Ideologia
Por: Luisa Lopes • 30/4/2015 • Artigo • 813 Palavras (4 Páginas) • 222 Visualizações
Escola de Comunicações e Artes – USP
Luisa Lopes Pereira
REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE
IDEOLOGIA NA ATUALIDADE
São Paulo – SP
2015
Luisa Lopes Pereira
REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE
IDEOLOGIA NA ATUALIDADE
Análise reflexiva que relaciona conceitos de ideologia, machismo, mídia, classe média e passeatas, e possui como objetivo avaliação na disciplina “Comunicação, Culturas e Diversidades Étnico-Sociais” no curso de Relações Públicas da Universidade de São Paulo.
Professor Ricardo Alexino Ferreira
São Paulo – SP
2015
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Ao contrário do que o senso comum tende a acreditar, ideologia não é um conjunto de ideias. Como a intelectual Marilena Chauí aponta em seu livro O que é ideologia? (2008), e sendo também o sentido adotado por Napoleão Bonaparte e Karl Marx, ideologia é, na verdade, uma inversão entre as ideias e o real, é uma falsa consciência. O homem, como ser pensante, possui uma tendência a produzir ideias que tentam explicar e compreender a vida em seus diversos aspectos (individual, social, etc). Entretanto, muitas vezes essas idealizações mascaram o modo real como as relações sociais foram produzidas: como fruto de exploração econômica e dominação política. A ideologia é, então, a legitimação dessas condições sociais; o homem as aceita como verdadeiras e justas, como algo natural e impossível de ser modificado.
A indústria cultural é a principal difusora de ideologias. Muitas dessas falsas ideias são reproduzidas em massa pela mídia, que por sua vez induz a população à passividade na medida em que afirma que o mundo está bom da maneira em que está, não sendo preciso modificá-lo. É possível apontar como um exemplo dessa situação o machismo. Pode-se observar, desde os séculos passados até os dias atuais, a presença de discursos machistas em propagandas, reportagens e novelas. A intensa reprodução desses discursos por essas grandes mídias interioriza e reforça conceitos machistas tanto em homens como, e principalmente, em mulheres. O ato do machismo torna-se então algo inconsciente, irracional, e extremamente cotidiano. Além de haver uma opressão de homens sobre mulheres, é comum que haja também uma opressão mútua, entre o próprio sexo feminino. Dessa maneira, a mulher, embora tenha conquistado seu espaço na sociedade ao longo dos anos, em muitas situações continua dependente da aprovação e do desejo masculino, e até de outras mulheres.
Em uma palestra proferida na Universidade de São Paulo no ano de 2012, Marilena Chauí abordou novamente o conceito de ideologia, dessa vez relacionando-o à classe média. Segundo a filósofa, como essa classe está entre a dominante (que detém poder político) e a trabalhadora (que detém poder social), não tendo um lugar propriamente definido na economia, ela exerce seu poder no campo ideológico. A classe média aspira se tornar burguesa, e teme a proletarização. As passeatas de 2014 e 2015 contra o governo da presidenta Dilma Rousseff contaram com a presença em massa dessa classe que, tendo como ideologia ordem e segurança e ao se deparar com os seus privilégios ameaçados por um governo que tende a priorizar as classes oprimidas e fazê-las alcançar o mesmo nível social
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em que a classe média está, - significando uma possível maior concorrência com relação a empregos e vagas nas universidades, por exemplo - tentou ir contra a democracia com pedidos de golpe, impeachment e até intervenção militar. Essas passeatas tiveram um intenso apoio das grandes mídias e, como Ricardo Alexino Ferreira, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), afirma em seu artigo Etnomidialogia: mídia e diversidade (2012), a representação que fenômenos sociais, culturais e políticos possuem na mídia influencia profundamente em seu entendimento. Desse modo, reforça-se então a ideia da mídia como principal precursora de ideologias.
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