Resenha de Antropologia

COMO OPERA A CULTURA

Roque Laraia aborda o desenvolvimento cultural e sua relação com aspectos da vida em sociedade, sendo os pontos centrais do texto definidos em cada tópico que ele aponta. Conforme Ruth Benedict, a cultura pode ser comparada a uma lente, pois cada indivíduo enxerga a cultura sob sua perspectiva, ocasionando as distinções entre concepções culturais. Erroneamente somos levados a acreditar que nossa cultura é superior e desprezamos comportamentos desviantes - distintos do padrão imposto-, mas cada uma tem sua relevância. Nesse sentido, o autor traduz a necessidade de entendermos as diferenças culturais.

Indivíduos recebem sua herança cultural que condiciona seu modo de se comportar, pensar e agir, mas, para outras culturas, os comportamentos diversos dos seus padrões são comuns. Cabe salientar que os membros de uma cultura não perdem suas particularidades, pois dentro das sociedades serão considerados distintos. Há que se falar, portanto, em influência cultural no modo de se portar à mesa, na gastronomia e inclusive sobre as motivações cômicas. Marcel Mauss elucida, por exemplo, o parto como realizado de diferentes formas nas culturas. Assim, certas comunidades enxergam a cultura por sua lente e consideram que é mais correta, pondo-se no centro. Estas projeções etnocêntricas podem gerar discriminação, sendo imprescindível combater esta projeção de uma cultura ante outra.

A cultura torna os indivíduos coesos e, caso ocorra apatia (estranhamento), perde-se o laço que os vincula. Ademais, doenças psicossomáticas, horários de alimentação e curas de doenças em certas sociedades tribais estão atrelados à padronização cultural. Algumas tribos acreditam que rituais de cura realizados pelo xamã exterminam doenças. Sob a ótica de uma pessoa alheia a esta cultura poderia parecer inapropriada a realização deste ritual, mas para a tribo detém um significado diverso e acredito que este deve ser respeitado como elemento daquela sociedade. Por outro lado, Laraia expõe que o indivíduo de uma determinada cultura não está totalmente inserido em todos os elementos que a compõem, havendo entraves de idade e sexualidade. Dessarte, acentuo que certos aspectos culturais podem nunca ser aderidos por um indivíduo, porém este deve ter um mínimo possível de inserção para haver o convívio social. O Direito, por exemplo, busca tutelar no âmbito penal indivíduos com comportamentos desviantes que são “marginalizados”, visando manter comportamentos de quase a totalidade da sociedade.

Segundo Laraia, “a cultura tem uma lógica própria”, incorrendo em falha aquele que atua etnocentricamente, posto que não se deve considerar um sistema cultural distinto como irracional ou sem sentido. Sociedades tribais que analisavam fenômenos naturais de forma diversa da atual são coerentes, inclusive porque as considero precursoras de nossas concepções, as quais são apenas aprimoramento do que já existia empiricamente. Em última instância, cabe ressaltar que a cultura está sempre em mudança; embora aparentemente as sociedades simples mantenham muitos costumes, elas também são continuamente dinâmicas. As alterações podem ocorrer dentro do sistema cultural ou por contato com outras culturas, nesta hipótese são mais rápidas. Regras morais e até maneiras de se vestir são reflexos das mudanças, portanto, compactuo

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