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Filme Conflito das Águas e Colonialidade

Por:   •  2/9/2019  •  Resenha  •  716 Palavras (3 Páginas)  •  585 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

EMANUELA ALMEIDA DA SILVA RA: 11201920898

VINÍCIUS MAGALHÃES CARDOSO RA: 11201920766

Atividade sobre o filme Conflito das Águas

IDENTIDADE E CULTURA PROFESSORA BRUNA MENDES

São Bernardo do Campo 2019

  1. A partir do filme También la lluvia, das aulas 12 e 13 e da bibliografia indicada para estas duas aulas. Discorra sobre as noções de cultura e identidade levando em conta:
  1. a concepção de Outro a partir do colonialismo e da colonialidade;
  2. a persistência de uma situação colonial nas Américas;
  3. as formas de violência evidenciadas no filme.

De acordo com o antropólogo britânico Edward Tyler, cultura tomada em seu sentido etnológico mais vasto é um conjunto completo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. Entretanto, essa noção universalista nasce de uma perspectiva eurocêntrica de mundo, visto que Edward Tyler adotava princípios iluministas de evolucionismo e os métodos comparativos que ele adota para analisar culturas diferentes apenas aparentam ser universais, mas não são capazes de abordar as particularidades de cada cultura.

Já para Franz Boas, cada cultura é dotada de um estilo próprio que se exprime através de elementos como as crenças, a língua, os costumes, a arte, mas não somente através deles. Esse estilo próprio de cada cultura influi sobre o comportamento dos indivíduos. A identidade do indivíduo, de acordo com uma visão mais sociológica, seria o elemento de ligação entre a sua essência e os costumes adquiridos dentro da sociedade na qual ele está inserido. Mesmo essa visão sendo mais aceita que a de Tyler, sobretudo no âmbito acadêmico, é a visão evolucionista de cultura e identidade que o filme Conflito das Águas revela.

No filme, a colonialidade decorrente do colonialismo histórico é visível, pois a classificação da população boliviana em categorias de raça se faz presente em toda a história. Aos bolivianos com traços indígenas são destinados salários extremamente baixos, condições sub-humanas de vida e um tratamento discriminatório por parte do próprio governo. Eles são tratados como seres primitivos, que não são capazes de conviver de forma civilizada na sociedade. Os paralelos com o período colonial que o filme traçam revelam que pouco se alterou na estrutura de dominação através da raça. Se no período de dominação espanhola os indígenas que não se submetiam a dominação dos colonizadores sofriam castigos, torturas e até pena de morte, na sociedade contemporânea os indígenas que se manifestaram contra as arbitrariedades do governo com a questão da água foram violentamente reprimidos

pela polícia. Se no período colonial os indígenas trabalhavam exaustivamente e em condição escrava, a população classificada como indígena não recebem o mínimo necessário para sobreviver dignamente.

Apesar do filme produzido pelos cinegrafistas ser apresentado como tendo uma visão inovadora, ele mantém a mesma lógica colonial de negação das particularidades de cada povo e o protagonismo europeu como “salvador” e “herói”, sem levar em consideração as lutas e revoltas dos povos indígenas pela sua liberdade.

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