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Por: Klynton Souza • 30/4/2018 • Monografia • 3.996 Palavras (16 Páginas) • 164 Visualizações
História da Fotografia
Segundo Roland Barthes, a fotografia, por ser construída em parte por um aparelho técnico, capta um real puro e é uma imagem híbrida, pois apresenta uma mensagem com conteúdo histórico, social e cultural.
Conforme Janson (2001), a primeira fotografia reconhecida é de Joseph Nicéphore, físico francês, em 1826, que utilizou de um processo chamado heliografia: consistia em usar pedaço de estanho coberto por uma substância que parecia asfalto para capturar a foto. Outro francês, Louis Daguerre, criara efeitos visuais através da câmara escura que consistia em uma caixa equipada com um espelho e uma lente. Este mesmo francês foi marcado por outro desenvolvimento: redução no tempo de revelação da fotografia utilizando impressão positiva (daguerretipia). Já Willian Fox Talbot trouxe o calotipo, conceito positivo negativo usado até os dias atuais, que se trata de folhas de papel cobertas com cloreto de prata gerando em outra folha a imagem positiva.
Janson afima que, no século 18, o fotógrafo Timothy O’Sullivan já inovava ao fotografar em novos cenários com paisagens feitas no ar ao debaixo d’água. O jornalismo fotográfico já se destavaca no intuito de representar a verdade. Matthew Brady foi o primeiro grande jornalista fotográfico. Realizou a cobertura da guerra civil. Na mesma linha, foi o ex-companheiro de Brady, Alexandre Gardner, que se destacou por registrar o Lar de um Atirador Rebelde, realidade dos soldados nos campos de batalha.
Segundo (Leite, 2011), as cartes de visite desenvolvidas pelo francês André Disdéri, no ano de 1854, são fotografias que carregam dentro de si a função de ampliar o campo de ação dos retratos fotográficos, fazendo isto com o uso de novas formas de uso das técnicas já existentes, como o negativo de vidro em colódio úmido e a cópia em papel albuminado.
O repórter jornalístico Jacob Riis, através da invenção do “flash” de pólvora, trouxe para a fotografia o elemento da surpresa. Riis, um dos primeiros fotógrafos a usar a câmera para registrar problemas sociais, retratou bairros pobres, cortiços, atuações policiais e o degradante estilo e condição de vida dos imigrantes que chegaram à Nova York na virada do século XIX.
A partir do século XIX, a fotografia vai tomar o seu lugar nesse mundo das imagens, ao qual vem alterar de forma radical no contexto da Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica. Por um lado, a fotografia veio responder a uma demanda crescente de imagens e de autorrepresentação da burguesia em ascensão, buscando uma forma de fabricar imagens de forma rápida e consideradas fiéis aos seus referentes. De outro lado, o dramático processo de urbanização criou a necessidade de controlar e disciplinar um contingente divesificado de sujeitos em uma sociedade de massas, criando a foto de identificação.
Segundo Dubois, o percurso da fotografia pode ser pensado em três tempos: 1) a fotografia do real (o discurso da mimese); 2) a fotografia como transformação do real (o discurso do código e da desconstrução); 3) a fotografia como um traço do real (o discurso do índice e da referência). O primeiro corresponde à euforia que se segue à sua invenção e divulgação na França, Inglaterra e nos Estados Unidos, onde seus atributos de precisão, rapidez e suas inúmeras possibilidades de utilização foram amplamente louvadas. A fotografia foi apresentada como um auxiliar precioso para a ciência e para as artes em geral. O potencial da fotografia de repertoriar os recantos mais distantes do mundo auxiliando as expedições científicas, bem como de reproduzir as obras de arte antigas visando ao seu estudo, conferiu-lhe o estatuto de espelho do real. O que se devia, por um lado, à semelhança entre a imagem e seu referente e, por outro, à valorização da sociedade europeia dos princípios técnico-científicos envolvidos na operação fotográfica, que lhe garantiriam ser uma reprodução fiel do mundo. O segundo momento é caracterizado pela denúncia da fotografia como transformação do real. Entre o final do século XIX e início do século XX, apontaram-se a falsa neutralidade e a redução do real produzida pela fotografia. Primeiramente, ela produzia um corte no fluxo do tempo, o congelamento de um instante separado da sucessão dos acontecimentos. Em segundo lugar, ela era um fragmento escolhido pelo fotógrafo através da seleção do tema, dos sujeitos, do entorno, do enquadramento, do sentido, da luminosidade etc. Em terceiro lugar, a fotografia transformava o tridimensional em bidimensional, reduzindo a gama de cores e simulando a profundidade do campo de visão. Além de tudo isso, ela também era uma convenção do olhar herdada do Renascimento e da pintura, que seria necessário apreender para poder “ver”. Ou seja, questionavam-se a exatidão, o realismo e a universalidade desse tipo de imagem. Segundo Dubois,9 a fotografia se distingue de outros sistemas de representação como a pintura e o desenho (dos ícones), bem como dos sistemas propriamente linguísticos (dos símbolos) enquanto se aparenta muito com o dos signos como a fumaça (índice do fogo), a sombra (alcance), a poeira (depósito do tempo), a cicatriz (marca de um ferimento) e as ruínas (vestígios de algo que esteve ali). Para Dubois, a fotografia seria um índice, pois guardaria um elo físico com o seu referente. Ela seria uma marca deixada pelo rastro de luz emitido ou refletido por um corpo físico (pessoa ou objeto) sobre uma superfície sensível (filme, papel etc.).
Os anos de 1930 a 1945 foram tempos difíceis de crise econômica e guerra, e, segundo Janson (2001), exigiram dos profissionais da fotografia coragem e determinação para encarar os desafios que esta impunha ao registrar seus momentos. Robert Capa, fotógrafo de guerra, durante vinte anos cobriu os horrores desta por todo o mundo, até ser morto no Vietnã com a explosão de uma mina.
No final da Primeira Guerra Mundial, segundo Janson (2001), o movimento dadaísta passou a usar muito em suas composições a fotomontagem e o fotograma, técnicas de colocar objetos diretamente sobre o papel fotográfico, expostos à luz. Nas fotomontagens os artistas recortavam partes de fotografias e faziam colagens com o intuito de ridicularizar convenções sociais e estéticas. Tais colagens eram muito utilizadas em pôsteres, principalmente de propagandas políticas.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a fotografia foi marcada pela abstração. Os fotógrafos buscaram o efeito de fantasia utilizando-se de lentes especiais e filtros. A partir de 1970 os efeitos foram incrementados ainda mais através de técnicas de impressão. Jerry Uelsmann e Minor White são exemplos dessa classe de fotógrafos que brincavam com o lúdico, dando forma a imagens que surgiam do subconsciente, procurando alcançar o emocional e o espiritual. Os fotógrafos se voltam para a fantasia como forma de exprimir seus sentimentos e problemas interiores.
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