Fichamento- YOUNG, Iris Marion. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova [online]. 2006, n.67, pp.139-190
Por: Layla Aparecida • 17/6/2019 • Resenha • 2.939 Palavras (12 Páginas) • 674 Visualizações
Fichamento de CIS 123-Ciência Política III
Discente: Layla Aparecida Pereira Matrícula: 88028
- Indicação bibliográfica
YOUNG, Iris Marion. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova [online]. 2006, n.67, pp.139-190
2. Resumo
O presente trabalho de Marion Iris Young discute acerca da dificuldade nas quais os regimes democráticos de diversos países passam para desenvolver políticas inclusivas, que contribuem para a representação de “grupos estruturalmente desfavorecidos” como ela mesma diz, na política, em termos de identidade, perspectivas e opiniões.
Posteriormente, veremos a partir de citações de sua obra como Young descreve esse processo, lembrando que este trabalho é destinado à disciplina de Política III e que as pautas aqui levantadas serão debatidas e salientadas em sala de aula.
3. Citações – transcrições significativas do texto.
Poucos defensores de um modelo de democracia deliberativo ou comunicativo afirmariam que ele se aplica primordialmente a situações em que as pessoas estão mutuamente presentes num mesmo espaço e por uma determinada ocasião para se defrontar e falar diretamente. (YOUNG, 2006. p. 139)
[...] esses defensores geralmente acabam por representar o processo de comunicação democrática como centrado em algum espaço onde os participantes estão mutuamente presentes. (YOUNG, 2006.p. 139)
[...] teorizar a democracia como um processo de comunicação que visa chegar a decisões não condiz suficientemente com a necessidade de conceitualizar a democracia descentralizada das grandes sociedades de massa. (YOUNG, 2006. p.140)
As pessoas muitas vezes reclamam que os grupos sociais dos quais fazem parte ou com os quais têm afinidade não são devidamente representados nos organismos influentes de discussões e tomadas de decisão, tais como legislaturas, comissões e conselhos, assim como nas respectivas coberturas dos meios de comunicação. Essas demandas evidenciam que numa sociedade ampla e com muitas questões complexas os representantes formais e informais canalizam a influência que as pessoas podem exercer. (YOUNG, 2006. p. 140)
Por essas razões, muitas propostas recentes de maior inclusão política nos processos democráticos defendem medidas que propiciem maior representação dos grupos sub-representados, especialmente quando esses grupos são minorias ou estão sujeitos a desigualdades estruturais. (YOUNG, 2006. p. 140)
[...] a representação especial de grupos são alvo de muitas objeções... Segundo essa objeção, a idéia de representação especial assume que um grupo de mulheres, ou de afro-americanos, de maoris, de muçulmanos, de pessoas surdas, tem um conjunto de atributos e interesses comuns que pode ser representado, o que na maioria das vezes não seria verdadeiro. (YOUNG, 2006. p. 141)
Assim, o processo unificador requerido pela representação de grupos buscaria congelar relações fluidas numa identidade unificada, o que pode recriar exclusões opressiva³ (YOUNG, 2006. p. 142)
Muitos dos discursos sobre a representação assumem implicitamente que a pessoa que representa se põe numa relação de substituição ou identidade com os muitos representados, que ele ou ela está presente por eles em sua ausência. (YOUNG, 2006. p. 142)
Muitas objeções às práticas da representação específica de grupos estruturalmente desfavorecidos derivam da suposição de que eles não têm um conjunto de interesses ou opiniões comuns. A partir de certos pressupostos acerca do posicionamento estrutural e da compreensão situada, argumento que estar posicionado similarmente no campo social gera uma perspectiva social cuja inclusão na discussão pública pode ser promovida por processos de representação de grupos. (YOUNG, 2006. p. 143)
uma democracia forte deve conter em seu repertório procedimental institutos de democracia direta, tais como o do plebiscito. Além disso, uma sociedade é mais plenamente democrática quanto mais possui fóruns patrocinados pelo Estado e fomentados pela sociedade civil para discussões sobre políticas, e pelos menos alguns deles devem influenciar procedimentalmente as decisões governamentais. (YOUNG, 2006.p. 144)
A representação é necessária porque a rede da vida social moderna freqüentemente vincula a ação de pessoas e instituições num determinado local a processos que se dão em muitos outros locais e instituições. (YOUNG, 2006. p. 144)
As instituições e a cultura de algumas democracias representativas de fato desestimulam os cidadãos a participar das discussões e decisões políticas. Pode-se argumentar, porém, que nesse caso elas não são propriamente representativas, pois em tais circunstâncias os representantes têm uma relação muito fraca com seus eleitores. Sob os ideais normativos da democracia comunicativa, as instituições representativas não se contrapõem à participação cidadã; antes, requerem-na para ser eficazes. (YOUNG, 2006. p. 145-146)
Os críticos da representação a rejeitam porque as instituições representativas separam o povo do poder: aqueles que fazem as regras não são idênticos a todos aqueles que são obrigados a segui-las. (YOUNG, 2006. p. 146)
Nessa imagem da democracia, os representantes só poderiam expressar devidamente a “vontade do povo” se estivessem presentes por seus eleitores e agissem como estes agiriam. Nessa imagem, o representante substitui os eleitores, pondo-se com eles numa relação de identidade. Os críticos da representação corretamente observam que não é possível a uma pessoa apresentar-se no lugar de muitas outras para falar e agir como essas o fariam se estivessem presentes. (YOUNG, 2006. p. 147)
Em vez disso, é preciso conceber a discussão e a deliberação democráticas como processos mediados e dispersos ao longo do espaço e do tempo. A representação política não deve ser pensada como uma relação de identidade ou substituição, mas como um processo que envolve uma relação mediada dos eleitores entre si e com um representante. (YOUNG, 2006. p. 148)
Apoio-me no conceito de différance de Derrida para formular uma outra noção de representação... [...] Conceitualizar a representação em termos de différance significa reconhecer e afirmar que há uma diferença, uma separação entre o representante e os representados. (YOUNG, 2006. p. 148-149)
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