalmente argumentos voltados para a economia, foram predominantes para que o Estado passassem a impor políticas predatórias e que não consideravam o modo de vida local.  

O Estado passa a criar mecanismos jurídicos como decretos e leis que legitimavam as contradições entre a realidade amazônica e as ações desenvolvimentistas proposta para a região. Ações políticas e administrativa tornaram-se recorrentes, como criação de grandes projetos de modo a converter as terras em mercadoria super valorizada. Contudo, esse desenvolvimento não correu de forma linear, ficando a riqueza concentrada nas mãos de grupos de fora da região e para a população restou somente os problemas sociais e ambientais.

O capítulo III intitulado, Terra no passado ou, de como a cobra-grande se transformou em navio iluminado e desapareceu na noite escura dos anos 70/80, apresenta as consequências das ações do Estado em relação à regularização fundiária da região. Pautado no discurso de desenvolvimento e interesse nacional, as terras da Amazônia são negociadas a preços baixos e com diversos benefícios ficais e econômico para assegurar a regulação fundiária aos empresários que adquiriam as terras de forma irregular.

A interferência das novas políticas sobre o modo de vida das populações refletiu para o homem da amazônia a perda de seus laços com a terra e consequentemente de sua identidade cultural. Sua relação com os rios e matas, passa a ser interrompido por uma nova dinâmica econômica e o isolamento anterior passa a dar espaço a um processo de intensa exclusão.

As famílias cujas terras foram passadas de geração a geração, tornam-se estranhas em suas propriedades e obrigadas a retirar-se. Os conflitos tornam-se inevitáveis e passam a torna parte do cotidiano social do homem da Amazônia. Um cenário contraditório passa a ser desenhado na região, de um lado famílias que lutam para manter seu modo de vida em suas terras e de outro a ideologia do progresso baseada no interesse nacional. O que nas palavras de Loureiro “O progresso, esperado durante 20 anos, já não era o grande e magico navio iluminado. Como no mito amazônico, apagaram as luzes e sumiram na noite escura” (188).

O quarto capítulo versa sobre “Os conflitos de Terra’, as políticas de ocupação na Amazônia tiveram forte rebatimento na vida das comunidades locais. O Estado, por meio de políticas de concessão de terras, a venda ilegal de terras, grilagem, expulsão de famílias de suas terras e as políticas de incentivos fiscais, tornou a região um campo fecundo para conflitos agrários.

O em fretamento das classes subalternizadas contra os representantes do grande capital tornaram-se constante e violentas. Estes conflitos expressam a indignação e a consciência de classe dessa população, que luta pela melhoria de suas condições de vida. O Estado, através de suas instituições (fundiária, política e de justiça), fechou os olhos e omitiu-se dos conflitos que passaram a surgir em toda a região. O Pará tornou-se um dos estados com elevados números de conflitos, refletindo em uma triste e negativa experiência de colonização dirigida, delegada pelo Estado a empresas privadas.

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