TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Resenha bordieu - os usos sociais da ciência

Por:   •  25/7/2019  •  Resenha  •  946 Palavras (4 Páginas)  •  1.630 Visualizações

Página 1 de 4

RESENHA:

BOURDIEU, P. Os Usos Sociais da Ciência. Editora Unesp: 2003. 17-40

Raimara Gonçalves Pereira

Bourdieu (2003), inicia seu texto ressaltando o interesse em contribuir na reflexão acerca da lógica própria do mundo científico e a forma particular que a lógica assume objetivando desencadear o processo de auto - análise coletiva.

Assim, para o autor, faz-se necessário a elaboração de questionamentos a respeito da produção de verdades sobre si próprio, sendo, pois,  uma organização coletiva da reflexão. Não bastando, de acordo com o autor, a produção de reflexões cientificas, fazendo-se necessário a instauração de estruturas de troca que tragam em si mesmo o princípio de sua própria regulação. O que permite, nesse sentido, formas de reflexões  que vão além das especulações de especialistas e de todas as recomendações  de comitês e de comissões. Ressalta-se que Bourdieu (2003), considera em seu texto o  INRA como objeto, havendo a intenção de fornecer “instrumentos de conhecimento”  que  pareçam indispensáveis para a construção de uma representação verdadeira,  e útil da ação.

Bourdieu (2003), aponta que as produções culturais, a filosofia, a história, a ciência , a arte e a literatura, são objetos de análises com pretensões cientificas. Há uma história de literatura, uma história da filosofia, uma história das ciências, assim em todos esses campos encontra-se a mesma oposição, o mesmo antagonismo, frequentemente considerados como irredutíveis, sendo o domínio da arte, certamente, um dos lugares onde essa oposição é mais forte,  entre as interpretações que podem ser internalistas ou internas.

No uso das ciências, deparamo-nos com as mesmas oposições em relação a história da filosofia. O que demonstra a perpetuação da ciência, desse modo, a ciência se engendra a si mesma fora do mundo social. O autor ainda aponta, que para escapar dessas alternativas elaborou-se a noção de campo, apontando que  trata-se uma ideia extremamente simples, cuja função negativa é bastante evidente. Assim para compreensão da produção cultural não basta referir-se ao conteúdo textual da produção, nem ao contexto social desta.

No universo do campo literário, artístico, jurídico ou científico há presença de um mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas. Assim a noção de campo se faz presente para designar esse espaço autônomo dotado de leis próprias. Cabe ressaltar o grau de autonomia que os campos possuem, sendo um dos problemas conexos o de saber qual é a natureza das pressões externas , a forma pela qual elas manifestam e as resistências que caracterizam sua autonomia, ou seja, os mecanismos  que o microcosmo aciona para se descoberta das imposições externas.

É preciso, segundo Bourdieu (2003), fugir dos modos de ciência pura que sujeita a todas as demandas politico- econômicas, haja vista que o campo cientifico , considerando-se assim, o mundo social , independe das pressões do mundo social global que o envolve, sendo a capacidade de refratar a forma mais específica de traduzir as demandas externas e internas.

De acordo com Bourdieu (2003), quanto mais autônomo for um campo maior será seu poder de refração,  ao passo que  o poder de refração evidencia o  grau de autonomia no que tange o poder de refração e de  retradução. Todo campo cientifico emana um campo de forças, onde as lutas que ali ocorrem  conservam ou transformam esse campo de forças. Segundo o autor, faz-se necessário, para reflexões práticas, analisarmos “o que comanda os pontos de vista o que comanda as intervenções cientificas , os lugares de publicação, os temas que escolhemos, os objetos pelos quais nos interessamos etc. (BOURDIEU, 2003, p.  23 )”. Haja vista que, a estrutura das relações objetivas entre os agentes, incide diretamente sobre o que se pode e não pode fazer, ao passo que a estrutura das relações incide diretamente na distribuição do capital científico num dado momento. Cabe ressaltar, que o que define a estrutura de um campo é o modo de distribuição do capital cientifico entre os diferentes agentes que permeiam este campo. Sendo o capital científico uma espécie simbólica do capital simbólico que consiste no reconhecimento atribuído pelo conjunto de pares concorrentes no interior do campo científico.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (6.1 Kb)   pdf (75.9 Kb)   docx (9.2 Kb)  
Continuar por mais 3 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com