Política Fiscal
Seminário: Política Fiscal. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lemga • 26/2/2014 • Seminário • 1.285 Palavras (6 Páginas) • 276 Visualizações
A atual perspectiva de atuação da política fiscal desmontou os antigos
de sustentação e construiu novo modus operandis, baseado na geração de
superávits primários, na definição de regras fiscais e no trato das finanças dos
governos subnacionais fundamentadas no ideal de hard budget constrain.1 O
desenho da política fiscal preocupou-se em apontar o caminho a ser percorrido
caso o risco-país e a volatilidade do câmbio e dos juros ameacem a situação
prospectiva das contas públicas. As privatizações e o aumento da carga
tributária atenuaram as possíveis tensões e viabilizaram a expansão simultânea
dos gastos correntes e dos superávits primários, às custas, no entanto, do
constrangimento dos investimentos.
A política fiscal, presa à continuidade desse arranjo, viu o seu alcance
limitado e os gargalos à ação do setor público se cristalizaram. O impasse no
plano federal é notório. Os elevados superávits primários, as crescentes
vinculações das receitas e o aumento dos gastos sociais restringiram os graus
de liberdade da gestão das contas públicas, deixando o montante dos
investimentos refém da conjugação favorável de arrecadação e de queda da
taxa de juros. Por outro lado, o esvaziamento do poder de atuação dos
governos estaduais, os grandes perdedores na evolução recente da federação
brasileira, tornou-se visível. A renegociação das dívidas estaduais retirou
espaço de manobra dos governadores e tornou difícil conciliar o serviço da
dívida e maior volume de investimentos.
A questão com a qual o governo se defronta atualmente é saber como
superar as barreiras à ação do setor público e apoiar a retomada do
crescimento, sem colocar em risco a estabilidade das contas públicas. Os
analistas concordam em relação a esse ponto, mas não se deduz daí que haja
um entendimento comum sobre propostas concretas de como encaminhar o
problema. A visão convencional vê as medidas de cortes dos gastos e de
desvinculações das receitas como imprescindíveis na definição dos novos
rumos da política fiscal, por ampliarem os espaços de manipulação dos gastos
e permitirem a queda acelerada da dívida pública. Esta visão pautou grande parte das discussões recentes, mas as mudanças não avançaram. Os analistas
contrários aos cortes na área social e os críticos da política macroeconômica
defendem o debate em torno de uma agenda fiscal mais ampla que não tenha o
foco analítico centrado na política de cortes, ao lado da revisão do arranjo
macroeconômico e da construção de políticas a favor do crescimento, como
caminho para se obter ganhos na situação fiscal.
O Brasil dos anos 90 lidou com agendas fiscais múltiplas, mas a
defesa da estabilização monetária e das exigências da nova estratégia de
desenvolvimento prevaleceu sobre as demais. A reinserção da economia
brasileira no mundo globalizado abriu a possibilidade de controlar a inflação e
acirrou o debate em torno do papel da política fiscal. As mudanças definidas
na globalização colocaram os países emergentes reféns dos ciclos de liquidez
internacional e, conseqüentemente, da gestação das condições necessárias para
o País tornar-se atrativo aos capitais. A visão teórica convencional definiu a
política fiscal como instrumento central desse processo e colocou a idéia de
sustentabilidade da dívida como indicador básico das contas públicas. A política fiscal passou a cumprir o papel de espaço de valorização dos capitais
privados e de pilar da credibilidade das políticas monetária e cambial
(Lopreato, 2006a).
A política fiscal ganhou lugar destacado na condução da política
macroeconômica e na estratégia de desenvolvimento. A integração
subordinada aos mercados, associada à abertura comercial e financeira e à
retirada do Estado como agente condutor do crescimento, exigiram a
adaptação do regime fiscal às alterações da estratégia de desenvolvimento e
das formas de integração à economia mundial. A revisão mostrou-se ainda
mais urgente em função da crise fiscal que se arrastava desde os anos 80,
quando a crise da dívida externa colocou a nu os problemas de financiamento
público e pôs em xeque a institucionalidade então vigente. A reforma na área
fiscal, embora iniciada na década de 80, ganhou outro caráter no Plano Real. A
estabilização e a integração ao mercado internacional colocaram questões de
natureza diversa e levaram à construção de um novo regime fiscal, marcado,
no primeiro momento, pela renegociação das dívidas estaduais, a reforma da
previdência e as privatizações.
A reforma tributária, que em algum momento no passado recente, era
vista como estratégica
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