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Resenha "O uso dos bens" In: O mundo dos bens: para uma antropologia do consumo.

Por:   •  6/1/2022  •  Resenha  •  648 Palavras (3 Páginas)  •  301 Visualizações

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 DOUGLAS, Mary e ISHERWOOD, Baron. 2004 [1979]. Os usos dos bens. In: O mundo dos bens: para uma antropologia do consumo. Rio de Janeiro: UFRJ. 

Na leitura de Mary Douglas e Baron Isherwood intitulada como o mundo dos bens, desprende-se a ideia da construção de uma ponte que visa enfatizar o argumento dos economistas e dos antropólogos sobre o comportamento consumista e a motivação que levam os indivíduos a desejarem objetos, sem culpabilizar a materialidade e o consumismo, respectivamente. O texto sugere uma compreensão do consumo como uma série de rituais, destacando que os padrões de consumo são o norte que auxiliam a exposição do molde das sociedades num todo geral.

A obra tem como objetivo a análise dos fluxos dos bens e a relação deles com a sociedade, uma vez que esta é afetada por eles. Num seguinte desdobramento, é levado em conta também como eixo central do debate, as proporções culturais e simbólicas do consumo, as motivações variadas que conduzem a prática do consumo e por fim os bens de consumo, denominados como mensageiros de camadas culturais e que determinam o contexto valorativo do corpo social.

          O consumo é inserido no posto de atividade ritual que utiliza os bens a fim de propiciar a manifestação de uma série de opiniões pessoais nos processos que classificam os indivíduos e os fenômenos. Em outras palavras, os sujeitos se debruçam na ideia do ato de consumir e a partir dessa lógica, inferem significados sobre eles mesmos e o mundo, constituindo a atividade econômica como um procedimento enérgico que constantemente redireciona as categorias da sociedade. Tanto Douglas quanto Isherwood apontam um outro aspecto fundamental: o consumo pode ser encarado como uma arena na qual a cultura seria o instrumento dos confrontos que lhe confere formato. Posto isto, a cultura ganha configuração a partir de escolhas que podem ser contraditórias, efetuadas esponteamente pelos consumidores. É importante ressaltar que essas escolhas livres são impulsionadas por fatores sociais, políticos e econômicos, uma vez que são condicionadas por questões culturais de como os sujeitos desejariam se apresentar em convívio social.

Posteriormente, os autores apresentam o conceito de consumo como uma área de comportamento cercada por leis que demonstram a utilização dos bens para além do âmbito do comércio, do ato da compra. O consumo é capaz de construir relações que ultrapassam o ato da compra, essas relações são extrapoladas e seguem em direção as nossas vivências no meio social. É possível, portanto, chegar a uma ideia universal de consumo que pode ser empregada tanto em sociedades industriais como nas sociedades ditas pré-industriais por meio da elaboração desta definição.

 Partindo da premissa que os bens determinam as categorias culturais, ou seja, são os acessórios de rituais nesse sistema, porque concedem aos indivíduos a capacidade de lerem os eventos sociais, deve-se compreender que os sujeitos necessitam buscar o entedimento do contexto em que estão inseridos para que seja possível entender o significado de suas próprias escolhas no meio social. Os bens não só satisfazem as necessidades físicas como também carregam uma interlocução social. Em outras palavras, eles tem como finalidade a estipulação de laços sociais que estão em jogo e a responsabilidade em dar conta das questões culturais.

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