RESENHA - APRENDER ANTROPOLOGIA

APRENDER ANTROPOLOGIA

LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Brasiliense, São Paulo, 1988. Págs. 13-92.

Por Ricardo Rocha Diógenes

Os leitores podem iniciar seu processo de aprendizagem acerca da antropologia, em especial os momentos onde se traz os conceitos iniciais, apresentando um panorama amplo da área do saber. sendo recomendada para o público em geral, não somente para estudantes e/ou especialistas de Ciências Sociais.

Para Laplantine, o ser humano sempre se interessou em observar homens, refletindo sobre seus comportamentos e da sociedade. Somente no final do séc. XVIII que esta ação reflexiva se tornou um saber científico.

A antropologia primeiramente surgiu na Europa, pois outras regiões permaneciam inexploradas, nesta época, as sociedades estudadas eram as que ficavam distantes geograficamente, de dimensões restritas, de poucos contatos com os grupos vizinhos; cuja a tecnologia era pouco desenvolvida em relação a nossa; e nas quais há uma menor especialização das atividades e funções sociais. Estudavam-se as populações que não pertenciam à civilização ocidental.

Todavia, como é abordado no livro, com a evolução social, essas sociedades primitivas acabaram desaparecendo, fazendo com o que a antropologia tivesse uma crise de identidade, graças ao seu objeto de estudo.

Segundo LAPLANTINE, a antropologia passou a considerar as múltiplas dimensões do ser humano em sociedade, conduzindo uma especialização do saber: Antropologia Biológica; Antropologia Pré-Histórica; Antropologia Linguística; Antropologia Psicológica; e Antropologia Social e Cultural.

Ainda segundo o autor, mais do que estudar uma sociedade, a antropologia estuda todas as sociedades humanas, suas culturas, diversidades históricas e culturais. Ao estudar outras culturas, aprendemos mais sobre a nossa também. O projeto antropológico consiste em estudar a humanidade plural, ampliação do saber.

A antropologia em seu período inicial, que seria a pré-história da antropologia, procurava questionar coisas como: o homem selvagem uma alma? Até o século XIX, os estereótipos de mau selvagem e bom civilizado ganharam força, com o desejo de expulsão da cultura todos os que não participavam da faixa de humanidade à qual pertencemos e com qual nos identificamos.

Haviam também os especialistas que defendiam a ingenuidade dos povos, comentando que os mesmos cometiam, muitas vezes, menos barbáries do que nós mesmos. Alguns antropólogos acreditavam nesta área de saber uma maneira de fugir da prisão mecânica da cultura e estudar as formas primitivas da vida humana.

Diferente dos conceitos pré-antropológicos, que considerava os selvagens como estereótipos, houve a criação de um projeto antropológico, na qual existiu o desenvolvimento de vários conceitos. Mais do que observar o homem como um objeto e analisá-lo, a antropologia busca interpretar as interpretações.

A importância da antropologia, está na maneira como os estudiosos enxergavam os selvagens antes de delimitarem os conceitos desta área do saber e a fundação e desenvolvimento do saber relacionado ao homem, seus costumes e culturas de modo científico.