MEMÓRIA COLETIVA E SINCRETISMO CIENTÍFICO: AS TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX
Por: Odete Cajueiro • 9/5/2016 • Resenha • 2.109 Palavras (9 Páginas) • 2.623 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI[pic 1][pic 2]
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS- CCHL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA- PPGANT
MESTRADO EM ANTROPOLOGIA
DISCIPLINA: ANTROPLOGIA BRASILEIRA
PROFESSOR: RAIMUNDO NONATO
RESUMO DOS TEXTOS
“MEMÓRIA COLETIVA E SINCRETISMO CIENTÍFICO: AS TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX”, “CASA GRANDE E SENZALA” (CAPÍTULO 01) E “RAÍZES DO BRASIL” (CAPÍTULOS 01 E 05)
Odete Guimarães Cajueiro da Silva Neta
TERESINA-PI, MAIO DE 2016
ORTIZ, Renato. Memória Coletiva e sincretismo científico: as teorias raciais do século XIX In: ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1985.
Para realizar uma análise dos diferentes modos como a identidade nacional brasileira foi moldada entre os fins do século XIX e início do século passado, Ortiz recorre a uma releitora de autores como Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Nina Rodrigues. Para o autor, o pensamento brasileiro na época recebe aporte do evolucionismo, tendo em uma dimensão maior, argumentos nas noções de meio e raça, são que usados como categorias conceituais que davam uma interpretação do Brasil naquela época.
Com isso, a compreensão da história do Brasil se dava entre outros aspectos partindo do ponto climático e racial, chegando ao ponto a se pensar que o suposto atraso brasileiro deva-se aos ventos alísios (Concepção de Buckle acatada em partes por Silvio Romero).
Nesse contexto, o negro é visto como um elemento da dinâmica da vida social do Brasil, tendo a sua condição reavaliada pelos pensadores, passando a ser portador de uma importância maior que a do índio para autores como Nina Rodrigues e Silvio Romero, uma vez que o mesmo aliou-se ao branco e, juntos prosperaram, com isso, populariza-se a ideia de que o Brasil se formou a partir de três raças dispares: índio, negros e brancos, sendo que o branco possuía um papel de destaque na construção dessa identidade nacional, concepção esta percebida nos três autores analisados por Ortiz (Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Nina Rodrigues).
Diferente dos autores já citados, Manuel Bonfim apresenta outra interpretação da problemática brasileira, pois o mesmo parte de uma visão internacionalista, fugindo do pensamento convencional dos outros autores da época.
Bonfim, valendo-se em partes as ideias de Comte, constrói uma teoria onde afirma que o imperialismo e parasitismo social andam juntos, rebelando-se contra a opressão das colonizações europeia dos países ibéricos, além disso, diferente dos demais autores percebe a questão racial como um fenômeno que serviria para renovar e reequilibrar a sociedade brasileira, amenizando os prejuízos da colonização.
Uma outra observação feita por Ortiz diz respeito ao de prosseguimento das ideias estrangeiras no Brasil. Para o mesmo, a absorção dessas concepções que vinham de fora era um problema para a cultura nacional, exemplo disso, é a ascensão das teorias raciológicas no Brasil quando essas mesmas já estavam em decadência na Europa, que foram usadas para legitimar uma realidade social expressa no impasse de uma identidade nacional que ainda se encontra em construção.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. Capítulos 01 e 05.
No capítulo 01 “Fronteiras da Europa”, Sérgio Buarque de Holanda tem o objetivo mostrar a influencia da cultura portuguesa sobre a brasileira. Para isso ele traça uma análise acerca da transferência dos costumes europeus para esse ambiente que a seu ver em alguns momentos era desfavorável.
Para entender como e quais foram os costumes transportados da metrópole para a colônia, o mesmo traça um panorama elencando as características gerais da influencias e da localização geográfica da Península Ibérica, que para o autor foi uma região que adentrou o mundo europeu após os empreendimentos marítimos do século XV e XVI, pois antes disso era uma região que dialogava tanto com a África e a Europa, devido em partes a sua posição geográfica e também ao domínio mouro nessa região até a chamada Reconquista nos fins do século XV.
Um dos aspectos que diferencia o português do restante dos europeus que viviam uma época ainda com características medievais, onde a coletividade era mais importante do que a individualidade, é justamente esse caráter original de individualismo.
Segundo Holanda, a hierarquização social portuguesa dava lugar para o privilégio pessoal (característica da mentalidade moderna) o que tornava a aristocracia um luar penetrável por pessoas não aristocráticas, permitindo assim a entrada para esse corpo a partir da própria ascensão social. Dessa forma, o autor continua buscando entender a originalidade moderna dos portugueses.
A pouca dificuldade de ascensão da burguesia de Avis ao trono fez com que essa dinastia se associasse às instituições já existentes, assumindo um papel de condutor da tradição já existente. Continua assim, enfocando no aspecto do mérito pessoal e do livre arbítrio defendido e vivido por portugueses e espanhóis.
Diferentemente de outros povos cristãos (protestantes) do restante da Europa que se comparavam aos ibéricos católicos pelo livre arbítrio, e a apreciação do trabalho, para os portugueses seria mais cômodo e aceitável viver no ócio.
Ao concluir suas observações Sérgio Buarque de Holanda afirma que o transporte da cultura epopeia para o Brasil se deu de forma tão forte que nem mesmo a mistura do europeu com outras raças separou a cultura brasileira das características herdadas dos costumes portugueses.
O capítulo 05 “O homem Cordial” começa analisando a relação entre família e Estado, afirmando que a lei geral suplementa a lei particular havendo nesse sentido, uma abolição da ordem familiar a favor da ordem geral.
O autor toca na questão da fase de transição para a forma de trabalho industrial e assalariado no Brasil, pois grande parte dos costumes coloniais, patriarcais, familiares e rurais continuaram existindo por um grande tempo.
É nessa fase de mudança que no Brasil surge o que o autor denominou de homem cordial, que para o mesmo é o modo como o cidadão brasileiro administra suas relações sociais cotidianamente, tendo uma certa distancia do que se imagina de cordialidade no sentido próprio do termo.
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