Resumo a Construção do Dilema Raça Versus Classe
Por: sofiamaia22 • 10/2/2022 • Resenha • 494 Palavras (2 Páginas) • 101 Visualizações
A primeira parte do texto retoma como a literatura sociológica abordou a situação dos negros no Brasil, principalmente até os anos 2000. Depois, vertentes mais atuais, mas ainda assim defasadas, até o ano de 2015, foram analisadas de forma quantitativa pelos autores Márcia Lima e Ian Prates.
A construção do dilema raça versus classe: as origens da discriminação e seus efeitos
No início do artigo, os autores propõem que nós leitores devemos ter 3 perspectivas em mente:
1. Os negros ocupam as piores condições sociais devido ao fato de terem emergido recentemente da escravidão, período em que havia preconceito de classe e não racial;
2. O preconceito racial é um resquício da escravidão e é incompatível com o desenvolvimento de uma sociedade de classes;
3. A discriminação racial sempre preserva os privilégios e os ganhos materiais e simbólicos para os brancos ao promover uma desqualificação competitiva dos negros.
A partir dessa premissa, os autores afirmam que essas perspectivas começaram com a pesquisa realizada por Pierson, entre os anos de 1935-1937, onde o autor concluiu que apesar de as classes altas serem mais claras, o preconceito vigente era o de classe e não o de raça.
Um dos marcos das análises que estão muito presentes na nossa sociedade foi o estudo realizado por Florestan Fernandes e Roger Bastide, em 1955. Nessa análise, foi comprovada a existência do preconceito, mas ele não era suficiente para explicar a desigual inserção dos negros na sociedade. A pesquisa de Bastide apontou que elementos como a industrialização e a urbanização da cidade de SP acabaram por levar às manifestações de preconceito.
Foi com a pesquisa de Hasenbalg, na década de 70, que os termos “preconceito de cor” e “desigualdades raciais” garantiram destaque. Foi a partir daí que o emprego de dados estatísticos se tornou uma forma de explicar algo experimental.
Há também a análise de Berquó a respeito de mortalidade, natalidade e fecundidade, onde foram vistos altos níveis de mortalidade infantil entre as pessoas mais pobres da população, que era composta, em sua maioria, por negros e pardos.
Também foram vistas acentuadas diferenças no acesso, permanência e finalização do ensino médio e superior entre pessoas brancas e negras. Mesmo quando crianças negras e brancas tinham características similares de classe, as desigualdades entre estas para completar o ensino fundamental eram grandes.
Ainda, esses estudos mostraram que essas diferenças no acesso à educação refletiam de forma decisiva no acesso ao trabalho e na estrutura ocupacional, fazendo com que pessoas não brancas ocupassem posições manuais, menos qualificadas e pior remuneradas no mercado de trabalho.
De acordo com o estudo de Silva (1988), o autor concluiu que, qualquer que seja o grupo ocupacional de origem que se tome como referência, os negros estão mais concentrados nos estratos ocupacionais inferiores, fazendo com que estes indivíduos estejam expostos a chances menores de ascensão social.
A partir desse tópico, nota-se que ao longo das décadas de 80 e 90, houve grande esforço analítico para identificar o peso da raça na desigual inserção dos negros na escola e no mercado de trabalho.
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