O Sistema Penitenciario No Contexto Da Segurança Pública
Exames: O Sistema Penitenciario No Contexto Da Segurança Pública. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ClaytonAgostinho • 14/3/2015 • 2.257 Palavras (10 Páginas) • 223 Visualizações
O SISTEMA PENITENCIÁRIO NO CONTEXTO DA SEGURANÇA PÚBLICA
Este texto tem como pretensão fornecer dados para a compreensão dos mecanismos
que movem o Sistema Penitenciário como ferramenta de punição e pretensa reeducação dos
presos para a posterior devolução ao seio da sociedade. Pretendemos ainda demonstrar a
necessidade do engajamento da sociedade civil organizada e das lideranças comunitárias na luta
em prol da criação e desenvolvimento de políticas penitenciárias efetivas e perenes, no sentido de
tornar a pena de privação de liberdade digna, porém justa no sentido do reparo ao mal causado a
Antes de analisarmos a estrutura do Sistema Penitenciário atual, cabe aqui uma breve
avaliação sobre a questão da pena privativa de liberdade, a fim de entender como esta tem sido
encarada pelo fazer penitenciário contemporâneo.
Fazendo uma breve genealogia a respeito da pena privativa de liberdade, observamos
uma evolução na concepção da necessidade de apartamento do indivíduo delituoso. Visitando um
período remoto da história do penitenciarismo, verificamos que, inicialmente, tal apartamento tinha
a única e exclusiva função de punição deste indivíduo. Deste modo, ele era retirado do convívio
social a fim de que não desfrutasse da s comodidades que a vida em comunidade proporcionava
para que, apartado dos seus e carente dessas comodidades, verificasse, a partir da penitencia
pela qual purgava, a necessidade de adequar-se as normas sociais vigentes, adaptando-se, assim,
através do medo e do sofrimento, ao convívio social do qual foi apartado,
Posteriormente admitiu-se uma dualidade a respeito da pena privativa de liberdade.
Achava-se que esta continuaria tendo a função de punição, no sentido do afastamento das
comodidades sociais, porém este apartamento seria utilizado também para promoção de terapias
psicossociais que reforçassem a compreensão e a assimilação da necessidade do respeito as
regras sociais de convivência, convertidas em leis por esta sociedade politicamente organizada.
Desenhava-se, assim, a compreensão do apartamento também para “tratamento” do delinqüente
Contemporaneamente, observa-se uma inversão na compreensão da pena privativa de
liberdade, onde a teoria do “tratamento” se sobrepôs a da punição!
A progressiva desigualdade social imposta pela organização da sociedade em
classes sociais antagônicas, aliada a exclusão do acesso as mínimas condições de dignidade
de manutenção da própria vida para uma grande massa populacional, fez com que considerável
parcela dos teóricos e militantes do penitenciarismo nacional, após constatação irrefutável de que
a maioria dos encarcerados brasileiros é composta por integrantes dessa massa de excluídos,
chegasse a conclusão de que não mais havia eficácia na política de apartamento do delinqüente,
afastando-o das comodidades promovidas pela vida no convívio social, uma vez que este já não
tinha acesso a estas mesmas comodidades antes da sua prisão.
Ora, se a pena privativa de liberdade não deve ser mais aplicada visando apenas a sua
característica punitiva, com efeito, não pode esta, sob nenhuma hipótese, servir, mesmo que de
forma subliminar, de recompensa, ou ainda, de compensação ao delinqüente por uma realidade
social adversa e injusta que atinge não só a ele, mas, a todos os trabalhadores em geral os quais
nem por isto ( ou ainda não por isto) optam pelo crime.
Para uma melhor compreensão das necessidades de que carecem a administração
penitenciária, faz-se necessário conceituarmos alguns termos, como o de SEGURANÇA
PRESSUPOSTA. Quando nos referimos ao termo “segurança” , estamos nos atendo apenas ao
aspecto deste conceito que se refere ao “estado, qualidade ou condição de seguro” no que se
compreenda “seguro” como “livre de risco, protegido, acautelado, garantido”. Mas é necessário
entender que o conceito de segurança esta intrinsecamente relacionado a esfera de percepções.
Não existe, de fato, um estado de segurança total e sim, estados graduais de percepção de
segurança, nos quais o indivíduo sente-se mais ou menos seguro, e para os quais se estabelece
uma percepção de maior ou menor vulnerabilidade. Deste modo, esta percepção é variável
de acordo com diversos fatores, tanto subjetivos quanto objetivos Na verdade, a sociedade
contemporânea necessita da concepção de segurança para poder conservar as relações sociais
mantidas atualmente e que, reflexivamente, são estas que mantém a sociedade.
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