Resenha Crítica - Estigma de Goffman
Por: filipavo • 21/5/2016 • Resenha • 7.942 Palavras (32 Páginas) • 3.626 Visualizações
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RECENSÃO CRÍTICA
Filipa Ortigão de Oliveira Vaz Osório
Curso de 1.º Ciclo
Licenciatura em Sociologia
Ano letivo: 2014/2015
ESTIGMA, de Erving Goffman
Porto, 27 de Maio de 2015
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
CURSO DE 1.º CICLO
LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA
ANO LETIVO DE 2014/2015
ESTIGMA, de Erving Goffman
Realizado por Filipa Ortigão de Oliveira Vaz Osório
Recensão crítica para a Unidade Curricular de Teorias Sociológicas II, lecionada pela Professora Doutora Paula Guerra.
Porto, 27 de Maio de 2015
SUMÁRIO
I. Introdução 3
II. Desenvolvimento4
Conceitos4
Aplicação prática12
III. Conclusões 16
IV. Referências Bibliográficas 18
V. Anexos 19
I. Introdução
No âmbito da unidade curricular Teorias Sociológicas II, lecionada pela Professora Doutora Paula Guerra, foi proposta a elaboração de uma recenção crítica. O texto analisado são os três primeiros capítulos ou partes da obra Estigma, de Erving Goffman.
Na primeira parte, o autor define o que é o “estigma” e relaciona-o com outro conceito, o de “identidade social”. Na seguinte, Goffman fala do “controlo da informação” e desta vez interligado com a “identidade pessoal”. No terceiro capítulo, Goffman, desenvolve o tema do “alinhamento grupal” e da “identidade do eu”.
Erving Goffman foi um cientista social, antropólogo, sociólogo e escritor canadiano, considerado “o sociólgo norte-americano mais influente do século XX”. Pertencia a uma família de judeus ucranianos que emigraram e se dirigiam para o Canadá, onde o autor nasceu. Estudou na Universidade de Toronto e completou o seu trabalho de graduação na Universidade de Chicago. Foi pioneiro no estudo da interacção face-a-face, conhecida também por micro-sociologia, utilizando o teatro para fazer analogias às suas explicações. As suas principais áreas de estudo são a sociologia da vida quotidiana, a interação social, a construção social do “eu”, a organização social da experiência, e elementos da vida social, como as instituições totais e estigmas.
Goffman, embora tenha reinvindicado não ter sido um interacionista simbólico, é reconhecido como um dos principais contribuintes desta corrente.
Esta foi a obra escolhida para o trabalho, em questão, visto que se trata de um tema sempre atual, independentemente da época, existem sempre os estigmatizados, por muito que a sociedade possa passar a aceitar certo tipos de pessoas, antes estigmatizadas, existem, sempre, pessoas “diferentes” que sofrem de um estigma por parte da sociedade. Essas categorias podem diferenciar-se conforme os tempos, mas não deixam de existir estigmatizados.
II. Desenvolvimento
A. Desenvolvimento dos conceitos
Para uma primeira abordagem daquilo que é o estigma é importante referir as origens do termo. O termo, estigma, foi criado na Grécia antiga para se referir a sinais ou símbolos corporais, face aos quais se tentava demonstrar algo de mau acerca do status moral de quem os apresentava. Tal vem até aos dias de hoje. A sociedade, está cheia de sinais identificadores de características negativas ou diferenciadoras dos indivíduos, incorporados na mente de cada um. Estes sinais foram sempre muito importantes para a vida social permitindo o seu funcionamento e organização. Na Grécia Antiga as marcas eram feitas pelo corte na pele ou pelo fogo, demarcando que a pessoa era escrava, criminosa ou traidora. Já na época medieval existia uma linha de sinais corporais relacionados com a graça divina e, por outro lado, começou-se a criar sinais como um distúrbio físico.
Atualmente, numa sociedade de comunicação e conhecimento, os indivíduos tem muita necessidade de catalogar o que os rodeia. Assim, nas relações sociais há uma inevitabilidade do rótulo, começando a existir atributos que nos servem para rotular pessoas.
A própria sociedade estabelece os meios de categorização e os atributos comuns e naturais de cada uma dessas categorias. Em determinado ambiente social é expectável encontrarmos determinado tipo de pessoas, com características comuns, que as pessoas categorizam e associam, pessoas com as mesmas características a esse ambiente. Quando estamos perante um estranho aquilo a que prestamos atenção são, exatamente, essas caracterísitcas e atributos que nos permitem categorizá-lo, é o que Goffman chama de identidade social.
Esta identidade social pode, todavia ser distinguida de duas formas. As pré-conceções que fazemos, de modo a facilitar a categorização, levam-nos a expectativas, exigências, que temos face àqueles que nos rodeiam. Se estas exigências forem cumpridas nem damos conta de que elas existem, contudo, se estas não forem realizadas, um problema surge e percebemos que estivemos a analisar e catalogar o indivíduo com quem estamos a interagir, ou que está a nossa frente. Atribuímos-lhe desta forma uma identidade social virtual. Distinguimos desta a identidade social real do indivíduo que representa os atributos e características que realmente o indivíduo possui.
Por vezes o indivíduo possui um atributo que o torna diferente do resto das pessoas. Isso coloca-o numa posição desfavorável, inferior. Deixamos de o considerar como uma pessoa total e comum, passando a vê-lo como uma pessoa estragada e diminuida. Essa característica é um estigma. O estigma constitui uma discrepância específica entre a identidade social real e a identidade social virtual.
O termo estigma é então usado para denominar atributos puramente depreciativos. Todavia, não são propriamente os atributos que são importantes, mas sim a relação entre as pessoas, e o que o outro pode achar desse atributo. Por vezes há uma necessidade de esconder alguma caracterísitca específica, como o nível de escolarização, quer seja por termos a mais ou a menos, pois podemos ser rotulados quanto a isso. As pessoas têm, eventualmente, de esconder o seu nível de estudos para que os outros não pensem que são uns fracassados ou que até têm um bom nivel escolar, mas não o aproveitam. O mesmo acontece para diferentes características de todo o tipo.
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