Instituições Para Portadores De Deficiência têm Estratégias Contra A Violência.
Casos: Instituições Para Portadores De Deficiência têm Estratégias Contra A Violência.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lealeixo • 8/5/2013 • 774 Palavras (4 Páginas) • 446 Visualizações
A violência contra pessoas com deficiência é ainda pouco estudada no Brasil. Na tentativa de preencher esta coluna e ajudar no enfrentamento do problema, pesquisadoras da Fiocruz, da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro e da Universidade Veiga de Almeida fizeram um estudo em três instituições de referência no atendimento a crianças e adolescentes com necessidades especiais. A equipe verificou que violências e violações de direitos, muitas vezes, fazem parte do contexto social e familiar dessas crianças e jovens. “Concluímos que, quando as deficiências estão associadas a formas de violência e à violação de direitos, as instituições têm desenvolvido estratégias de amparo social e apoio em rede para melhorar a qualidade de vida de seus usuários”, dizem as autoras do estudo em artigo publicado recentemente no periódico Ciência & Saúde Coletiva.
No Brasil, existem cerca de 24,5 milhões de portadores de deficiências. Em todo o mundo, eles chegam a 600 milhões, sendo que 80% vivem nos países em desenvolvimento. “Estima-se que expressiva parcela de pessoas com deficiência esteja em regiões que não dispõem de serviços necessários para ajudar a superar as limitações, mantendo essas pessoas fora de seus direitos mais básicos”, afirmam as pesquisadoras. “Pobreza, desigualdade e exclusão produzem múltiplas vulnerabilidades e, quando associadas à deficiência e ao transtorno mental, perpetuam desvantagens cumulativas, reduzindo as oportunidades e até mesmo o discernimento quanto aos direitos e à forma de acesso a eles. Os deficientes são os mais pobres entre os pobres e permanecerão assim se medidas envolvendo ações em rede, junto às famílias, comunidades, instituições, órgãos governamentais e não-governamentais e programas sociais não forem acionadas”, completam as autoras.
Em outras palavras, embora a violência atinja todas as regiões, idades e classes sociais, quando ela se associa, de um lado, à pobreza e, de outro, à deficiência, tende a produzir efeitos ainda mais perversos. “Crianças e adolescentes com deficiência estão entre os mais estigmatizados e marginalizados do mundo. Além do risco do preconceito, da ignorância e da limitada oportunidade de acesso à escola e à participação na vida em comunidade, crianças e adolescentes com deficiência sofrem violência numa taxa anual 1,7 vez maior do que aqueles sem deficiência, segundo um importante estudo nacional feito nos Estados Unidos”, comentam a psicóloga Fátima Gonçalves Cavalcante e co-autoras no artigo.
O estudo envolveu 325 sujeitos, entre profissionais das três instituições pesquisadas, familiares e gestores. Foram analisados 53 casos de portadores de deficiências: eram crianças e jovens, com idades de 0 a 24 anos, cujos pais ou responsáveis, em geral, tinham baixa renda e pouca escolaridade. Os tipos de deficiência mais prevalentes foram a mental (32%), a física (19%), a múltipla (11,3%) e a dependência de tecnologia (11,3%). “Os deficientes com dificuldades mentais, comportamentais ou múltiplas foram alvos de maior exposição a diferentes tipos de violência, o que poderia ser explicado pela dificuldade de manejo de suas situações e de atenção dos cuidadores”, dizem as pesquisadoras. Entre as violências sofridas por essas crianças e jovens, destacaram-se a negligência (47,1%) e o abuso psicológico (32,8%).
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