Rompendo com a alienação
Por: Barbara Anny • 3/12/2015 • Trabalho acadêmico • 7.388 Palavras (30 Páginas) • 254 Visualizações
1ª) Explique como se configura a questão social no Século XX.
A questão social encontrava-se no centro do palco histórico em toda a sua plenitude, onde o século vivia um drama, pois, o capitalismo retirava suas máscaras, desfazia as ilusões por ele criadas e mostrava a dura realidade que se apresentava para aqueles que alimentavam sonhos de progresso econômico e de estabilidade financeira.
A sociedade capitalista estava à beira do colapso, com uma economia deteriorada e com um quadro social bastante preocupante, em que os índices de desemprego cresciam e a pobreza se generalizava.
No final da 3ª década do séc. XX houve uma crise econômica mundial muito mais densa e profunda do que todas as outras crises, o desemprego atingia níveis alarmantes, porque não havia condições de absorção da mão- de- obra e a pobreza e todo o conjunto de problemas sociais a ela associados cresciam sensivelmente.
Entre 1930 e 1940, a questão social era vista como uma onda fervilhante que atemorizava a burguesia, para lembrá-la da fragilidade da imperfeita ordem que produzira. Entretanto, assim como cresciam os impérios econômicos, o capitalismo monopolista ganhava solidez, crescia também a pobreza e generalizava- se a miséria.
A burguesia então precisava de estratégias para conter a massa faminta e miserável de trabalhadores que foram expulsos do mercado ou esperavam adentrar-se a ele. Com isso, ela criou agentes para que estes enfrentassem a questão social.
2ª – Apresente conforme Martinelli os antecedentes históricos da prática da assistência, destacando o surgimento do Serviço Social e a evolução do mesmo.
Até o século XX, o assistente social nada mais era do que pessoas que prestavam caridade aos mais necessitados, tais como pobres, enfermos, órfãos e até mesmo viúvas. Com o tempo, após ter várias reivindicações quanto ao direito e ao dever dos assistentes, tal como profissão, esse papel foi mudando e hoje é totalmente diferente do começo.
Desde a antiguidade, existem referências à prática de assistência, com essa velha conotação de caridade. No Velho Egito, Itália, Grécia, Índia e em vários outros pontos que configuram o mundo antigo, essa atividade era reservada às confrarias. Depois de muitos anos, mas ainda antes da era pré-cristã, essas confrarias se estenderam às cidades, prestando ajuda aos que sofriam, sejam por doenças, privações, perdas ou rupturas. Essa tal ajuda se baseava em visitas domiciliares, na esmola esporádica, e na concessão de alimentos, roupas, calçados, isto é, na doação de bens materiais indispensáveis aos seres humanos.
A reflexão sobre uma melhor forma de realizar a assistência e, sobretudo de conceder esmolas, envolveu filósofos gregos e latinos. Os que se destacaram foram: Aristóteles, Platão, Sêneca e Cícero. O posicionamento desses filósofos apontava para a necessidade de se racionalizar a prestação dessa assistência.
Com o surgimento do cristianismo, a assistência deixou de ser meramente caridade, e passou a designar outros papeis tais como, a justiça social e até mesmo a questão espiritual das pessoas. Ao lado da ajuda material, colocava-se a preocupação com as questões da vida espiritual, e como está na bíblia, era realizada pelos próprios apóstolos com os mais humildes. A partir do advento da Igreja Católica, essa tarefa passou a ser realizada pelos diáconos e logo depois, pelas confrarias. A organização da prática de assistência como expressão de caridade cristã foi objeto da preocupação de muitos teólogos e membros destacados da Igreja.
Ao longo do tempo, inúmeros foram os caminhos trilhados pela assistência, porém um elemento sempre esteve a ela vinculado: a caridade para com os pobres.
Desde a época medieval ao século XIX, essa assistência era encarada como uma tentativa de controlar a pobreza e ratificar a submissão daqueles que não detinham posses ou bens materiais. Assim, seja na caridade prestada pela burguesia ou pelas instituições religiosas, sempre havia um interesse por trás: a busca pela perpetuação da servidão e ratificação da submissão.
A própria Igreja Católica, à medida que procedia o processo de organização da instituição, foi deixando os pobres de lado e se alienando a burguesia. As questões temporais tornaram-se mais relevantes que as questões espirituais, o que levou o envolvimento da Igreja Católica em lutas pelo poder, em disputas por terras e propriedades. A espiritualidade religiosa foi substituída pela política mercenária que tornou a Igreja insensível a sorte de milhões de camponeses que viviam em um regime de brutal servidão.
A questão mercenária penetrava tão fundo na estrutura da Igreja Católica, que a venda de indulgências e do perdão tornara-se um fato natural no século XVI. Não para o monge e teólogo agostiniano, Martim Lutero, que indignado com a falta de moralidade e de espírito religioso do Vaticano, se opôs publicamente contra o mesmo, e contra o tráfico mercantil. Abriram-se as portas da Reforma Religiosa, que dividiu a Igreja em dois campos: o catolicismo e o protestantismo, que tem em Martim Lutero o seu criador. Declarado herege pelo Papa Leão X e por ele excomungado, Lutero atraiu para o protestantismo, um grande número de adeptos e entre eles, uma gigantesca massa de trabalhadores. Durante o período da Reforma luterana, a prática de assistência passou por várias transformações, das quais a mais significativa foi sua organização em bases laicas e não mais religiosas.
A tarefa de racionalizar a assistência foi imposta no final da primeira metade do século XIX, pois os trabalhadores revelavam-se inarredáveis a sua causa. Da aliança da alta burguesia com a Igreja e o Estado, nasceu a Sociedade de Organização da Caridade. Em seus esforços de racionalizar a assistência, ela criara a primeira proposta de Serviço Social no terço final do século XIX. Da função econômica da assistência – garantir a expansão do capital-, decorreu então outra função igualmente importante – a função ideológica- que aderiu fortemente à prática social. Essa função caracterizava a estratégia da burguesia para conter aquela ameaça que mais a atemorizava: a ameaça política representada pelo avanço da classe operária. A tarefa assumida pela Sociedade de Organização da Caridade acabou constituindo, na verdade, uma estratégia política através da qual a burguesia procurava desenvolver o seu projeto de hegemonia de classe.
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