Resenha: Nordeste, Nordeste, Que Nordeste
Por: Jones0010 • 16/7/2015 • Resenha • 1.093 Palavras (5 Páginas) • 484 Visualizações
Este texto da autora Tânia Bacelar Araújo tem como enfoque principal destacar as principais características e perspectivas da região Nordeste do Brasil no período de 1960 até 1992.
Para melhor interpretação a autora separou sua dissertação em pontos onde discorre sobre evolução da economia, heterogeneidade econômica, articulações econômicas regionais e dimensão social e persistência da pobreza.
Sabemos que até a década de 60 o Nordeste era uma região caracterizada pela extrema pobreza e pouca participação na integração do PIB brasileiro, contudo segundo a autora isso começa a mudar na década de 1960, sendo então sua economia substituída por um forte dinamismo e numerosas atividades que ali se desenvolveram, mesmo a pobreza ainda sendo uma das principais marcas do Nordeste.
Nas pesquisas realizadas por Celso Furtado mostra que enquanto o crescimento econômico do Sudeste era comandado por indústrias de manufatura o Nordeste continuava com o ultrapassado setor primário exportador, dessa forma o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste propôs o estimulo a industrialização no Nordeste como forma de superar as dificuldades geradas pela velha base agroexportadora.
Os resultados foram que, em 1967 e 1989 a agropecuária reduziu sua contribuição no PIB regional enquanto que a indústria passou de 22,6% para 29,9%. Segundo os dados do IBGE e da SUDENE, e comparando o desempenho da economia brasileira com a região do Nordeste, verifica-se uma melhoria na participação da região com o PIB do país que aumentou de 12,6% para 15,8%.
Outro aspecto interessante em relação à economia nordestina é o fato da mesma ter sido o menos atingido com as crises que se sucederam nos anos seguintes, isso acontece porque as crises afetam de forma muito mais impactante as indústrias de bens de capital e bens de consumo duráveis, como essas indústrias não possuem grande presença no tecido industrial do Nordeste este se mantém se especializando mais na produção de bens intermediários para exportação. Juntamente a esse fato a região nordestina implantou uma agricultura moderna de grãos, também voltada à exportação, ajudando-a a resistir aos efeitos da retração interna.
De tradicional região produtora de bens de consumo não duráveis (têxtil e alimentar, principalmente), vai-se transformando, nos anos pós-60, numa região industrial mais especializada em bens intermediários, com
destaque para a instalação do polo petroquímico de Camaçari, na Bahia, e do complexo minero-metalúrgico, no Maranhão, sem falar do polo de fertilizantes de Sergipe, do complexo da Salgema em Alagoas, da produção de alumínio no Maranhão, dentre outros. (Araújo, 1981)
Apenas em 1980 com a intensificação da crise que o Nordeste também teve queda em sua economia.
Uma das principais características especiais da economia do Nordeste é o papel do setor público já que ele patrocinou fortemente o crescimento econômico determinando os rumos dos seus dinamismos como bens imóveis, serviços às empresas, atividades financeiras, produção de energia elétrica, abastecimento de agua serviços comunitários sociais e pessoas e comércio.
Como já dito anteriormente o desenvolvimento industrial do Nordeste se deu através de incentivos governamentais, assim surgiram inúmeros polos industriais que se especializaram em atividades de produção de produtos intermediários, todavia em outras áreas a resistência á mudança permanece sendo a marca principal do ambiente socioeconômico: as zonas cacaueiras, canavieiras e o sertão semiárido são as principais e históricas áreas desse tipo. Nesses espaços a modernização é restrita e muito seletiva ajudando a manter um padrão dominante tradicional. Devido ao PROÁLCOOL as zonas canavieiras se expandiram de forma significativa nos anos 70, contudo as mesmas ocorreram com a incorporação de terras sem aumento da produtividade. No caso do semiárido com o desenvolvimento da agricultura mecanizada e modernizada faz a sobrevivência das pequenas famílias que vivem desse trabalho se tornar cada vez mais difícil.
Só resta a essas pequenas famílias buscarem ajuda governamental quando os agricultores ficam descapitalizados. Por fim nas áreas cacaueiras á resistência à mudança ocorre devido à queda nos preços internacionais do cacau.
Todos sabem que as velhas estruturas oligárquicas contribuem para o aumento da rigidez ás mudanças, o processo de concentração fundiária na mão de poucos só tem dificultado qualquer interação com propostas de reforma fundiária.
O novo parque industrial instalado a partir dos anos 60 com o apoio dos incentivos federais mantém estreitas articulações econômicas com outras regiões brasileiras, mais particularmente com o Sudeste, assim como o mercado de produtos de onde das vendas realizadas apenas 36% é destinada ao próprio estado do Nordeste e o restante 44% vai para o Sudeste.
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