Resumo Comentado do livro “La Raza Cosmica” de José Vasconcelos
Por: Huenderson Cleiber • 24/7/2019 • Resenha • 3.183 Palavras (13 Páginas) • 478 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Educação Étnico-Racial, Diversidade e Meio Ambiente
Trabalho Final
Huenderson Cleiber dos Santos
Matrícula: 100950076
SÃO JOÃO DEL-REI
18 DE NOVEMBRO DE 2015
Resumo comentado do livro “La Raza Cosmica” de José Vasconcelos
O livro “La Raza Cosmica” de José Vasconcelos tem como tese principal a ideia de que as diferentes raças do mundo tendem a mesclar-se cada vez mais até formar um novo tipo humano composto com a seleção de cada um dos povos existentes. Essa ideia surgiu na época em que prevalecia no mundo científico a doutrina darwinista da seleção natural que salva aos aptos e condena aos fracos, doutrina que, levada ao terreno social por Gobineau, deu origem à teoria do ariano puro, defendida pelos ingleses, e que futuramente, culminou no nazismo na Alemanha.
O autor nos apresenta uma variada explicação sobre as origens e formação das raças, as quais ele expressa como dados intuitivos apoiados na história e na ciência. “La Raza Cosmica” pode ser visto como uma resposta à derrota da Espanha na guerra hispano-americana. Travado em 1898, o conflito rendeu aos EUA o controle sobre diversas colônias espanholas, entre elas Cuba, Porto Rico, Guam e as Filipinas. E gerou um imenso dilema para as colônias emancipadas: defender a antiga metrópole, agora um país decadente, porém culturalmente afim, ou defender a nova potência cuja revolução inspirara a independência latino-americana, mas cuja expansão começava a ser percebida como ameaça? Vasconcelos segue o primeiro caminho.
Vasconcelos é um megalomaníaco. O texto é uma defesa de uma civilização que surgirá e estabelecerá o caminho certo para o mundo. Encontra-se no texto que a miscigenação levará a formação da raça cósmica, que constituirá a melhor de todas as civilizações existentes. Na realidade, ele não estaria falando de uma nova “raça genética”, mas sim de uma nova “raça cultural”. Ou seja, uma quinta raça diferente das quatro raças anteriores (branca, amarela, negra e vermelha). O autor desenvolve suas ideias ao longo de todo o trabalho comentando a história e civilização de diversos países e culturas: egípcios, gregos, ibéricos, americanos, etc. Para explicar que a miscigenação é uma saída (num período de defesa do darwinismo social), o autor apoia-se em uma curta explanação do período egípcio, onde, segundo o autor, no período em que os brancos encontraram os negros, a civilização encontrou o seu apogeu.
Já os pensamentos ocorridos na formação étnica do Brasil tiveram como início as influências de Gobineau, que era amigo de D. Pedro II, e a partir disso difundiu seu pensamento no país. Para tanto, o livro “Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas” de Gobineau, teve bastante influência no Brasil. O quadro abaixo relata as ideias básicas desse livro a respeito das características intrínsecas de cada raça.
BRANCO | AMARELO | NEGRO | |
Características positivas | Racionalidade Competência científica Inovação | Religião Especulação Metafísica | Dionisíaca (otimista) |
Características negativas | Ociosidade urbana Desregramento | Conservadora Tradições | Inferior intelectualmente |
A solução para a construção de um Brasil civilizado dependeria da inclusão de brancos no país para que eles mantivessem relações com a população brasileira. Dessa forma, construiu-se um pensamento que passava a imagem que o Brasil estava se embranquecendo e esse processo continuaria até diminuir bastante a população indígena e negra. Portanto, no pensamento social brasileiro existia a ideia de eliminar aos poucos a população negra e indígena por meio da miscigenação.
Já no pensamento de Vasconcelos, encontramos uma defesa da miscigenação, onde assim se constituirá uma raça diferente de todas as outras e que construirá pirâmides, eliminaria “pessoas feias” e agregaria as melhores características de cada raça. Vasconcelos acabou por defender o surgimento de uma nova raça, mas deu explicações megalomaníacas do que essa raça seria capaz de fazer.
Vida e obra de Gilberto Freyre
Gilberto Freyre (1900-1987) foi um sociólogo, historiador e ensaísta brasileiro conservador. Autor de "Casa Grande & Senzala" que é considerada, a obra mais representativa sobre a formação da sociedade brasileira. Nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 15 de março de 1900. Filho do professor Alfredo Freyre e de Francisca de Melo Freyre. Teve como professor particular o inglês Williams. Com o pai, aprendeu latim e português. Estudou no Colégio Americano Batista, no Recife, onde se bacharelou em Letras, sendo o orador da turma. Aos 17 anos, foi para os Estados Unidos como bolsista, fixando-se no Texas, onde ingressou na Universidade de Baylor. Estudou artes liberais no nível de graduação e especializou-se em política e sociologia. Fez sua pós-graduação, na Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, obtendo o grau de mestre com o trabalho "Vida Social no Brasil em Meados do século XIX", orientado pelo antropólogo Franz Boas, radicado nos Estados Unidos, de quem recebeu grande influência intelectual.
Viajou para a Europa, visitando vários países, completando sua formação acadêmica. No período que ficou no exterior, escrevia artigos para o jornal Diário de Pernambuco, sobre livros e temas diversos. O hábito de escrever em jornais perdurou pela vida toda.
De volta ao Recife, foi convidado pelo reitor da Universidade do Distrito Federal, o educador baiano Anísio Teixeira, para lecionar Sociologia. Tornou-se também técnico do serviço do Patrimônio Histórico Nacional. Entre 1933 e 1937 escreveu três livros voltados para o problema da formação da sociedade patriarcal no Brasil: "Casa Grande & Senzala", "Sobrados e Mucambos" e "Nordeste". Nesse desenvolve teses geográficas, sendo considerado o pioneiro da ecologia.
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