A FILOSOFIA E A ESPIRITUALIDADE EM SANTO AGOSTINHO: REFLEXÕES PARA A ATUALIDADE
Por: Juliano Godoy • 25/8/2019 • Artigo • 3.441 Palavras (14 Páginas) • 408 Visualizações
juliano bernardino de godoy (8029856)
Bacharelado em Filosofia
A FILOSOFIA E A ESPIRITUALIDADE EM SANTO AGOSTINHO: REFLEXÕES PARA A ATUALIDADE
Orientador: Prof. Ms. Paulo Rogério da Silva
Claretiano– Centro Universitário
RIO CLARO
2019
A FILOSOFIA E A ESPIRITUALIDADE EM SANTO AGOSTINHO: REFLEXÕES PARA A ATUALIDADE
RESUMO
Esse artigo parte do estudo da obra e da biografia de Santo Agostinho. Utlizamos como metodologia a revisão biblográfica, através de livros, artigos e trabalhos acadêmicos em geral, sobre o referido filósofo. Esta pesquisa buscou como base situar o filósofo em seu contexto histórico, com uma rápida análise de seus escritos filosóficos e cristãos, mostrando a união entre sua linha de pensamento e a espiritualidade cristã nascente no início do cristianismo. Fazer uma breve análise sobre a atualidade, onde o pensamento de Agostinho pode colaborar para a solução de problemas filosóficos e espirituais.
Palavras-chave: Agostinianismo. Filosofia Antiga. Felicidade.
ABSTRACT
This article is part of the study of the work and biography of St. Augustine. We use as a methodology the bibliographic revision through books, articles and academic works in general on the mentioned philosopher. This research sought to situate the philosopher in his historical context with a quick analysis of his philosophical and Christian writings, showing the union between his line of thought and nascent Christian spirituality at the beginning of Christianity. To give a brief analysis of the actuality, where the thought of Augustine can collaborate for the solution to of philosophical and spiritual problems.
Keywords: Agostinianism. Ancient Philosophy. Happiness
INTRODUÇÃO
Santo Agostinho foi um filósofo e, também, santo da Igreja conhecido e respeitado nas tradições cristãs ocidentais e orientais como Romana, Anglicana e Ortodoxa. Suas obras e sua linha de pensamento compreendem e salientam a passagem do mundo antigo para o mundo medieval, e exercem atualmente uma enorme influência na cultura ocidental.
Agostinho teve uma formação sólida com prática e ensino da retórica, dentro de seu contexto de vida, que passou por várias experiências filosóficas até se converter totalmente ao cristianismo. Primeiramente frequentou o maniqueísmo. Depois foi cativado pela filosofa de Platão, donde adquiriu muitas inquietações que favoreceram a conversão ao cristianismo. Depois da conversão, sem buscar honrarias eclesiásticas, e iniciado seus estudos teológicos, mais tarde foi ordenado diácono e depois presbítero. Com sua erudição e conhecimento é eleito ao episcopado, dirigindo a Sé em Hipona.
Pretendemos, nesse parco estudo explanar brevemente o histórico e os ideais filosóficos e teológicos de Sano Agostinho, após sua conversão. Através de seus escritos sintetizarmos a importância da busca da felicidade, como realização do ato credal da revelação.
1. AGOSTINHO: VIDA E OBRA
Conforme dados pesquisados nos textos do próprio Agostinho, como Mestre e Confissões, bem como, principalmente, em obras de historiadores e biógrafos do filósofo, como McGrade(2008), Mondin (2008), Pinheiro (2006) e Pessanha (1999), Aurelius Augustinus nasceu em Tagaste, moderna Souk-Aras da Argélia atual, ao norte da África, no dia 13 de novembro de 354. Seu pai era pagão e sua mãe, Mônica, uma cristã muito devota e que exerceu grande influência para a conversão do filho.
Segundo o historiador e filósofo Mondin (2008), o cristianismo inaugurou um diferencial no pensamento antigo, antes de sua passagem para a era medieval:
O cristianismo não é uma filosofia, mas uma mensagem de salvação, tendo sido reconhecido como tal desde o começo. Mas, com o passar do tempo, ele se tornou fermento poderoso também para a renovação da filosofia, restituindo à razão a confiança em si mesma, isto é, na sua capacidade para resolver os problemas últimos que atormentam a alma humana. Com isso, o cristianismo tirou a filosofia das areias nas quais fora atirada pelo cepticismo, e dirigiu-se para caminho desimpedido e seguro (MONDIN, 2008, p. 146).
Podemos entender, por essa linha de pensamento, que a filosofia tomaria nova forma mediante a nova interpretação do mundo que o cristianismo proporcionou o estabelecimento da Igreja crescente pós-autorização do cristianismo mediante o Édito de Milão[1], de Constantino, e liberdade de culto sendo permitida.
Aliás, a vida de Agostinho pode ser dividida em dois períodos, claramente distintos: antes da conversão e depois da conversão ao cristianismo. Antes da conversão, Agostinho interessou-se principalmente pela retórica e filosofia. Depois da conversão, concentrou seu interesse, sobretudo, na Sagrada Escritura e na teologia.
Agostinho foi filósofo, escritor, bispo e importante teólogo cristão do norte da África. Sua relação entre fé e razão, entre Igreja e Estado, dominaram toda a Idade Média. Agostinho começou seus estudos em Tagaste. Em seguida foi para Madaura, onde iniciou os estudos de retórica. Lia e devorava trechos dos poetas e prosadores latinos, entre eles Virgílio e Terêncio. Ele detestava a língua grega. Como consequência, jamais pode se valer da leitura dos autores helênicos, embora, mais tarde, para corrigir lacunas, a fim de aprofundar-se em exegese e na teologia, dedicou seu tempo para aprender, ainda que superficialmente o grego. Mas gostava mesmo de ler na língua materna e toda sua cultura se fez essencialmente latina.
Cursados os primeiros estudos em Madaura, ao sul de Tagaste, e a seguir em Cartago, ensinou oito anos de retórica nesta cidade. Desiludido com a pouca atenção e desinteresse de seus alunos, foi para Roma. Estudava retórica, música, física, matemática e filosofia. De Roma, transferiu-se para Milão, onde exerceu o magistério por dois anos. Em 371, mudou-se para Cartago, a maior cidade do Ocidente Latino (MONDIN, 2006, p. 147).
A primeira educação de Agostinho foi estritamente humanista, feita de gramática e retórica. Tendo iniciado os estudos em Tagaste, foi completá-los em Cartago, onde, depois da leitura de Hortêncio, “Uma introdução à filosofia de Cícero”, começou a interessar-se pela filosofia. Em Cartago, a filosofia dominante era o maniqueísmo. Agostinho não tardou em tornar-se ardoroso defensor desse sistema, com grande desgosto de sua mãe. Aos 19 anos, começou a ensinar retórica em Cartago. Rodeado por um grupo de discípulos inteligentes e por muitos amigos, abandonou o maniqueísmo. Depois de dez anos em Roma, abandonou definitivamente o maniqueísmo para abraçar, por um breve período, o Ceticismo da academia (MONDIN, 2006, p.147).
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