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REFLEXOS DO RACISMO CIENTÍFICO NA ATUALIDADE

Por:   •  29/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  6.029 Palavras (25 Páginas)  •  529 Visualizações

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REFLEXOS DO RACISMO CIENTÍFICO NA ATUALIDADE

Resumo

O ensaio tem como tema as origens do pensamento social em bases científicas a partir dos estudos das teorias raciais. Inicialmente será fornecido um referencial teórico sobre o tema, no qual se aborda visão histórica da relação entre as teorias do racismo científico e as ciências humanas aplicadas no contexto social. Utilizando-se da pesquisa bibliográfica e de estudo de caso de uma reportagem jornalística sobre preconceito racial, busca-se responder: como as teorias do racismo científico: o Darwinismo social, Eugenia e o evolucionismo estão presentes no contexto social brasileiro e no episódio ocorrido? Este trabalho tem por objetivo expor breve diagnóstico da história investigada, em relação às concepções evolucionistas. Os objetivos específicos: apresentar uma crítica ao racismo científico e identificar a sua presença no convívio social na atualidade. Os dados do Estudo de Caso foram extraídos de pesquisa na internet e bibliográficas.

Palavras chave: Racismo científico. Evolucionismo. Darwinismo Social. Eugenia.

Introdução

         A sociologia enquanto ciência humana tenta explicar a vida social através de análises de situações geradas na sociedade. Essa ciência trabalha com uma diversidade de interesses para compreender o âmbito social suas organizações, a partir da observação e descrições dos fatos e peculiaridades dos fenômenos.

Surgiu como ciência no século XVIII, ou seja, há mais de 150 anos período de l830-1848, com a proposta de Auguste Comte (SCHWARCZ, 1988,) de que a sociologia poderia ser uma ciência a partir dos fundamentos e preceitos das ciências naturais. Neste passo, os métodos e conceitos das ciências naturais foram utilizados pelos primeiros sociólogos para evidenciar uma série de propostas teóricas, as quais foram utilizadas para interpretação de fatos no mundo social com bases científica, de modo a sustentar as condições históricas de exploração de povos e sociedades.

Contudo, importante observar, que apesar dos desvios iniciais, percebeu-se que a Sociologia enquanto ciência poderia ser utilizada como disciplina humanística, aplicada a outras ciências humanas de forma interativa como método, para testes e análise científica da realidade.

Os séculos XVIII e XIX foram muito significativos do ponto de vista de desenvolvimento das ciências de um modo geral. O século XVIII é considerado por muitos como o das invenções. E isto fez com que a visão do homem em relação ao mundo, fosse se tornando mais prática e racional, surgindo a necessidade de responder aos questionamentos do homem em relação a si e ao mundo de forma mais objetiva, ou seja, pela ciência.

Seguindo esta lógica, estudiosos, se utilizaram dos métodos e conceitos das ciências naturais, em franca expansão naquele momento, para tentar explicar o comportamento social do homem e justificar as diferenças entre as classes sociais e sociedades.

Tal premissa com o passar do tempo, caiu por terra, pois seus conceitos científicos foram desmentidos e ultrapassados, a partir da evolução da própria sociologia enquanto ciência e outras humanas, mas enquanto vigorou deixou marcas e ensinamentos que até hoje nos são transmitidas, através do racismo que se dá de várias formas, seja pela cor, pela cultura, etnia e origem.

Neste trabalho proposto, a ideia é nos fazer compreender e refletir como “falsas” teorias e crenças apregoadas há tanto tempo, ainda ecoam em nossas mentes, e nos fazem repetir palavras e ações que nos remetem a um passado tão desumano.

Um exemplo é o caso que ocorreu em Muriaé, em que uma jovem negra de 20 anos postou uma foto com o namorado branco no facebook e se tornou alvo de xingamentos na web. O caso teve grande repercussão na mídia, levantando mais uma vez os debates sobre os preconceitos raciais e suas motivações.

JOVEM CASAL DE MURIAÉ/MG, É VÍTIMA DE PRECONCEITO RACIAL NO FACEBOOK.

Um jovem casal de namorados, ela Maria das Dores Martins, de 20 anos e ele Leandro Freitas, de 18 anos. Os dois moram na cidade de Muriaé, e como a maioria das pessoas tem perfil no Facebook. E normalmente em julho de 2014, também como as pessoas normalmente fazem a moça postou uma foto com o namorado. E qual não foi a sua surpresa, quase dois meses após o post, sua foto começou a ser comentada por pessoas que não conhecia e que a atacaram com centenas de comentários racistas.

Segundo consta ela procurou a polícia no dia 26 de agosto de 2014, para registrar a queixa. Em um dos comentários feito na página da jovem na rede social, um internauta escreve: "Onde comprou essa escrava?", para em seguida pedir: "Me vende ela".

Em entrevista ao UOL, a moça afirmou que quer que sua atitude sirva de exemplo para outras pessoas. "Achei muito triste. Na hora, fiquei surpresa com tudo o que estava acontecendo, mas depois meu namorado e minha família me deram força. Foi uma atitude corajosa minha mesmo (de ter feito a denúncia), porque muitas pessoas não têm coragem de denunciar esse tipo de crime. Acho que todo mundo deve denunciar", afirmou, pedindo também punição aos que postaram as mensagens de cunho racista.

"Eu acho que toda pessoa sofreu algum tipo de preconceito, seja qual for, tem de denunciar à polícia. Não pode ficar impune. Eu quero que seja descoberto quem foi e que paguem pelo que fizeram comigo", afirmou.

A moça afirmou ter desativado a página na rede social após a repercussão do caso, mas a reativou depois de ter feito a denúncia, por orientação dos investigadores.

"Eu vou continuar com ela (a página no Facebook). Em um primeiro momento, muitas pessoas ficaram me procurando, aí eu achei melhor desativar. Mas não por medo, só por conta disso mesmo", disse.

De acordo com o delegado Eduardo Freitas da Silva, o caso vai contou com apoio da Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos, de Belo Horizonte. Ele disse que conseguiu precisar o Estado de origem da maioria dos internautas que postaram as mensagens. "Nós fizemos uma análise preliminar e verificamos que nenhum dos autores das ofensas raciais é daqui da cidade. Grande parte é de São Paulo. Alguns são perfis falsos, mas outros são de pessoas reais, identificáveis", afirmou.

O policial disse que encaminhou um ofício aos administradores do Facebook solicitando a identificação dos que postaram comentários racistas na página da vítima. Segundo ele, os suspeitos serão intimados a depor por meio de carta precatória.

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