Resenha comparativa entre Joseph Schumpeter e Charles Wright Mills

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PÓLO UNIVERSITÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E CIÊNCIAS DA

SOCIEDADE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Suéllen Pereira Ribeiro

Resenha teoria política III

Professor: Márcio Malta

Campos dos Goytacazes

2017

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Resenha comparativa entre Joseph Schumpeter e Charles Wright Mills.

Joseph Schumpeter, nascido no ano de 1883 na Áustria, foi economista e cientista político. Entre suas obras está o livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia”, publicado no ano de 1942.

Charles Wright Mills nasceu no ano de 1916, nos Estados Unidos, foi sociólogo, pesquisador e professor. Uma de suas obras foi o livro "A Elite do Poder", publicado no ano de 1956.

Ambos os autores trataram, especificamente nessas obras, sobre a conjuntura da sociedade em sua visão política, econômica e relação de poder entre as classes.

Schumpeter discorre principalmente sobre a democracia e o bem comum da sociedade, onde a democracia seria a forma da qual se utilizaria para chegar a determinadas decisões políticas, focando no bem comum do povo, onde este seria responsável por eleger indivíduos através do voto para representá-los no governo. O bem comum é a vontade do povo, onde não deve haver divergências. Logo, depois do voto, os indivíduos eleitos pelo povo têm a função de tomar decisões se baseando no bem comum, ao invés de cada indivíduo que forma a sociedade opinar, tornando assim o processo mais eficaz.

Porém, vale ressaltar que, por mais que todos estejam atrás do bem comum, é possível que ele não seja o mesmo para todos. Ainda que tivesse um bem comum definido por todos, como a educação, haveria problemas individuais sobre algumas vertentes educacionais, onde uma parte da população poderia concordar com determinado método proposto e a outra parte não.

O conceito de vontade do povo se esvai, pois deveria ser algo aceito e entendido por todos de forma racional, porque a vontade do povo é diferente da vontade individual, pois não há como satisfazer a todos em suas vontades individuais. Os utilitaristas pegam as vontades individuais e por meio da discussão racional tentam torná-la em vontade do povo e assim tornar algo democrático, porém isso some quando a idéia de bem comum falha. Não há dificuldade na democracia, exceto o fato de fazê-la funcionar.

Outro ponto importante que Schumpeter descreve, é que o ser humano muda seu comportamento quando está em grupo, tornando-se ignorante politicamente, sendo assim, não vai seguir o que lhe é proposto. Desta forma, determinados grupos podem se aproveitar da situação e "modificar" o povo e até mesmo moldar a vontade do povo, inclusive na política que se torna algo fabricado. Assim conclui-se que a vontade do povo é o resultado e não causa principal na política.

Schumpeter afirma que a doutrina clássica se assemelha com a religião, usando de artifícios semelhantes para que o povo não perca a sua "fé", como o fato de tratá-los como iguais. O autor também é contrário a teoria clássica da democracia, afirmando que ao invés de tomar as decisões necessárias o individuo faz uma competição pelos votos do eleitor a fim de adquirir o poder da decisão. A democracia é como o governo faz suas escolhas e não o seu conteúdo, sendo assim há formas não democráticas de poder que vão suprir mais as necessidades da sociedade do que pelo meio democrático.

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Mills, por sua vez, tenta descrever o cenário das elites do poder na América, e como se dá a sua divisão. No caso, a elite é formada por grandes empresários detentores de grandes fortunas, abaixo deles estão os políticos, que nessa classificação se misturam as celebridades e abaixo dos políticos e celebridades estão os militares. Sendo assim, o poder nacional estava nas mãos dos detentores da economia, dos políticos e dos militares – as celebridades entram como figura pública para as massas.

As grandes instituições é o que sustentam as bases do poder, da riqueza e do prestígio, pois a elite não é apenas quem tem o máximo, mas sim quem possui essas três bases e, quanto mais se tem, mais se pode conseguir. Sendo assim, se tem a ciência de que nenhuma outra instituição tomaria o seu lugar no poder. Nenhuma família, igreja ou escola influência tanto a vida dos indivíduos quanto as empresas, militares e governo.

A elite tem o poder de escolher se toma ou não grandes decisões. Por mais que alguns não tomavam partido sobre uma determinada decisão, enxergavam que viviam numa época de grandes decisões, dessa forma concluíam que tomando ou não decisões deviam ter uma elite no poder. Se escolhessem dividir os problemas nacionais por igual para tomarem algum partido sobre eles, o poder seria centralizado e homogêneo restando abaixo apenas a massa dominada.

A sociedade local americana tem o contexto, de pequenas ou médias cidades, onde determinados grupos familiares se destacavam das demais, possuindo o poder local moral e econômico, ficando acima da classe média e da massa composta por assalariados. Os que possuem mais consciência de classe é a classe superior, os indivíduos das classes mais baixas nem sempre possuem essa consciência de classe.

Nessas cidades pequenas existem dois tipos de famílias de classe superior: as mais velhas (tradicionais do local) que vivem de renda, e as mais novas que possuem um espírito empreendedor econômico e social. Essas duas classes vivem em conflito por conta da disputa do prestigio. As famílias antigas vêem as novas como apenas interessadas no dinheiro, já as novas enxergam as velhas cobiçando o seu prestigio e como algo antiquado.

A sociedade local tem uma estrutura poderosa, onde as decisões locais podem ser tomadas pelos membros das igrejas ou grupos que julgam e decidem esses assuntos.