Interação da Sociedade com o Universo

Para muitos, a sociedade funciona como um grande organismo, no qual os indivíduos seriam as células formando um conjunto organizado através das muitas funções que exercem dentro do contexto social (trabalho, consumo, família, etc).

Nesse sentido, Durkheim já imaginava o que seria a sociedade perfeita ou, pelo menos, a busca por esse ideal.

Começa, então, estabelecendo as patologias sociais. Seriam estas a oposição à normalidade, ou seja, algo contrário às normas e padrões sociais desconfigurando o organismo. Ora, não seria patologia uma doença? E uma doença não seria um desequilíbrio no organismo?

Tal desequilíbrio poderia ser gerado de duas formas: pela recusa dos autores de aceitarem as normas sociais, ou, pela fraca implementação dessas.

Contudo, seria esta a melhor forma de análise para a busca de uma sociedade ideal? Para a busca de uma sociedade mais justa? Acredito que não.

Atualmente, com o avanço tecnológico, sabe-se que o ser humano possui características biológicas iguais. Formação celular, tecidos, órgãos, sistemas, etc. Além disso, nossas ações básicas e necessárias são as mesmas. Todos têm que respirar e comer para sobreviver. Então, todos são iguais no que diz respeito à sobrevivência, nos instintos animais para a manutenção da espécie e da própria vida. Esse é o organismo.

A sociedade é um passo além.

Diferentemente de outros animais, o ser humano desenvolveu sua capacidade intelectual (de acordo com os iluministas, capacidade racional). Logo, ele passou a questionar, sentir, pesquisar, descobrir e interpretar o universo de acordo com sua própria experiência, ultrapassando o básico da sobrevivência. Ultrapassando o equilíbrio do organismo, uma vez que, baseado nas suas experiências individuais, criou-se a diferença na maneira que cada um se relaciona com o universo.

Essas diferenças, encontradas no racional de cada indivíduo e apresentadas como maneira de se relacionar com o universo, seriam provindas da cultura, da história, da situação econômica e familiar de cada indivíduo (experiência individual). Prova disso, são irmãos que, mesmo criados na mesma família, logo nas mesmas condições econômicas, enxergam o universo de forma diferente; isso, simplesmente, pelo fato de terem adquirido culturas diferentes e possuírem interesses diferentes (um mais ligado à parte de exatas, outro, a humanas, por exemplo). Entretanto, esse exemplo não infere na sociedade, visto que os dois terão a mesma oportunidade para desenvolver seu intelecto e para manter sua sobrevivência, quer seja numa sociedade capitalista ou mesmo numa comunista. Portanto, tem-se uma diferença unicamente ideológica.

As diferenças concretas.

As diferenças concretas, ao contrário do exposto nas ideológicas, interferem na sociedade, uma vez que elas diminuem as possibilidades de desenvolvimento do intelecto, de sobrevivência e convivência social igualitário aos seus diferenciados (à regra geral).

Por exemplo, um pobre possivelmente não terá as mesmas oportunidades que um rico. Uma mulher possivelmente não terá o mesmo reconhecimento que um homem. Um homossexual possivelmente não terá a mesma facilidade no convívio social do que um