GESTAO SOCIAL
Por: Andrea Maciel • 12/3/2018 • Projeto de pesquisa • 1.863 Palavras (8 Páginas) • 180 Visualizações
GESTAO SOCIAL
1. Introdução
Este módulo apresentará gestão social
e território como conceitos indissociáveis,
visto que a participação
efetiva de todos os segmentos sociais
que compõem um dado território é de
suma importância para que ocorra
o protagonismo dos atores envolvidos
no seu desenvolvimento de forma
justa, igualitária e sustentável. Serão
apontadas formas institucionais que
preconizam a gestão social em territórios
como planos diretores, consórcios
intermunicipais, associações, conselhos
gestores, cooperativas e Arranjos
Produtivos Locais (APLs). Serão apresentadas
e discutidas políticas públicas
que focam na participação em
conselhos municipais para acesso a
políticas públicas como o Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) e
Programa de Nacional de Alimentação
Escolar (Pnae) compartilhadas por colegiados
territoriais. E, por fim, serão
apresentados exemplos e modelos de
políticas governamentais e ações de
participação, interação e parcerias
desenvolvidas no Colegiado Territorial
da Baía da Ilha Grande (BIG) para a
agricultura familiar que visam ao desenvolvimento
local endógeno.
Para tanto, este módulo é uma
compilação adaptada de recortes textuais
de nossos artigos e publicações
científicas mais recentes e que serão
citados ao longo do material.
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indivíduos, baseando-se na democracia
deliberativa e na formação da
consciência crítica de seres humanos
dotados de razão.
A construção do conceito acontece,
inicialmente, pela análise dos
pares de palavras Estado-sociedade
e capital-trabalho, que são invertidas
na sua ordem para sociedade-Estado
e trabalho-capital, ressaltando a importância
da sociedade e do trabalho
como protagonistas dessas relações.
Ampliando a discussão, insere-se o
par de palavras sociedade-mercado,
que representa o processo de interação
da sociedade civil organizada com
o mercado, no qual a sociedade deve
ser também protagonista (TENÓRIO,
2008a; 2008b).
Continuando seu caminho,
Tenório (2008) propõe que a cidadania
deliberativa deve intermediar a
relação entre esses pares de palavras;
para o autor, “[...] cidadania deliberativa
significa, em linhas gerais,
que a legitimidade das decisões deve
ter origem em processos de discussão
orientados pelos princípios da
inclusão, do pluralismo, da igualdade
participativa, da autonomia e do bem
comum” (TENÓRIO, 2008a, p.160, grifos
do autor). A cidadania deliberativa
“[...] faz jus à multiplicidade de formas
de comunicação [...]” e “[...] une os cidadãos
em torno de um auto entendimento
ético” (TENÓRIO, 2008b, p.167).
Sob essa perspectiva, a esfera pública
seria o espaço de intermediação entre
Estado, sociedade e mercado, bem
como a cidadania deliberativa seria o
processo participativo de deliberação
baseado essencialmente no entendimento
(e não no convencimento ou
negociação) entre as partes (TENÓRIO,
2008a; 2008b) e “[...] o procedimento
da prática da cidadania deliberativa
na Esfera Pública é a participação”
(TENÓRIO, 2008b, p.171).
A Gestão Social seria o caminho
para a emancipação, pois incita a um
“[...] gerenciamento mais participativo,
dialógico, no qual o processo decisório
é exercido por meio de diferentes sujeitos
sociais” (TENÓRIO 2008b, p.25-26).
Na Gestão Social “[...] a hegemonia das
ações possui caráter intersubjetivo.
Isto é, onde os interessados na decisão,
na ação de interesse público, são
participantes do processo decisório”
(TENÓRIO; SARAVIA, 2006, p.128).
Entende-se que a gestão das demandas
da sociedade pode acontecer
para além do Estado, via sociedade.
Por outro lado, a Gestão Social
enquanto processo, vista como uma
modalidade específica de gestão (nível
organizacional) busca “subordinar
as lógicas instrumentais [típicas
da gestão privada/estratégica] a outras
lógicas, mais sociais, políticas,
culturais ou ecológicas” (FRANÇA
FILHO, 2008, p.30).
[A Gestão Social] Corresponde então
ao modo de gestão próprio às
organizações atuando num circuito
que não é originariamente aquele do
mercado e do Estado, muito embora
estas organizações entretenham,
em grande parte dos casos, relações
com instituições privadas e públicas,
por meio de variadas formas de
parcerias para consecução de projetos.
Este é o espaço próprio da chamada
sociedade civil, portanto uma
esfera pública de ação que não é estatal
(FRANÇA FILHO, 2008, p.32).
Tânia Fischer (2002b, p.29) apresenta
a Gestão Social como “gestão
do desenvolvimento social”, definido
pela autora como um espaço “[...]
reflexivo das práticas e do conhecimento
constituído por múltiplas disciplinas”.
A Gestão Social seria ainda
uma “proposta pré-paradigmática”
que vem recebendo a atenção de muitos
centros de pesquisa no Brasil e no
exterior (FISCHER, 2002b; FISCHER;
MELO, 2006). Assim, “a Gestão Social
pode ser definida como aquela orientada
para o social (enquanto finalidade)
pelo social (enquanto processo),
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