Max Weber: А política como vocação
Resenha: Max Weber: А política como vocação. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: danyellers • 24/10/2014 • Resenha • 2.587 Palavras (11 Páginas) • 267 Visualizações
Reflexões sobre a leitura de “A Política como Vocação” de Max Weber Daniel Lage O texto clássico conhecido como “A política como vocação” é fruto de uma conferência realizada por Max Weber em 1918, e publicado em 1919 na Alemanha. [...] O problema inicial enfrentado por Weber e que servirá de guia para erguer um arcabouço teórico monumental à ciência política é: a “vocação política” e qual o sentido que ela pode assumir. Para tal o autor inicia pelo questionamento básico, afinal, o que é política? Assumindo que a palavra possui um amplo e variado leque de sentidos, Weber afasta os significados usuais através da seguinte definição de saída: “por política entendemos tão somente a direção de agrupamento político hoje denominado ‘Estado’ ou a influência que ele exerce nesse sentido”. Ou seja, o conceito de política é reduzido “tão-somente” as ações e fazeres que giram em torno e no interior do Estado. Por sua vez, Estado é definido como: “uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território – a noção de território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado – reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física”. Citando Trotsky, Weber concorda que todo Estado se fundamenta na força, sendo o Estado Moderno aquele que a monopoliza legitimamente, tornando-se a única fonte de direito à violência. Por conseguinte, a política é “o conjunto de esforços feitos visando a participação do poder ou a influenciar a decisão do poder, seja entre Estados, ou no interior de um único Estado”. No entanto, não é por ser legítimo que o Estado não utiliza sua força para a dominação, pelo contrário, para o autor, o Estado consiste em uma relação de dominação do homem pelo homem, embora tenha como base o uso legítimo da violência física. Isso quer dizer que “o Estado pode existir somente sob condições de que os homens dominados se submetam a autoridade continuamente reivindicada pelo dominadores”. Desse modo, qualquer homem que se arrisque na política quer poder, isto é, quer se colocar na posição de dominador. O político invariavelmente está em busca de poder, pois disputar o Estado é disputar a fonte de poder, seja para fins ideais ou para gozar de prestígio. Esta é uma condição da luta política; fazê-lo é estar disposto a dominar. Assim Weber questiona-se sobre a própria dominação, indagando os porquês da submissão e quais os fatores que levam a ela. Em resposta, aponta três razões que justificam a dominação, acompanhadas de três correspondentes fundamentos de legitimidade. Seguindo seu próprio método, para Weber as três formas legítimas de dominação são formas puras ou ideais, raramente encontradas nesse estado de pureza como é descrito pelo autor. A primeira é o domínio tradicional, que se fundamenta e se legitima no passado, pela tradição. A segunda forma é o domínio exercido pelo carisma e se fundamenta em dons pessoais e intransferíveis do chefe-político. A terceira é o domínio exercido pela legalidade, baseado em regras racionalmente criadas e se fundamenta na competência. Evidentemente, Weber alerta que a submissão e a obediência dos dominados está condicionada por motivos extremamente poderosos, sobretudo pela força física e implantados pelo medo ou pela esperança. Não obstante, são as formas de dominação legítimas que importam para o Estado Moderno. Das três o autor dedicará especial atenção ao domínio exercido pelo carisma puramente pessoal do chefe. Para Weber é no ocidente que esse tipo será mais desenvolvido, especialmente sob a figura do líder demagogo, o qual “se apresenta comumente sob o aspecto de um líder parlamentar”. É esse tipo que conduz às reflexões sobre a vocação política, ao mesmo tempo, é também nele que se deposita fé, tornando-se determinante ao jogo político no ocidente. Contudo, este não é em país algum o único a fazer parte da disputa. Antes, “reside o fator decisivo [da política] na natureza dos meios que dispõe o homem político”. Isto é, “de que maneira conseguem as forças dominantes impor sua autoridade?” Mesmo o líder carismático necessita de meios materiais e conhecimento administrativo para exercer seu domínio. Nesse ponto, Weber passa a analisar o Estado como uma empresa de dominação elencando duas necessidades básicas e inerentes a ele. Por um lado, há o estado-maior administrativo e, por outro, há os meios materiais de gestão. Isto é, respectivamente, o conjunto de atividades organizadas voltadas a realização da obediência, e os recursos econômicos suficientes tanto para exercer a força física quanto para abrigar funcionários. A obediência dos súditos ou funcionários dentro do estado-maior se dá, nesse sentido, pela retribuição material e pelo prestígio social que o líder ou chefe de Estado possibilita. Em relação aos meios materiais de gestão, Weber aponta que uma das principais características do Estado Moderno é a separação entre os funcionários e trabalhadores burocráticos e os meios de gestão. O Estado Moderno “desenvolveu-se em paralelo a empresa capitalista que domina, pouco a pouco, os produtores independentes”. O autor defende que esse Estado expropriou “todos os funcionários [súditos da corte e aristocratas, por exemplo] que, consoante o princípio que ‘os Estados’ dispunham no passado, por direitos próprios, dos meios de gestão”. Isso criou uma quantidade grande de trabalhadores do Estado que estão subordinados a gerência dos dirigentes, políticos que detém o poder de distribuir cargos. É sobre essa forma de Estado, no contexto do ocidente, que viu-se surgir o “político profissional”. Partindo de um critério econômico, o autor distingue aqueles que “vivem para a política”, daqueles que “vivem da política”. É evidente que a política, assim como definida, pode ser exercida por todos, mas há aqueles que a elegem como atividade principal e os que a exercem ocasionalmente. Não obstante, o autor salienta que “todo homem sério, que vive para uma causa, vive também dela”, mas isso não impede que a diferenciação econômica dos que “vivem para” e dos que “vivem da” política não seja relevante. Pelo contrário, defende Weber que na vida moderna nem o operário, tampouco o homem de negócios, o empresário, estão disponíveis suficientemente para a política. É oportuno, portanto, para a sobrevivência dos partidos políticos a disponibilização de pessoas que “vivam da” política e a tenham como profissão principal. Por conta disso Weber é enfático ao afirmar que essa dinâmica, tem como uma das principais consequências, a constituição de uma camada ampla de dirigentes políticos erguidos por critérios plutocráticos, isto é, o partido que tem mais recursos econômicos para disponibilizar políticos
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