Escassez de recursos e competitividade
Por: fima22 • 10/5/2018 • Monografia • 1.762 Palavras (8 Páginas) • 278 Visualizações
1.3 Escassez de recursos e pressões por competitividade
Vivemos uma época na qual as pressões competitivas aumentaram sobremodo e muitas empresas que antes eram consideradas referenciais de excelência perderam suas vantagens competitivas e se enfraqueceram ou mesmo deixaram de existir.
Como vimos na seção anterior, a globalização e o aumento na competição por ela trazido representam grandes desafios para as organizações. A eles, soma-se ainda a crescente escassez de recursos. Até algumas décadas atrás, o petróleo era o recurso escasso mais preocupante, por sua importância na economia. Atualmente, porém, a gama de recursos que estão em vias de esgotamento é bem mais ampla, incluindo até um elemento tão essencial como a água. Os preços dos insumos produtivos tiveram, nas duas últimas décadas, aumentos bem superiores à inflação. Otimizar seu aproveitamento passou a ser uma necessidade inadiável, tanto por uma questão de competitividade quanto de sustentabilidade, de preservação de condições necessárias para a sobrevivência de nossa civilização.
A elevação da competitividade representa, assim, uma exigência fundamental para qualquer organização. Ser competitivo implica saber aproveitar bem os recursos disponíveis e mostrar-se capaz de oferecer produtos e serviços em alto nível de qualidade, construindo e mantendo vantagens comparativas sobre os concorrentes. Sua busca, embora indispensável, tem que ser conduzida com muito cuidado, para que as organizações não acabem caindo em verdadeiras armadilhas, representadas por modismos gerenciais inconsistentes. Cuidado especial deve ser adotado na gestão de pessoas. Alguns arranjos produtivos, focados apenas na redução de custos, podem trazer grandes danos não apenas aos trabalhadores envolvidos como também à própria empresa que os adota.
Por um lado, as novas configurações que têm surgido podem gerar benefícios para as organizações que as adotam. Por outro, todavia, muitos problemas têm se manifestado, induzindo à precarização das relações de trabalho e gerando uma enorme pressão sobre os trabalhadores. Gerenciar de modo equilibrado as equipes sob sua responsabilidade, garantindo o bem estar dos trabalhadores sem prejudicar o necessário foco em resultados é um grande desafio para os gestores contemporâneos.
Uma das providências que precisam ser adotadas pelos gestores para uma melhor convivência com a complexidade do mundo contemporâneo e a competitividade exigida é explorar ao máximo a conectividade, aproveitando os recursos tecnológicos que facilitam sobremodo o relacionamento das organizações com seus diferentes públicos internos e externos. A internet é hoje uma valiosa ferramenta de conexão, de troca de informações sobre experiências, de conhecimento de opiniões, interesses e possibilidades, interligando pessoas, setores e organizações. A conectividade, facilitada pelos modernos instrumentos de comunicação, precisa ser melhor aproveitada, como mostra o exemplo a seguir.
CONECTIVIDADE COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS
Uma empresa norte-americana especializada na mineração de ouro estava vendo sua produção reduzir-se a cada ano, com o esgotamento de suas jazidas. Seu presidente assistiu uma palestra que abordava o Linux, sistema operacional de computadores que é desenvolvido e mantido por profissionais e empresas de todo o mundo, conectados via internet e cooperando sem vínculos burocráticos tradicionais. Achando muito interessante esse sistema de trabalho compartilhado, ele procurou apropriar-se dos princípios que o norteiam para buscar a revitalização da empresa que dirigia. Disponibilizou, então, no site da companhia, informações detalhadas sobre os seus campos de mineração, fato bastante incomum nesse mercado. Fez, em seguida, um convite aberto a qualquer geólogo do mundo que desejasse participar de uma rede de estudo e debate sobre como encontrar mais ouro naqueles terrenos. Deixou claro que a empresa não teria nenhum vínculo trabalhista com os que se dispusessem a participar, embora fosse gratificar com um percentual da receita obtida aqueles que oferecessem indicações que resultassem em descobertas significativas. Quase mil especialistas do mundo inteiro começaram a interagir nessa rede que ele criou. Os resultados foram tão positivos que, no espaço de apenas um ano, o faturamento da empresa passou de 100 milhões para nove bilhões de dólares, ou seja, foi multiplicado 90 vezes.
Fonte: Tapscott e Williams (2007)
Examinando esse exemplo e comparando-o com o que acontece na organização em que trabalha você, caro leitor, pode, em muitos casos, perceber uma distância enorme, não é mesmo? Muitas vezes, os gestores não conseguem fazer com que os fornecedores, tão importantes na cadeia produtiva da maioria das empresas, colaborem de forma efetiva com o bom andamento dos processos de trabalho. O mesmo se pode dizer sobre empresas terceirizadas, que por vezes comportam-se não como parceiras mas sim como meras fornecedoras de serviço. Há casos, não raros, em que os diversos setores da organização tampouco cooperam entre si, assumindo, antes, uma postura autocentrada nos seus interesses e displicente com as necessidades de outras áreas. Situação similar se verifica em muitas equipes de trabalho, nas quais seus membros revelam-se individualistas e despreocupados em cooperar com os colegas, os gestores e a organização como um todo.
O que precisa ser considerado é que o bom aproveitamento das possibilidades oferecidas pela conectividade que caracteriza a sociedade contemporânea é muito menos uma questão tecnológica do que um desafio cultural, que precisa ser enfrentado privilegiando-se uma mudança de valores e de posturas. A gestão de pessoas representa, assim, uma ferramenta da maior importância para a construção de um ambiente de cooperação e conexão.
A superação dos desafios enfrentados depende, fundamentalmente, da mudança de percepção sobre a natureza das organizações e a complexidade que reveste tanto seu ambiente interno quanto a ambiência social, política, econômica, cultural e tecnológica na qual elas estão inseridas.
O ambiente corporativo de hoje não pode ser analisado pela ótica determinística e simplista que marcou as primeiras teorias administrativas. Quando a Administração se firmou como ciência, no início do século XX, prevalecia uma percepção de que o mundo poderia ser estudado buscandose sempre explicações racionais para fenômenos naturais e sociais, encontrando-se princípios simples e imutáveis que orientassem os processos decisórios. O engenheiro norte-americano Frederick Taylor, pioneiro dos estudos sistemáticos de gestão, acreditava que, para
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