Resenha ao Texto: Empresariado, Regime Autoritário e Modernização Capitalista 1964-86
Por: João Lopes • 27/9/2018 • Resenha • 672 Palavras (3 Páginas) • 246 Visualizações
Resenha referente ao texto “Empresariado, regime autoritário e modernização capitalista: 1964-86” de Eli Diniz
De acordo com Eli Diniz, o Brasil é marcado por uma política predominante de centralização do Estado, principalmente durante as ditaduras militares de Vargas e o governo militar que se instaurou em 64. A principal política adotada era a substituição de importações, que inclusive chegar no setor industrial. Essa política tinha como elemento principal o repasse ao Estado do desenvolvimento nacional. Para que esse viés econômico desse ligeiramente certo, a autora analisa o fato de que o Estado fez uma aliança corporativista-institucional de mediação do “mundo de interesse” e da “esfera estatal”. Pode-se notar isso, por exemplo, ao se referirem a destruição de grande parte de associações espontâneas destruídas pelo Governo Vargas, que acabou privilegiando a formação e o desenvolvimento de associações dos grandes empresários industriais. Essa parceria então vai determinar grande parte do desenvolvimento econômico do país e a instauração de um sistema que se mantêm até hoje. Essa prática corporativista foi-se tornando naturalizada no sistema político, até institucionalizar. Assim, os grandes empresários negociavam diretamente com o poder executivo, longe do grande público e sem interferência de fatores políticos externos. Até mesmo depois da Era Vargas, essa política era visível, e ainda aumentando cada vez mais a “instauração de um sistema político semi competitivo, caracterizado pela reduzida autonomia dos instrumentos de representação e pela marginalização da instância parlamentar do processo de formulação de políticas”(pág.200). Com o início do golpe de 64, essa fragmentação e centralidade dos interesses acabou se acentuando ainda mais, principalmente com o aprofundamento de um ultrapresidencialismo o que diminuiu cada vez mais o papel
do congresso nacional, dificultando a participação de “diferentes agências e comprometendo a coerência de políticas governamentais. Podemos então, caracterizar o regime autoritário de 64 a 85 como tecnocrata na gestão da economia e deslegitimador das ações dos partidos e do Congresso, atrelando ao executivo a ideia de modernização e desenvolvimento. Essas características levaram, enfim, à “formação e consolidação do empresariado industrial e das organizações representativas do seus interesses.” Porém, essas características também levaram a formação de um ator coletivo, sem autonomia, que dependia cada vez mais do Estado para sua subsistência.
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