FENÔMENOS LACUNARES: AS MANIFESTAÇÕES DO INCONSCIENTE
Por: Célio Júnior • 11/10/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 876 Palavras (4 Páginas) • 2.314 Visualizações
FENÔMENOS LACUNARES: AS MANIFESTAÇÕES DO INCONSCIENTE
Flávia Costa Tótoli
Freud nos diz que o caminho do inconsciente está nas lacunas das manifestações conscientes. Os fenômenos lacunares são indicadores da verdade do inconsciente, da sua existência. É através deles que percebemos a existência de algo para além da consciência. É através dos fenômenos lacunares que o inconsciente se manifesta. Lacan chama essas manifestações de formações do inconsciente. São elas: O Ato Falho, o Chiste, o Lapso, o Sonho e os Sintomas.
- ATO FALHO
O ato falho é uma forma que o conteúdo inconsciente encontra de acesso à consciência, através das lacunas da manifestação consciente.
Ato Falho - ato pelo qual o sujeito, a despeito de si mesmo, substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevistas.
Sigmund Freud foi o primeiro, a partir de A interpretação dos sonhos, a atribuir uma verdadeira significação ao ato falho, mostrando que é preciso relaciona-lo aos motivos inconscientes de quem os comete. O ato falho ou acidental torna-se equivalente ao sintoma, na medida em que é um compromisso entre a interação consciente do sujeito e seu desejo inconsciente.
Foi em 1901, em A psicopatologia da vida cotidiana, que Freud deu, com grande senso de humor, seus melhores exemplos de atos falhos, tais como esta: num jantar conjugal, a mulher se engana e, em vez da mostarda pedida pelo marido, coloca junto ao assado um frasco do qual costuma servir-se para tratar de suas dores de estômago.
Jacques Lacan, considerado um dos melhores comentadores de Freud, em 1953, em seu texto Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise, dá a seguinte definição de ato falho: “Quanto à Psicopatologia da vida cotidiana, outro campo consagrado por uma outra obra de Freud, está claro que o ato falho é um discurso bem sucedido, ou até espirituosamente formulado (...)”.
- CHISTE
Para Freud, o chiste é uma expressão do inconsciente identificável em todos os indivíduos. Ao contrário do sonho, que é a expressão da realização de um desejo e de uma evitação do desprazer, o chiste é produtor de prazer. O chiste é um dito ou uma tirada espirituosa por parte do sujeito direcionado a outro e produtor de prazer para o sujeito que o enuncia. Por exemplo: Uma psicóloga recém chegada para trabalhar em um Centro de Internação de Adolescente, vai conhecer seus futuros pacientes em suas alas quando um se dirige a ela: “Olha doutora, que dia você vai começar a me atender? Tenho certeza de que você será uma BOA psicóloga”. E sai rindo.
O prazer produzido pela enunciação do chiste diz de algo do inconsciente do sujeito que o enuncia, do mesmo modo como os outros fenômenos lacunares.
- LAPSO
Lapso – termo latino utilizado na retórica para designar um erro cometido por inadvertência, quer na fala (lapsus linguae), quer na escrita (lapsus calami), e que consiste em colocar uma outra palavra no lugar da que se pretendia dizer.
Com respeito a esses tipos de erros, Sigmund Freud foi o primeiro a mostrar que eles têm uma significação oculta e devem ser relacionados com as motivações inconscientes de quem os comete. É o caso da mulher que conta que seu marido, enfermo, não está sujeito a nenhum regime: Ele pode comer e beber tudo o que EU quiser.
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