Fichamento do Texto: O Reflexo das Relações de Gênero no Cotidiano da Violência Sexual Intrafamiliar.
Por: Marcos Paulo Magalhães • 26/3/2023 • Resenha • 1.502 Palavras (7 Páginas) • 94 Visualizações
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Programa de Pós Graduação Em Sociologia – PPGS
Disciplina – Gênero, Família e Relações de poder
Professora – Mary Alves Mendes
Fichamento do texto: O Reflexo das relações de gênero no cotidiano da violência sexual intrafamiliar.
1. O estudo busca analisar e interpretar as relações assimétricas de poder dentro de famílias inseridas em no contexto de violência intrafamiliar.
1.1 O objetivo do texto é discorrer como as desigualdades de gênero também respigam nos membros tidos como vulneráveis (mulheres, idosos, crianças).
2. A pesquisa é de cunho bibliográfico e da analise de dados colhidos através do LACRI - USP (Laboratório de estudos da Criança da Universidade de São Paulo) e do portal de atendimento do Governo Federal.
3. A violência intrafamiliar foi apagada constantemente; as práticas de violência física e psicológica foram vistas como legitimas no contexto ocidental, inclusive brasileira.
3.1 A partir de um novo padrão civilizatório atos que anteriormente eram considerados como socialmente aceitáveis passaram a ser vistos como violentos inclusive aqueles cometidos dentro do seio familiar.
4. A partir de Prado (1989) e Ferrari (2002) as autoras remontam o conceito de família como uma construção social histórica construída, apresenta diferentes modelos estruturais de acordo com a época e sociedade de inserção.
4.1 As famílias a partir do século XIX foram estruturadas a partir de uma ordem e modelo patriarcal; ou seja, aquele que concebe aos homens o direito sobre a propriedade, sobre a esposa e consequentemente sobre os filhos.
5. Assim como outras organizações sociais, a família também apresenta hierarquizações entre seus membros a partir de fatores sociais, culturais e econômicos.
6. Transformação e reconstrução constante das famílias na contemporaneidade, contrariando o modelo de “família perfeita” nuclear (pai, mãe e filhos). Mesmo que essas transformações cheguem com mais folego agora na contemporaneidade um numero extensos de famílias estiveram afastados do modelo nuclear anteriormente.
6.1 Apesar dos avanços e da busca de autonomia e independência no seio familiar, ainda é possível encontrar resquícios da família moldada a partir do patriarcado nas famílias brasileiras.
7. “ A realidade familiar no Brasil atualmente tem definido os papeis esperados de cada membro. Responsabilidade econômica do marido, infraestrutura domestica e afetiva pela mulher, obediência as diretivas paternas (PRADO, 1989, p.76). As relações desiguais entre os membros de uma família continuarão cocorrendo enquanto continuarem a ser fortificadas pela sociedade em geral, na qual segundo Saffioti (1987) o homem branco e adulto ainda é possuidor do poder e do controle.” (pag 5).
8. O imaginário aonde a família seria uma instituição livre de constrangimentos e de violências ainda permeia a sociedade.
8.1 Para a autora a violência intrafamiliar pode ser definida como: “Toda ação ou omissão que prejudique o bem estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito de pleno desenvolvimento de outro membro da família, incluindo pessoas que possam assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade, e em relação de poder á outro (BRASIL, 2002; pag 15).”
9. O serviço disque 100 do governo federal recebeu 195.932 denuncias de violação dos direitos de crianças e adolescentes. Entre essas violências pode-se elencar:
- Violência Psicológica
- Negligência
- Violência física
- Violência sexual
- Trafico de crianças
- Exploração sexual
- Abuso sexual
- Pornografia infantil
9.1 No tocante a questões de gênero os casos de negligencia e violências física e psicológicas estão praticamente empatadas entre meninos e meninas. O gráfico das violências sexuais revelam que o corpo infanto-juvenil feminino é demasiadamente mais explorado do que o infanto-juvenil masculino.
9.2 segundo as autoras, esses dados seriam apenas a ponta do iceberg pois um vasto numero de casos “não submergem a superfície” devido ao tabu de se abordar sobre temáticas de violência. Outros aspectos danosos para a ocultação dessa violência é o “adultocentrismo” que deslegitima a fala das crianças; e a ideia imbricada no imaginário social de que a família seria o “o melhor e mais seguro lugar”.
10. Os dados do LACRI mostram que de 1996 – 2007 houveram 159.754 casos de violência domestica contra crianças e adolescente , sendo que destes:
65.669 – Negligência
49.481 – Violência Física
26.590 – Violência Psicológica
532 – Vitimas Fatais
11. A violência intrafamiliar é aquela aonde “Todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra a criança e adolescentes – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico a vitima – implica de uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes tem de serem tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento (AZEVEDO e GUERRA, 2002, 1A/2B – pag 12)” (pag 9).
11.2 Crianças e adolescentes podem ser vitimas de violência física, psicológica e sexual, tendo como agressores os próprios membros familiares.
12. No caso dos filhos, a mãe sempre é vista como a principal agressora, devido a seu maior contato com a esfera domestica.
13. A autora chama a atenção para a gravidade da violência psicológica, que apesar de não deixar marcas físicas no corpo, mas deixa marcas invisíveis de difícil cicatrização. O abuso psicológico, chantagem emocional como formas de legitimar um poder através do autoritarismo e do medo.
13.1 as marcas dessa violência invisível variam de acordo com a intensidade, com o tempo que perdura e de quem cometeu determinado ato de violência.
14. “Outro fator favorável á violência sexual contra crianças e adolescentes é o “adultocentrismo”, isto é, a autoridade total conferida ao adulto sobre a criança, em uma relação de desigualdade de poder, na qual o pai é considerado o mediador das relações familiares, quem toma qualquer decisão importante e quem designa o que deve ou não acontecer: “Nessas circunstancias, quer o pai aonde a abordagem sedutora quer prefira a abordagem agressiva para manter relações libidinosas de toda sorte com sua filha, tem pouquíssimas probabilidades de fracasso” (SAFFIOTI, 1989, p.60) “. (pag 17).
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