Resenha O Império e a Criação de Uma Ciência Social
Por: christine_sandes • 14/11/2022 • Resenha • 1.416 Palavras (6 Páginas) • 230 Visualizações
RESENHA -O Império e a criação de uma Ciência Social
O livro ‘’O Império e a criação de uma Ciência Social’’ da cientista social Raewyn Connell aborda e analisa como o cânone clássico da sociologia foi criado, principalmente nos Estados Unidos, como parte de um esforço de reconstrução depois do colapso do primeiro projeto de sociologia euro-americano. O livro está estruturado em 7 partes, com ensaios que tratam de temas sobre as ciências sociais, como a origem, metodologia, imperialismo e a ‘’nova’’ sociologia. Que com base na autora, o cenário imperialista contribuiu para a nova fundação de uma nova história fundadora e descrições da construção sociológica. Neste cenário, o livro de Connell oferece a oportunidade de reflexão e compreensão dos fatos sociológicos e a construção da ciência social.
Na primeira parte ‘’Origem da história’’, aborda sobre a visão normalmente apresentada acerca dos pais fundadores da sociologia (Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber) e sua mudança no campo da sociedade europeia, como a Revolução Industrial, Estado Moderno e classes. Além disso, atribui a ideia da teoria clássica com um cânone particular, que embute uma doutrina internalista da história da sociologia como uma ciência social. Também demonstra a abordagem de uma introdução a formação dos clássicos. Nesse âmbito, é possível notar como o retrato convencional da criação da sociologia é ambíguo e é necessário um olhar coletivo, acerca dos métodos sociológicos que construíram os períodos da sociologia.
Na segunda parte ‘’ A Diferença Global e o Império’’, leva aspectos da sociologia como disciplina acadêmica e seu contexto europeu, além da fundação internalista e a visão do seu processo de modernização. A principal dificuldade com esta visão é que ela não se enquadra com os compêndios mais gerais de sociologia. Como exemplo pode-se abordar sociólogos como Emile Durkheim, que abordava temas europeus e norte-americanos modernos. Por conseguinte, diz sobra a ideia de diferença global que é o enorme espectro da história humana que os sociólogos tomaram como seu domínio era organizado por uma ideia central de que a diferença entre a civilização da metrópole e outras culturas cuja característica principal era seu primitivismo. Neste gênero de escrita, sociólogos poderiam postular um estado original da sociedade e então especular sobre o processo de evolução que deve ter sido levado daquele tempo até hoje. Em nenhum desses trabalhos estava a ideia da origem tomada como uma questão histórica concreta, isso pode ter sido assim porque o conhecimento histórico sobre as sociedades iniciais crescia dramaticamente naquelas décadas. Entretanto os sociólogos não estavam interessados em onde e quando um evento originalmente particular ocorreu, nem estavam preocupados a respeito de quando as principais mudanças verdadeiramente aconteceram. E com o tempo, funcionou o pensamento sociológico principalmente como um sinal da diferença global. Levando isso em conta, o processo de criação da sociologia nos leva para uma nova significância. Os lugares onde a disciplina foi criada foram os centros urbanos e culturais dos principais poderes imperiais na grande onda do imperialismo moderno. A sociologia era formada dentro da cultura do imperialismo e incorporou uma resposta intelectual ao mundo colonizado. Este fato é crucial para entender o conteúdo e o método da sociologia, assim como a ampla significância cultural da disciplina.
Na terceira parte ‘’O conteúdo e o método da sociologia’’, a parte inicial aborda sobre como os sociólogos abordavam teorias emolduradas nas ideias positivistas de Comte. Os escritos dele, a principal ideia tinha a ver com a sequência antigo-medieval-moderno na Europa. Os críticos do final do século dezenove rejeitaram a arbitrariedade do sistema de Comte e demandaram uma base empírica para o conceito de progresso. Este era um terreno comum entre Spencer e Letourneau e é um fato de maior significância que ambos os autores tenham se voltado ao dividendo etnográfico do império como sua principal fonte de dados sociológicos. Na época em que a sociologia foi institucionalizada, na última década do século, a prova central do progresso foi o contraste entre sociedades metropolitanas e colonizadas. Os sociólogos não debateram a importância deste contraste. Ao invés disto, eles debateram como ele poderia ser interpretado se através de evolução física de tipos humanos inferiores a superiores, ou uma evolução dos padrões mentais e sociais; se a competição ou cooperação era o motor do progresso, ou seja, A Divisão do Trabalho de Durkheim não era um texto fundador, mas sim uma intervenção tardia em um debate de longa duração. Além disso, a sociologia refletia de maneira mais direta as relações sociais do imperialismo, como assuntos sobre gênero e sexualidade. O sociólogo Spencer e Letourneau foi um dos primeiros a abordar da temas e influenciar a maior ampliação desse campo de pesquisa. Parte disto pode ser explicado em linhas internalistas através da influência do feminismo da primeira-onda. Mas o modo como as temáticas de gênero e sexualidade adentravam na sociologia era muito mais afetada pela preocupação evolutiva e os problemas do império. No contexto imperial, as questões raciais e sexuais não estavam separadas. A característica mais impressionante do método sociológico era sua abstração corajosa. Comte ofereceu “leis” culturais de vasto escopo, e o encontro inaugural da Sociedade Americana de Sociologia, 60 anos depois, ainda continuava celebrando extraordinariamente as “leis” da evolução social.
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