Resenha Charles Wright Mills
Por: Thiago Teixeira • 31/12/2020 • Trabalho acadêmico • 1.028 Palavras (5 Páginas) • 276 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DISCENTE: Thiago Teixeira Bóbbo RA: 161224547
DOCENTE: Profª Dra. Regina Claudia Laisner
DISCIPLINA: Teoria Política
Resenha Charles Wright Mills
A questão das elites, trazidas à luz da ciência política principalmente a partir das obras de Vilfredo Pareto e Gaetano Mosca, se deu num período considerado no mínimo tortuoso em virtude de uma virada de século que trouxe consigo drásticas mudanças nos cenários políticos e sociais ao redor do mundo, desde formações de novos Estados até implementação de novas formas de organização social. O sociólogo Charles Wright Mills tem papel de contribuição fundamental na reflexão do tema, trazendo em suas obras a partir da década de 1950, notadamente “A Elite do Poder”, uma releitura da perspectiva elitista, que devido à sua metodologia posicional pode ser considerada como mais moderada se comparada, por exemplo, à visão de Schumpeter. Mills trabalha sua visão de elite a partir do contexto dos Estados Unidos, seu país natal e no qual habitou durante toda sua vida.
O sociólogo toma como base a noção de que na composição da elite estão presentes três grandes poderes, chamados também de tendências: o econômico, o político e o militar. Segundo Mills, são nessas hierarquias que se encontram centralizados os meios de poder da estrutura social, pois, somente por meio do comando de instituições que compõem os três grandes poderes é que é possível o real exercício de poder.
A interligação entre as três esferas é também de suma importância. Tal conexão deve-se principalmente à “permutabilidade” de papeis empreendida entre líderes de tais principais instituições, o que garante maior unidade entre os poderes.
Além disso, o pressuposto do caráter cumulativo do prestígio desfrutado por aqueles que têm acesso aos meios de poder é fundamental para se compreender as mecânicas de organização da elite.
O autor procura compreender a forma da elite e seus processos, para isso ele prioriza uma análise minuciosa de cada aspecto que toque a questão de maneira relevante, como as hierarquias e suas organizações e até os aspectos psicológicos de membros integrantes das elites. Dessa maneira o autor busca evitar respostas simplistas que entendam a história como uma conspiração elitista ou como uma sucessão de circunstâncias coordenadas pelo destino, assim como não se atrai por uma definição, considerada por ele como brusca e pretensiosa, de uma “classe dominante” marxista, ou do poder concentrado nos políticos, como definem os liberais, uma vez que a elite é na verdade uma grande fusão, em suas devidas proporções e em determinados contextos, dos três grandes poderes.
Tendo isso em vista, Mills define a elite do poder, de maneira geral, como os centros de cada uma das três esferas que, em conjunto, são os executores de decisões que tenham consequências de escala nacional ou internacional. Dito isso, contudo, é importante salientar a ressalva ao caráter de “correnteza de circunstâncias” da história e da tomada de grandes decisões, que se faz presente, em partes, uma vez que a complexidade da história não nos permite tais absolutismos.
A política, sendo forçosamente ligada aos três grandes poderes, é posta na visão de Mills como a rede que conecta todos os fatores, assim como os legitima. Pode-se observar em sua visão a caracterização de político àquilo que é burocratizado, tornando-se oficial e legítimo dentro do sistema de tomada de decisão americano. É a organização pela qual as instituições se estabelecem formalmente, sendo assim, ela é também o meio pelo qual vão ser exercidas determinadas decisões que expressarão uma ou outra natureza social.
Posto isso, o autor também deixa frestas consideravelmente grandes que dão vista aos valores embutidos em sua argumentação. A própria consideração substancial dos aspectos psicológicos da elite pode indicar algumas coisas.
É bastante destacado a presença de sentimentos de superioridade entre membros da elite, que chegam a crer, segundo o autor, que suas vantagens são uma extensão de sua natureza superior. Contudo, Mills deixa claro o interesse por tal fator dada a interferência do mesmo nos padrões de comportamento da elite e suas respectivas políticas dentro dos três poderes. Um paralelo pode ser traçado com a fundamental importância do prestígio e da celebridade nos processos de acesso ao poder. Somado a isso, o autor afirma também ser um dever o abandono da ideia da excelência como caráter inato à elite.
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