TRABALHO APLICADO: RELATÓRIO ETNOGRÁFICO
Por: Eduardo Heis Olivo • 28/1/2016 • Trabalho acadêmico • 2.312 Palavras (10 Páginas) • 784 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO APLICADO
RELATÓRIO ETNOGRÁFICO
Trabalho aplicado apresentado como avaliação na disciplina de Sociologia Urbana do curso de Engenharia Civil, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Docente: Prof. Dr. Rafael Matiello.
Discente: Eduardo Heis Olivo.
CASCAVEL
2016
- INTRODUÇÃO
Este relatório etnográfico tem como objetivo fornecer ao estudante de engenharia civil conhecimentos sobre aspectos pessoais e sociais de sua futura profissão. No desenvolvimento do texto será feita uma análise sobre as condições da profissão de engenheiro civil, abordando temáticas que expliquem o porquê de a profissão ter as características que são observadas atualmente.
Para tanto, será feita uma revisão bibliográfica de pesquisas que abordam temas atuais relacionados ao mercado de trabalho, ao perfil do profissional recém-formado que o mercado espera e às condições de trabalho do profissional engenheiro e seus funcionários; e sobre temas históricos, relacionados com a história da profissão e a importância dela para a sociedade como um todo.
Um trabalho como este é de fundamental importância para um futuro engenheiro, pois provê uma visão breve do que lhe espera após o término da faculdade e lhe mostra a sua importância como profissional capaz de trazer transformações para a sociedade.
- DESENVOLVIMENTO
- O porquê da alta taxa de atuação dos engenheiros civis em outras áreas;
Os profissionais recém-formados dos cursos de engenharia civil, de um modo geral, mesclam duas características muito distintas: a capacidade de pensar logicamente e resolver problemas e; a falta de experiência na sua área de atuação. Estas características fazem com que estes sejam desvalorizados pelo ramo no qual se formaram, principalmente por não terem experiência; mas os torna atraentes para outros ramos, como bancário e financeiro, que necessitam exatamente das características de raciocínio que os engenheiros adquirem.
Segundo Battibugli (2012), os principais fatores que atraem os engenheiros para outras áreas são: melhor remuneração, pois a ascensão na carreira da construção é lenta; e a possibilidade de permanecer nas grandes cidades, visto que em muitas obras faz-se necessário que o engenheiro se mude para regiões afastadas e com pouca infraestrutura.
O autor cita a frase de Carlos Cavalcante, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que diz que “apenas três de cada dez engenheiros permanecem em sua área típica. Os demais migram para outras áreas”. Para o autor o problema da evasão é histórico e a solução envolve atitudes de longo prazo, como melhorar a qualidade do ensino de matemática nas escolas e uma reformulação dos cursos de engenharia (BATTIBUGLI, 2012).
- A importância do estágio como início da relação profissional e a sua ligação com a confiança do engenheiro civil recém-formado;
Os cursos da área de engenharia de modo geral sofrem pela falta de interação de seus estudantes com a parte prática. Com o objetivo de amenizar esta situação, os acadêmicos são estimulados a participarem de estágios. Porém, tanto por falta de suporte das instituições de ensino, quanto por falta de conhecimento técnico durante os períodos iniciais do curso, muitos estudantes encontram problemas até mesmo para ingressarem em estágios.
Tais fatos são comprovados pelas entrevistas feitas por Pinto et al (2004) e, apesar de a pesquisa ter sido realizada há mais de dez anos, a situação que o mercado se encontra atualmente é semelhante à do ano da pesquisa: escassez de vagas devida à recessão e falta de crescimento econômico..
Um dado notável que o autor apresenta é que, segundo os entrevistados, os aspectos mais negativos do curso estão relacionados com a pouca interação entre a teoria e a prática (44,5%) e a falta de tempo para a realização de estágio (27,8%). Além disso, segundo a pesquisa, 22,2% dos engenheiros entrevistados conseguiram seu primeiro emprego por aproveitamento do estágio (PINTO, 2004).
Além disso, a falta de experiência dos recém-formados é o que faz com que estes tenham uma baixa remuneração inicialmente; sendo assim, um aumento na interação entre teoria e prática, principalmente por meio de estágio garantiria, a longo prazo, mais domínio técnico dos profissionais e um menor índice de evasão, altamente percebida na categoria.
- A responsabilidade do engenheiro civil no exercício de sua profissão e a influência em seu desempenho profissional;
O dia-a-dia do profissional da engenharia envolve a necessidade de se lidar com diversas situações simultaneamente e de tomar decisões imediatas com grandes impactos futuros. Juntando-se isso com más condições de trabalho, muitas vezes realizados em espaços abertos e de alto risco à saúde e à segurança; e a necessidade de se realizar os empreendimentos em prazos curtos e com o mínimo de desperdício, se obtém o perfil característico dos engenheiros civis: profissionais com altos níveis de estresse (COSTA, s.d.)
Em seu artigo Costa (s.d.) cita como consequência do estresse a perda de concentração, a perda da memória de curto prazo e problemas de relacionamento interpessoais; justamente habilidades fundamentais para um engenheiro civil, fazendo com que o profissional entre em um ciclo contínuo, onde seu estresse gera cada vez mais estresse.
Costa (s.d.) fala ainda da importância de intervenções que visem à mitigação do estresse. Segundo o artigo, o interesse em se eliminar o estresse não deve ser somente a nível pessoal, mas a nível empresarial, já que o profissional estressado pode causar prejuízos e expor os demais funcionários a riscos desnecessários.
A cobrança por resultados e a responsabilidade do engenheiro são partes intrínsecas à profissão, porém, quando em níveis avançados, a sobrecarga, tanto de trabalho quanto de responsabilidade, leva o engenheiro à condições de saúde e higiene que não são aceitas e devem ser revistas.
- A valorização do profissional empreendedor diante das grandes empresas;
O curso de engenharia civil, dentre todas as suas possibilidades, permite ao profissional atuar como “autônomo”, em empresa própria, onde ele exerce sozinho as funções de administrador, projetista, executor, vendedor, e tudo mais que for necessário.
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