Sociologia da familia
Por: Maria Teixeira • 14/12/2015 • Trabalho acadêmico • 1.940 Palavras (8 Páginas) • 399 Visualizações
Apontamentos de Sociologia da Família
O papel do cientista social é o de contrariar as interpretações vulgares e as explicações psicológicas e individualistas através da definição rigorosa dos conceitos que usa e da submissão das suas hipóteses à comprovação empírica.
A razão de ser de algumas características próprias aos modelos familiares de hoje reside no passado. Estes modelos não surgem por acaso, nem aparecem de repente, emergem lentamente num jogo que envolve estruturas e grupos sociais, práticas e valores.
O que é família
Definição clássica segundo Murdhock “ a família é o grupo social caracterizado por residência em comum, cooperação económica e reprodução”
Giddens “grupo de pessoas unidas directamente ligadas pelo grau de parentesco no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das crianças”
Com as mudanças na sociedade, as definições de família também se alteram “Living apart togheder”
Dimensões de natureza de família:
- Estrutural –refere- se à forma como se adquire a qualidade de membro da família
- Funcional – refere-se à satisfação das necessidades membros da família
- Relacional – relaciona-se com relações afectivas.
A definição do INE: “Conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco entre si podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento considera-se família clássica qualquer pessoa independente que ocupa uma parte ou totalidade do alojamento.
Que tipo de relação se exclui: “living apart togheder”-mantém relação amorosa mas vivem separadas; e a união de facto.
Conceito de Estrutura de família
Designa-se por família nuclear a família constituída pelos pais e +pelos seus filhos solteiros e dependentes.
As novas formas de família incluem os seguintes tipos:
- Familia Unipessoal- família constituída por uma só pessoa
- Famílias recompostas – são famílias que resultam de uniões em que pelo menos um dos cônjuges traz para o novo casamento os seus filhos dependentes.
- Famílias monoparentais- são constituídas por um dos pais e os seus filhos
- Familias homoparentais- são constituídas por 2 pessoas do mesmo sexo
A história da família no Ocidente
Assim e mesmo sem entrar em grandes detalhes acerca da história da família ( ocidental convém sublinhar alguns elementos: Não há modelos únicos de família
- Família não é uma ilha isolada do resto da sociedade. As alterações que vai sofrendo ligam se a factores de ordem mais geral que afectam a sociedade num todo.
- Na Europa rural do antigo regime Séc. XVI a XVIII, o casamento de razão constituía a regra era uma união conveniente. A estrutura sociodemográfica da sociedade tradicional era influenciada pela necessidade de sobrevivência e de reprodução da família e do património.
No final do séc. XVIII, a sentimentalização crescente dos costumes pré conjugais conduziu a um relaxamento das formas de controlo dos comportamentos sexuais e familiares.
- Com o processo da Industrialização vai operar –se uma modificação na organização interna das famílias e nas funções que desempenham.
- A fábrica substitui a casa como centro de actividade produtiva e a família passa a ser uma unidade produtiva de consumo em vez de produção.
- A família conjugal burguesa deixa transparecer o sentimento que une os cônjuges, como também a relação entre pais e filhos. O amor penetrou a instituição familiar. A criança passa a ter um novo estatuto.
Antes da industrialização as famílias europeias eram unidades de produção , dedicando-se à agricultura ou à manufactura. Os filhos começavam a trabalhar muito cedo, os casamentos eram essencialmente alianças entre famílias, o erotismo estava dissociado da conjugalidade.
Com a industrialização identificam-se 4 tendências quanto a valores e comportamentos face à família:
- o trabalho passa a desenrolar- se exteriormente e
- surgem novos elementos quanto ao papel de socialização da família, nomeadamente o surgimento de um novo sentimento em relação à criança.
- Uma nova ideologia face ao papel da mulher e importância do sentimento amoroso.
- Começa a promover-se a afectividade e sexualidade
A criança ao centro- “o sentimento da infância”
A palavra pediatria só surgiu no séc. XIX, a partir daí a criança passa a ter um novo estatuto. Prevê-se para a criança um lugar de socialização específico, a escola, onde junto com outras crianças além de se instruir, aprende competência sociais e morais. As instituições médicas e escolares tornam-se cada vez mais importantes no apoio ao desenvolvimento de crianças e jovens.
A família nas sociedade Contemporâneas
Nas últimas décadas houve importantes e substantivas transformações no seio da família.
A constituição, funcionamento, ruptura e recomposição familiar passaram a ser percepcionados de forma original pelos actores sociais assumindo em muitos casos novos contornos.
As transformações ocorridas em torno da instituição família verificaram-se de forma generalizada a partir da meados do séc.XX países ocidentais.
Os casamentos por conveniência deixam de fazer sentido porque a escolha amorosa passa a ser privilegiada na conjugalidade, mas é o plano de valores no papel da mulher, sexualidade e conjugalidade que as transformações são mais significativas para a democratização das relações conjugais.
A expansão do uso de contraceptivos tem um papel relevante no controlo da natalidade. O novo status da mulher fa-la valorizar outros aspectos da vida para além dos filhos como obter maior escolaridade, ter uma carreira ou simplesmente não ter ou ter poucos filhos.
A homossexualidade começa a ser menos condenada socialmente.
Os ideais de felicidade e realização pessoal ganham relevância no domínio dos valores.
Família e mudança social em Portugal e na Europa
Actualmente a taxa de nupcialidade tem vindo a decrescer devido a uma desinstitucionalização da conjugalidade. Poderá estar relacionada com uma menor pressão social e ao reconhecimento de alternativas como a união de facto e a vivência independente.
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