Teoria social Marxiana
Por: joão Pedro Braido do Nascimento • 17/12/2015 • Dissertação • 630 Palavras (3 Páginas) • 609 Visualizações
O ponto de partida da teoria social marxiana vem da análise e reelaboração crítica da filosofia idealista alemã de Hegel e dos neohegelianos, da economia política inglesa e do socialismo utópico francês.
Marx criticava em Hegel seu método dialético idealista, que funciona basicamente da seguinte forma: primeiro existe a tese, que é a ideia, gerando uma antítese, que se contrapõe à tese, surgindo assim a síntese, que é a superação dessa contradição. Hegel aplicava esse raciocínio à realidade e aos diferentes momentos da história humana, como o surgimento da filosofia, o iluminismo e a Revolução Francesa, etc. Ou seja, a história estaria dividida entre essas três etapas, que seria a tese, antítese e síntese. Primeiro viria a ideia, e a partir da ideia se concretiza a realidade. Partindo da reelaboração critica desse pensamento, Marx o volta para a sociedade, e às lutas de classes vinculadas a uma determinada organização social, ele une pensamento e realidade, mostrando que a realidade não condiz com o pensamento dialético, primeiro vem a matéria, o mundo real e a partir disso a dialética. Marx fala da dialética sempre em um contexto de luta de classes (“motor da história”), diferentes interesses, que geram a contradição. Esse método de análise histórica de Marx é conhecido como materialismo histórico e dialético, sendo assim, uma das bases do pensamento marxista.
A partir da crítica à economia política inglesa, Marx desenvolve a teoria de conceitos como o da mais-valia e a do valor-trabalho, nesse último ele teoriza que o valor de um produto é imposto pelo tempo de trabalho socialmente necessário para fazê-lo. Mas os produtos também têm um valor de uso (a utilidade que se obtém dele) e um valor de troca, onde, por exemplo, o uso do “valor de uso” de uma cenoura está em comê-la e saciar a fome, enquanto seu “valor de troca” está na quantidade de ouro (cujo valor equivale ao trabalho necessário para extraí-lo) pela qual poderia ser vendida. Os capitalistas não pagam ao trabalhador o valor total das mercadorias que produzem. A diferença entre o valor que um trabalhador produz e o seu salário, seria o tempo de trabalho não pago, conhecido por mais-valia. Marx desenvolve também a teoria da divisão social do trabalho e da acumulação primitiva, contextualizadas na oposição à política econômica inglesa. Tudo isso baseado na reelaboração crítica das obras de (principalmente) Adam Smith e David Ricardo sobre suas teorias econômicas de mercado, valor e produtividade no capitalismo.
Marx criticou também as ideias dos socialistas utópicos (principalmente os franceses), acusando-os de muito romantismo, ingenuidade e pouca dedicação ao estudo rigoroso da sociedade, pois os socialistas utópicos falavam muito sobre como deveria ser a sociedade harmônica ideal, mas não indicavam nada sobre como seria possível alcançá-la. Ao contrário dos utópicos, Karl Marx e Engels não se preocuparam muito em pensar como seria uma sociedade ideal. Preocuparam-se principalmente em compreender a dinâmica do capitalismo, estudando a fundo suas origens, a acumulação primitiva, a produtividade capitalista, suas contradições, etc. Perceberam que o capitalismo seria, inevitavelmente, superado e destruído. E isso ocorreria na medida em que, a partir da sua evolução, o próprio capitalismo geraria os elementos que acabariam destruindo-o e que determinariam sua superação. Entenderam, ainda, que a classe trabalhadora ao desenvolver uma consciência histórica e entender-se como uma classe revolucionária, teria um papel decisivo na destruição da ordem capitalista e burguesa. É tudo uma questão do povo finalmente ter um senso crítico, ter consciência de sua classe, jamais se conformar com o sistema e suas ideologias, e ter uma educação libertadora, pois “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor” – Paulo freire. É exatamente isso que acontece, mas nunca deveria acontecer, proletariado confundindo seus interesses com os do burguês.
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