Instituições Totais
Por: Marcia Conceição • 29/8/2017 • Resenha • 879 Palavras (4 Páginas) • 311 Visualizações
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Universidade Federal do Pará.
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
Curso de Ciências Sociais.
Disciplina: Tópicos temáticos em Antropologia.
Instituições totais.
Ícaro Chaplin Barbosa[1]
Belém-PA
2017
Instituições totais
Segundo Erving Goffman as instituições totais são lugares onde a moradia é também o espaço do lazer, de estudo, de trabalho e todos os outros aspectos da vida cotidiana, fazendo com que haja um isolamento quase que completo do mundo exterior, com algumas exceções. Alguns dos exemplos citados no texto são conventos, mosteiros, manicômios, prisões, quarteis, áxilos e orfanatos.
Entre as principais características dessas instituições estão as seguintes. Primeiro, imposição de barreiras físicas, mentais e sociais, começar pelos muros e grades que dividem o exterior e impedem a fuga e continua com om o isolamento da comunicação com o mundo externo, com algumas exceções como cartas que podem passar por uma vistoria antes de serem envidas ou recebidas e em alguns casos visitas controladas são permitidas. Mas num geral os internados não possuem contato com o mundo exterior ao da instituição.
A segunda é a existência de uma figura de autoridade que comanda a maioria dos aspectos da vida cotidiana da instituição, imbuída de um poder opressor sobre as vontades individuais dos internos. Esta figura pode vir na imagem da equipe de enfermeiros, carcereiros, diretores, madres superioras, superiores militares e médicos entre outros.
A terceira característica é a imposição de horários e atividades. Se em nosso cotidiano nós temos uma relativa liberdade de escolher quais atividades nós realizaremos e em que horário nós as realizaremos em uma instituição total essa liberdade é praticamente extinta, a existência de horários rígidos para cada atividade é uma medida de controle de grupo bastante eficaz já que desta forma se mantem um grupo ocupado e vigiado com maior facilidade e com um número muito menor de pessoas. Assim o grupo dirigente estipula hora de comer, dormir, trabalhar, estudar, tomar os remédios e até usar o banheiro em alguns casos.
Todos os exemplos de instituições citadas acima compartilham características em comum, mas não necessariamente possuem todas as características ou as possuem de forma mais ou menos branda. Por exemplo, um convento tem atividades obrigatórias com horários muito rígidos, por outro lado são conhecidos casos de manicômios em que os internados passam os dias completamente ociosos e tendo liberdade de exercer qualquer atividade dentro dos muros, mesmo que optem por não fazer nada.
Dentre as práticas que levam à mutilação e morte do eu gostaria de destacar as formas de exposição contaminadora. Em primeiro lugar vem a questão dos objetos de uso pessoal e formas de individualidade que são retiradas dos internados através do uso de uniformes que são constante mente trocados e objetos padronizados que também não permanecem com os seus usuários por muito tempo, evitando assim uma identificação com os objetos. A questão da nudez pode aparecer neste primeiro momento quando o internado é despojado de tudo o que faz dele um indivíduo (roupas, brincos, relógios, sapatos, pulseiras, etc.), sendo obrigado a permanecer nu na frente de desconhecidos enquanto passa por exames corporais e em alguns casos tendo até seus cabelos raspados.
Outra forma de exposição contaminadora acontece com os objetos de uso pessoais, uniformes que são recebidos com manchas e cheiro de suor do último usuário, pratos que ainda vem com restos da última refeição, banheiros coletivos ou com tempo controlado são algumas formas de lembrar ao interno que nada ali é individual ou mesmo pessoal, tudo é coletivo e impessoal ao ponto de desumanizar.
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