Fetichismo de Mercadoria em Marx
Por: Alexsander Bubniak • 27/9/2018 • Artigo • 1.298 Palavras (6 Páginas) • 206 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS
Alexsander H. A. Bubniak
O fetichismo da mercadoria e sua atualidade
Curitiba
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS
Alexsander H. A. Bubniak
O fetichismo da mercadoria e sua atualidade
Trabalho apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Tópicos especiais em sociologia IV do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná – UFPR.
Prof. Dr. Maria Tarcisa Silva Bega
Curitiba
2018
O Capital é um conjunto de livros escrito por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) onde os autores analisam o sistema capitalista em geral, desde a produção de uma mercadoria até o conceito de acumulação primitiva de capital, sendo o primeiro livro de 1867 o qual utilizo para este trabalho. Dentro do livro O Capital encontram-se inúmeros conceitos sendo o fetichismo da mercadoria o foco deste trabalho.
De acordo com o método de Marx, é o primeiro pensador a interpretar a economia política através do método dialético, para se pensar o social deve-se primeiro percorrer o caminho do abstrato até o concreto. Por isso Marx, no primeiro capítulo fala sobre a mercadoria, analisando o aspecto mais geral da sociedade capitalista, para ele, é preciso entender o mais simples para posteriormente entender o mais complexo, por isso a ideia de fetichismo encontra-se ao final do primeiro capítulo.
Na grande indústria, o trabalho acabou ficando extremamente fragmentado, cada trabalhador faz um pouco da mercadoria e há um conjunto de diversos ramos industriais para produzir um único produto, por exemplo, alguns trabalhadores são responsáveis pela obtenção da matéria-prima, em outro momento temos os trabalhadores que refinam a matéria-prima já coletada, posteriormente temos os trabalhadores que operam as máquinas que modificam e dão forma matéria-prima, etc. Marx chamou esse fenômeno de trabalho socializado. Essa divisão do trabalho fragmentada acaba gerando um trabalhador que não se reconhece no fruto do seu trabalho, o que Marx denomina como alienação. Antes dessa forma de trabalho fragmentado, o trabalhador produzia tudo, desde a obtenção da matéria-prima até a comercialização da mesma.
Para Marx, a mercadoria é tudo aquilo que tem o poder de satisfazer alguma necessidade humana. O valor de troca de uma mercadoria seria dado pelo tanto de trabalho humano empregado na mesma, mas ele acaba notando que, a mercadoria quando finalizada não estava mantendo seu valor real de venda. A mercadoria estava adquirindo um valor irreal como se não fosse fruto do trabalho humano, Marx está dizendo que a mercadoria parecia perder sua relação com o trabalho e ganhava vida própria. Marx denomina esse fenômeno como um fetiche da mercadoria.
O caráter social dos demais trabalhos existentes só se concretiza através da troca: cada produtor (capitalista) produz com o intuito de trocar no mercado, ou seja, quando tal capitalista produz para satisfazer necessidades alheias, ele mesmo está buscando satisfazer suas próprias necessidades. Por exemplo, um produtor de ferro precisa de novas peças de roupa para se vestir. Para ter sua necessidade saciada ele vende seu produto no mercado e em troca, adquire as peças de vestuário que necessitava. Por enquanto nenhuma novidade, este é o princípio básico de todo processo de troca. Porém, este ferro que foi utilizado para adquirir mercadorias de seu interesse acaba sendo empregado nos meios de produção e nos meios de trabalho dos fabricantes de roupas que ele irá comprar. Estes produtores, ao venderem produtos para o primeiro produtor, buscarão outros produtos de outros produtores e assim por diante, fazendo com que haja uma cooperação entre demais produtores.
No sistema capitalista, tal relação entre demais produtores através de suas mercadorias não ocorre. Há uma outra relação entre os produtores, e ela se dá por um equivalente geral capaz de nivelar todos os produtos de trabalhos particulares: o dinheiro. Se o produtor de ferro citado à cima se encontrar diretamente com o fabricante de roupas, o caráter essencial da troca se manteria. Eles trocariam x de ferro por y de roupagem. Mas, a partir do momento em que há um intermediador (o dinheiro) nesse processo de troca, o caráter social por trás das produções de ferro e roupa acaba sendo ocultado, daí as trocas aparecem como uma relação entre coisas e não uma relação social entre homens.
Quanto maior a extensão da divisão internacional do trabalho, mais oculto o caráter das relações sociais por de trás das mercadorias, e, consequentemente, maior seu caráter fetichista. Tudo o que se vende em um supermercado ou shopping sob a forma de mercadoria acaba ocultando as relações sociais por trás das mesmas. Cada vez mais as mercadorias parecem ter vida própria, dotadas de poderes e magias que, quando adquiridas, passariam para as mãos daqueles que as compram. Para Marx, o fetichismo das mercadorias adquire a mesma lógica da religião. Os deuses, criados pelos homens, com propriedades e características humanas passam a dominar seus crentes como se tivessem uma existência autônoma. Um dos efeitos do caráter fetichista da mercadoria (e que sustenta a atualidade do conceito) é explorado pela publicidade e pela propaganda, que investem pesado no aspecto sobrenatural da mercadoria. Grande parte da lógica de estimular o consumo é, exatamente, persuadir o consumidor de que, ao adquirir determinada mercadoria, ele será especial, mais feliz, conquistará mais objetivos, etc. Como se, por um feitiço, ele fosse capaz de incorporar as “propriedades mágicas” do que está comprando, como se essas propriedades decorressem da própria natureza da mercadoria.
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